Um dos temas discutidos durante a programação do II Fórum de Graduação da Universidade Federal de Lavras (Forgrad/UFLA) foi a utilização de metodologias ativas de aprendizagem como recurso pedagógico. A preocupação com a promoção de metodologias inovadoras para o ensino superior foi também a motivação de um curso que oferecido recentemente pela Diretoria de Avaliação e Desenvolvimento de Ensino (Dade) em parceria com a Diretoria de Educação a Distância (Dired) para formação docente.
A professora do Departamento de Saúde (DSA) Miriam Monteiro de Castro Graciano explica que entre as metodologias ativas está aquela denominada Aprendizado Baseada em Problemas (ABP) ou Problem Based Learning (PBL). Essa modalidade é uma das que vem sendo utilizada intensamente, e com sucesso, no curso de Medicina da UFLA. A professora ministrou o curso ofertado pela parceria Dade/Dired e falou sobre o método durante o Forgrad. O objetivo, nesses eventos, é promover o compartilhamento da experiência, para que outros professores possam avaliar sua aplicabilidade nos cursos e disciplinas em que o PBL ainda não é utilizado.
Metodologias ativas de aprendizagem se diferenciam das tradicionais por colocarem o estudante no centro do processo – é ele quem produz o conhecimento. De acordo com Miriam, o próprio direcionamento dos currículos dos cursos acaba levando ao uso natural dessas ferramentas. “Os cursos de Medicina criados a partir de 2001, por exemplo, contemplam esse aspecto em seus programas”, diz a professora. Os métodos ativos são diversos e incluem uso de jogos, sala de aula invertida, grupos de discussão, seminários, o método PBL, além de outros. O PBL não é novo; as primeiras experiências datam do final da década de 1960, e ocorreram na McMasterUniversity. No curso de Medicina da UFLA, o PBL é empregado na disciplina “Atividades Integradoras”, presente do primeiro ao oitavo período de formação.
Pelo método, o professor atua como um tutor que apresenta um caso (situação-problema) a ser estudado pelos grupos de estudantes, que então seguem sete passos clássicos até a solução do caso: 1) eles tomam conhecimento do caso e identificam os termos desconhecidos presentes na situação-problema, 2) em seguida identificam quais são os problemas a serem explicados e 3) em uma análise conjunta, os alunos procuram levantar possíveis explicações para os problemas (braimstorming). 4) É feito então um resumo da discussão que tiveram, caminhando para o próximo passo 5) no qual eles mesmos definem as lacunas de conhecimento e, portanto, os objetivos de aprendizagem. 6) Em seguida vem o momento de dispersão (fora de sala da aula), no qual os alunos estudarão sobre o tema, focados em seus próprios objetivos de aprendizagem. 7) Finalmente, a turma se reúne novamente para o fechamento do caso, sempre com a orientação do tutor.
Miriam, que há quase dez anos trabalha com a metodologia, garante que os benefícios do PBL são inúmeros. “Colabora para desenvolver o raciocínio clínico, o trabalho em equipe, a autonomia, a habilidade de ‘aprender a aprender’ e a desinibição”. Pela experiência que possui na área, avalia que o curso de Medicina da UFLA, no que se refere à utilização do método, está no caminho certo. Compartilhando essas informações, a expectativa é de que outros cursos que ainda não têm tradição na utilização do PBL possam ter essa ferramenta à disposição, caso julguem que ela possa contribuir com os processos de formação nas diferentes áreas.
Para o estudante do quarto período de Medicina, Marcos Vinícius Monteiro Martins, as metodologias ativas, tão empregadas no curso, são importantes porque ajudam na consolidação do conhecimento que os alunos já possuem, e porque incentivam a busca ativa por novos conhecimentos. “Em uma área como a nossa, em que as inovações ocorrem a todo o momento, é preciso que tenhamos essa autonomia na busca por atualizações – isso nos dá certo empoderamento. Enquanto estamos no curso, o apoio dos professores – que nos ajudam a organizar toda essa produção de conhecimento – também é muito importante. O fato de as soluções serem encontradas em grupo é outro fator muito positivo”, avalia.
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