O Estado de São Paulo, 22/01/08
Na outra ponta, só 4,5 milhões, ou 12,4%, estão na faculdade
Um quarto dos brasileiros entre 18 e 29 anos não conseguiu nem mesmo completar o ensino fundamental. São quase 9 milhões de jovens sem escolaridade básica. Desses, 816 mil são analfabetos. Os dados, levantados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), servirão para o governo tentar melhorar o foco de sua política de juventude, especialmente o ProJovem, programa voltado para pessoas dessa faixa etária que não conseguiram terminar o ensino fundamental e têm dificuldades para achar emprego.
A maior parte dos jovens que não concluíram o ensino fundamental está nas cidades, onde o acesso à escola deveria ser mais fácil. São 6,4 milhões. Os outros 2,6 milhões estão em zona rurais. Na outra ponta, apenas 12,4% dos jovens de 18 a 24 anos – cerca de 4,5 milhões – estão na universidade, nível de escolaridade que deveriam ter.
Atualmente, 7 milhões de brasileiros entre 18 e 24 anos não estudam nem trabalham, de acordo com a Pnad. São jovens que têm dificuldade de encontrar emprego porque não têm escolaridade mínima, mas também não continuam estudando porque a idade os empurra para o trabalho.
O número de jovens com baixa escolaridade, no entanto, vem caindo. Dados distribuídos ontem pelo Ministério da Educação mostram que, em 1996, eram 12,2 milhões – 47,9% da população nessa faixa etária. Em 2002, eram 10,9 milhões.
A expectativa do governo é que a taxa continue caindo. A projeção para 2010 é de que 15% da população entre 18 e 29 anos não tenha completado oito anos de escola. Seriam, em números de hoje, mais de 5 milhões de jovens sem escolaridade básica.
O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou que essa queda vai ocorrer por conta do aumento dos investimentos em educação nos próximos anos, incluindo o Fundo de Desenvolvimento da Educação (Fundeb), que levará recursos para que Estados e municípios invistam mais em políticas de formação de professores e melhorias no ensino médio. Um estudo elaborado pelo Ministério da Educação mostra que boa parte dos alunos abandona a escola por não ter motivação para estudar e por não ver relação entre o aprendido e o que se precisa saber para trabalhar.
De acordo com o ministro, uma das razões para essa falta de conexão dos jovens com a escola é a falta de qualidade do ensino, que começaria com o “sucateamento da universidade pública”. “Rompeu-se a ponte entre a educação superior e a básica, as licenciaturas ficaram em segundo plano e a qualidade da educação caiu de ponta a ponta”, afirmou, em texto distribuído pelo ministério.