A entrada na Universidade representa um rito de passagem marcado, na maioria das vezes, pelo ritual de aproximação entre veteranos e calouros: o tradicional e temido “trote”. Desde 2008, a prática do trote, de forma obrigatória por parte dos veteranos ou consensual por parte dos calouros, é expressamente proibida na Universidade Federal de Lavras (UFLA), dentro e fora do câmpus, sob pena de desligamento dos envolvidos.
Raspar a cabeça dos calouros; sujá-los; agredi-los; fazê-los passar por situações constrangedoras e obrigar ou induzir o uso abusivo de bebidas alcoólicas são apenas alguns exemplos do que é possível observar em algumas situações de trote. Sem que se possa negar, desde sua origem, o trote foi caracterizado como símbolo de violência e humilhação, inclusive, já tendo sido registradas, mais de uma vez, notícias de acidentes graves e até fatais em decorrência desta prática, em instituições de todo o país.
Para o reitor da UFLA, professor Antônio Nazareno Guimarães Mendes, a questão do trote sempre foi considerada na UFLA, no entanto, após a aprovação da resolução do Conselho Universitário (Cuni) nº 067/08, ficou mais fácil combater e punir a prática. “A maior dificuldade que tínhamos residia na apuração dos fatos e na aplicação das punições, questão que deixou de ser um problema depois da aprovação da resolução”, afirmou, durante a cerimônia de recepção dos calouros, nesta segunda feira (1º).
Trote Solidário
O Trote-Solidário é uma alternativa à violência do trote convencional. Desde 2009, a UFLA, em parceria com o Hemominas e o Ministério Universidades Renovadas (MUR), convida os calouros para a doação de sangue, promovendo assim um tipo de interação sadia e socialmente responsável.
Neste semestre, as informações sobre o Trote-Solidário serão passadas aos calouros no dia 19 de agosto, às 8h, no Salão de Convenções da UFLA. Após a apresentação, integrantes do Grupo de Oração Renascer, um dos representantes do MUR na UFLA, vão cadastrar os calouros interessados. No dia 26 de agosto, 40 calouros selecionados seguem em um ônibus cedido pela Universidade até a Unidade Regional de Pronto Atendimento (URPA) de Lavras, onde, depois de uma rápida triagem médica, poderão efetuar a doação.
Informações sobre o Trote-Solidário podem ser obtidas pelo telefone (35) 9900-7685, com o coordenador do Grupo de Oração Renascer, Breno Bastos. Informações sobre doação de sangue, no site do Hemominas: www.hemominas.mg.gov.br.
RESOLUÇÃO DO CUNI SOBRE A PROIBIÇÃO DO TROTE
Conselho Universitário da UFLA regulamentou a proibição do trote estudantil em janeiro de 2008 e reeditou sua resolução em dezembro do mesmo ano. A resolução deixa claro que não é permitido qualquer tipo de ato estudantil que cause, a quem quer que seja, agressão física, moral ou qualquer forma de constrangimento, dentro e fora do espaço físico da Universidade.
Penalidades – A resolução prevê punições a veteranos que aplicarem o trote e a calouros nos quais o trote é aplicado, caso estes últimos permaneçam dentro do espaço físico da universidade trajando vestimentas ou portando adereços que caracterizem esta prática. O documento também diz respeito a professores, servidores técnico-administrativos ou mesmo estudantes que testemunharem atos de trote no câmpus ou em locais de atividades acadêmicas e denunciarem por ser considerados omissos e se sujeitarem a responder o processo administrativo disciplinar. No caso dos estudantes, essa transgressão pode levar a suspensão ou desligamento da instituição, penalidades previstas no Regime Disciplinar do Corpo Discente. Quanto aos servidores, as penalidades estão previstas no Regime Jurídico Único.
Disk-trote – A UFLA conta com um “Disk-trote” especialmente destinado a quem quiser denunciar esse tipo de ação dentro ou fora do campus, sendo também possível fazer a denúncia por escrito. Basta encaminhar as anotações à Pró-Reitoria de Graduação ou entrar em contato pelo 3829-1154 ou pelos ramais internos 1154 e 333.