Até hoje, apenas cinco mulheres no Brasil receberam o prêmio Faculty for the Future Fellowship.
Deborah Apgaua, recém-doutora pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), no Programa de Pós-graduação em Engenharia Florestal, teve o seu trabalho internacionalmente reconhecido ao ser comtemplada com o prêmio Faculty for the Future Fellowship para a condução de sua pesquisa de pós-doutorado na James Cook University, Austrália. Deborah finalizou o doutorado, neste ano, com a orientação do professor da UFLA Rubens Manoel dos Santos e coorientação da professora da instituição australiana Susan Laurance.
Até hoje, apenas cinco mulheres no Brasil receberam esta premiação, destacando a UFLA no cenário mundial. O prêmio é conduzido pela Schlumberger Foundation e premia mulheres de países em desenvolvimento em todo o mundo, com o intuito de formar uma rede transformadora da sociedade, possibilitando a maior inserção das mulheres na ciência, tecnologia, engenharia e matemática. O programa recebe novas propostas todos os anos entre os meses setembro e novembro, através do site https://www.fftf.slb.com/ .
Deborah comenta que o objetivo deste prêmio é de que as mulheres se tornem um modelo em suas universidades de origem, inspirando outras a seguirem carreiras no meio acadêmico, minimizando a desigualdade de gênero. A premiação levou em consideração toda a sua trajetória acadêmica na UFLA, desde a graduação até o doutorado. Considerou também as suas publicações científicas e a especialidade desenvolvida durante a tese.
A sua tese de doutorado, feita em parceria com a James Cook University, teve a finalidade de compreender o funcionamento dos sistemas ecológicos, analisando as características funcionais (essenciais para transporte interno da água) da madeira e das folhas de diferentes espécies de uma floresta tropical úmida da Austrália.
Deborah realizou análises das características dos troncos e das folhas, sua relação com a condução de seiva e as taxas de crescimento das árvores. O trabalho foi motivado pelo objetivo de compreender as estratégias para condução de água pelas plantas, o que será essencial na manutenção das espécies no ecossistema.
A área de experimentos, na qual se desenvolveram os estudos, está localizada no nordeste da Austrália e possui toda a estrutura para simular a exclusão de chuvas. Com as observações, a pesquisadora pôde identificar as espécies com menores chances de sobrevivência no caso de quedas no índice pluviométrico.
Para a pesquisa de pós-doutorado, a pesquisadora continuará com a mesma temática, expandindo para outro ecossistema da Austrália, mais seco. “Irei comparar as estratégias para condução de água de florestas úmidas e secas e respectivas susceptibilidades à extremos causados pelas mudanças climáticas”, comenta.
Além disso, a estudante manterá o vínculo com a UFLA em projetos que desenvolve no Departamento de Ciências Florestais (DCF). “Isto é o que a Schlumberger Fundation espera de mim, que eu continue envolvida em minha instituição de origem. O conhecimento que eu adquirir na Austrália espera-se que seja aplicado no Brasil”, relata.
Deborah comenta ainda que a vivência na UFLA foi essencial em sua carreira acadêmica. “Desde minha graduação tive oportunidade de conhecer muitas culturas, ambientes e pessoas que contribuíram para a diversidade do conhecimento, importante para ter uma visão holística como cientista. A UFLA, com seu espaço físico e equipe de professores, proporciona um ambiente perfeito para transformar possibilidade em realidade”, descreve.