Congresso de biodiesel supera expectativa dos organizadores

Foi encerrada nesta sexta-feira (08), em Belo Horizonte, a quarta edição do Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel, que este ano aconteceu junto com o Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel. Juntos, eles se tornaram o maior evento científico ligado à cadeia produtiva do biodiesel do país. Segundo a organização do evento, cerca de 1.200 pessoas estiveram presentes ao longo dos quatro dias de palestras, mesas-redondas e apresentação de pôsteres científicos. Este ano foram selecionados 928 trabalhos técnicos, quase o dobro do ano passado, quando foram apresentados 485 artigos.

“O congresso foi excelente, superou todas as expectativas. Não dá nem para comparar com a edição anterior porque o evento dobrou de tamanho”, diz Pedro Castro Neto, presidente da comissão organizadora. Era esperada a inscrição de cerca de 700 trabalhos, mas o volume extra surpreendeu os organizadores. “De repente tivemos mais de 1.200 inscrições. Foi um susto e exigiu um esforço extra da nossa equipe”, diz. O congresso resultou na publicação de três volumes de anais, com 1.856 páginas de artigos técnicos.

“A decisão de juntar os dois eventos foi uma estratégia correta. Foi um fórum intenso e isso é bom porque precisamos de densidade nos estudos para resolver os gargalos dessa cadeia”, diz Frederico Durães, gerente-geral da Embrapa Agroenergia, que deu uma palestra sobre as ações de pesquisa e desenvolvimento da empresa estatal. O evento teve como tema central "Inovação Tecnológica e Qualidade" e foi realizado simultaneamente com a Inovatec, a principal feira de Inovação Tecnológica do Estado de Minas Gerais.

A produção de matérias-primas em larga escala e a preço competitivo é, segundo Castro Neto, o maior gargalo tecnológico da cadeia. A efervescência em torno desse tema marcou esta edição do congresso. Apesar de contar com oito temáticas, 47% dos artigos técnicos apresentados no congresso foram sobre produção e processamento de matéria-prima. “Isso é a resposta do investimento feito pelo Ministério de Ciência e Tecnologia nessa área”, diz Neto, que é professor da Universidade Federal de Lavras (Ufla) e também coordenador da RBTB na área de produção de matérias-primas.

Frederico Durães, da Embrapa, destaca que hoje são quatro espécies com domínio tecnológico no Brasil: soja, dendê, canola e girassol. Mas apenas a soja tem uma logística estruturada. “Não temos como criar conhecimento, domínio tecnológico e logística semelhante a da soja em cinco ou dez anos. Não temos como tirar isso da cartola”, diz.

Apesar da dificuldade, Castro Neto destaca que há muita metodologia sendo desenvolvida para o cultivo de microalgas, e de espécies perenes com alta densidade de óleo por hectare, como dendê e a macaúba. “Elas ainda podem ser consorciadas com produção de alimentos e pastagens para produção de carne e leite”.

Alice Duarte – BiodieselBR.com

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