No meio de uma lavoura de cafeeiros Bourbon, na Fazenda Santa Rita, em Piumhí, centro-este de Minas Gerais, uma planta diferente chamou a atenção do proprietário, Ottogamiz de Oliveira Júnior, e do consultor, o engenheiro agrônomo Florêncio Feio de Freitas Filho. Com produtividade semelhante às cultivares tradicionais, as plantas possuem folhas grandes e produzem grãos que chegam a ter o dobro do tamanho dos cafés convencionais. Referência em estudos sobre café, a Universidade Federal de Lavras (UFLA) inicia uma pesquisa para seleção e, provavelmente, o lançamento de nova cultivar do cafeeiro, que já foi apelidado de “Big Coffee”.
A pesquisa será conduzida sob a coordenação dos professores do Departamento de Agricultura da UFLA, Rubens José Guimarães e Samuel Pereira de Carvalho. A coleta do material vegetal para clonagem de plantas e de sementes para início do programa de melhoramento foi feita em visita técnica à Fazenda. As plantas do “Big Coffee” já estão na terceira geração e sua maior semelhança é com progênies de Maragojipe; porém, com níveis de produtividade superior. A suspeita é de que se trata de uma mutação natural. O estudo vai tentar determinar a herança genética da planta e analisar a viabilidade de selecionar uma nova cultivar, com o isolamento e fixação das características de interesse.
Com a intenção de perpetuar o genótipo diferenciado, o professor Samuel usará a técnica de clonagem por estaquia, para que as plantas descendentes do “Big Coffee” sejam idênticas à progênie original. A seleção do novo material também deverá ser realizada por meio de propagação via semente; porém, com a desvantagem de o material ainda ser segregante (desuniforme e não estável). A vantagem da clonagem feita a partir dos ramos ortotrópicos, segundo o professor Samuel, está na possibilidade de selecionar as progênies com as características desejáveis que, neste caso, deverão incluir frutos grandes, produtividade satisfatória, maturação uniforme e boa qualidade de bebida, para que as fut
uras gerações sejam exatamente iguais à planta-mãe.
Otimista com o novo estudo, o professor Rubens ressalta a importância da UFLA em pesquisa cafeeira, lembrando que existe uma demanda por grãos maiores para atender a nichos de mercado. De acordo com o professor, grãos do “Big Coffee” são tão grandes que não existem atualmente no mercado máquinas dimensionadas para seu beneficiamento e classificação. “O resultado deste estudo deverá ser um café diferenciado, com características superiores, focado principalmente no tamanho do grão. A UFLA, mais uma vez, quer fazer parte desta história”, enfatiza.