Os professores Mônica Carvalho Alves Cappelle e Mozar José de Brito, do Departamento de Administração e Economia, da Universidade Federal de Lavras (Ufla), laçam livro sobre “Trabalho, Gestão e Poder – Disciplina e auto-regulação humana”, editado pela Fundação Getúlio Vargas.
A publicação tem por objetivo investigar como as políticas de gestão de pessoas instrumentalizam práticas de poder e disciplina em uma organização, particularizando a forma pela qual os seus membros constroem de adesão e resistência para se ajustarem a essas práticas.
Os autores analisam situações que envolvem o cotidiano das pessoas nas organizações. “Vivemos hoje em um novo sistema mundial competitivo”. Este trecho do livro não deixa dúvida da realidade do trabalhador nas organizações. De acordo com a pesquisa, a competitividade exacerbada que orienta o contexto organizacional faz com que as pessoas também se tornem competitivas. “Não que a competitividade seja prejudicial, mas, a partir do momento em que essa competitividade extrapola outros princípios fundamentais da natureza humana, tais como a ética, a cooperação, a vida pessoal e até mesmo os cuidados com a saúde, ela se torna negativa”, alerta a profª Mônica Cappelle. A autonomia controlada se refere justamente a essa contradição no espaço do trabalho: por um lado, está o discurso organizacional da autonomia, da participação e do envolvimento, e, por outro, as pressões por resultados. Ou seja, a autonomia existe desde que ela produza resultados positivos crescentes para as organizações.
As novas técnicas de gestão de pessoas humanizaram as relações de trabalho? Para o prof. Mozar de Brito grande parte das novas políticas de gestão de pessoas praticadas pelas organizações ainda está no nível do discurso, como uma forma de mediar os mesmos velhos conflitos entre o capital e o trabalho. Nesse sentido, uma organização busca se classificar entre “as melhores empresas para se trabalhar” para atrair e reter talentos. Conforme as pesquisas, os benefícios oferecidos aos empregados são muito grandes; contudo, as pressões sobre o seu trabalho também são cada vez maiores. Com os processos de reestruturação, fusão e downsizing, muitas funções, como as dos gerentes de nível intermediário, estão desaparecendo, sendo supridas pelos empregados que remanesceram na organização.
ISBN 85-225-0583-7 – 92 páginas