A palavra MESMO é, muitas vezes, usada de forma inadequada. Como ela pode se flexionar (masculino/feminino, singular/plural), ou se manter invariável, a maleabilidade é tal que incentiva abusos.
VEJAMOS:
- Às vezes, MESMO funciona como pronome demonstrativo. Aí, concorda em gênero e número com o substantivo a que se refere: o mesmo jogo, a mesma camisa, os mesmos jogadores, as mesmas partidas.
- Outras vezes, modifica substantivos e os pronomes pessoais. Flexiona-se, então, de acordo com o gênero e o número do termo a que se relaciona. Para melhor compreensão, pode ser substituído por próprio e própria: a garota mesma (a própria garota), o ator mesmo (o próprio ator), as garotas mesmas (as próprias garotas), os atores mesmos (os próprios atores), eu mesma (eu própria), eu mesmo (eu próprio), ele mesmo, ela mesma, nós mesmos, eles mesmos, elas mesmas.
- Há ocasiões em que o polivalente faz papel de advérbio. Significa realmente, de fato. Aí, fica invariável: Ele não viajou mesmo. Fizemos o trabalho ontem mesmo. Ela quer mesmo mudar-se de casa.
- A versatilidade do MESMO não fica por aí. Ele pode funcionar como pronome neutro. Tem o sentido de A MESMA COISA: Ir ou ficar não faz diferença. Dá no mesmo (na mesma coisa). O mesmo (a mesma coisa) eu ouvi de pessoas diferentes.
Apesar das mil e uma utilidades, há pessoas insaciáveis. Querem mais. Exigem que o vocábulo faça as vezes de pronome pessoal ou de pronome relativo:
Vou à casa de Maria. Lá, combinarei com a MESMA a festa do Dia das Crianças.
MESMO não tem procuração para substituir o sujeito, o objeto, o complemento. A gente não precisa cair na esparrela. Há jeitos de escapar da “muleta de preguiçoso”.
Quer ver? Vou à casa de Maria, com quem combinarei a festa do Dia das Crianças. Vou à casa de Maria para combinar com ela a festa do Dia das Crianças. Vou à casa de Maria. Combinarei com ela a festa do Dia das Crianças.
Outro exemplo