O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), calculado pelo Departamento de Administração e Economia da Universidade Federal de Lavras (DAE/UFLA), registrou, no mês de fevereiro, queda na média geral dos preços pesquisados, ou seja, houve deflação no período. O professor Ricardo Reis, coordenador da pesquisa, explica que “deflação é o inverso da inflação, não implicando que os preços de todos os produtos e serviços que compõem o índice tenham caído”. Na deflação, o que cai é a média dos preços pesquisados, conforme sua ponderação (cada preço tem um peso no IPC).
Em fevereiro, a deflação foi de 0,17%; em janeiro, o índice de inflação estimado pela UFLA ficou em 0,47%. No mês de fevereiro, a deflação ficou localizada principalmente no setor de alimentos, que teve queda média de 1,73%; nas despesas com bebidas, com redução de 7,34% e nos gastos com material de limpeza, que ficaram, em média, mais baratos 5,43%. A pesquisa também registrou queda nas despesas com higiene pessoal (-1,89%).
À exceção dos gastos com lazer, que se mantiveram estável no mês, os demais grupos que compõem o IPC da UFLA tiveram alta em fevereiro: vestuário (1,83%); bens de consumo duráveis – eletroeletrônicos, eletrodomésticos, móveis e informática (1,54%); serviços gerais – água, luz, telefone e gás de cozinha (0,76%), educação e saúde (0,52%); moradia (0,40%) e despesas com transporte, cuja alta no mês ficou em 0,80%.
Os alimentos in natura ficaram mais baratos no mês 3,14%, principalmente batata, tomate, pimentão, quiabo e as frutas em geral. E foram as carnes, tanto a bovina como a suína e a de frango, que levaram à queda média de 1,38% nos alimentos semielaborados. E os alimentos industrializados também contribuíram para a deflação de fevereiro, com queda média de 1,71%.
De acordo com o professor Ricardo Reis, a concorrência, principalmente nos mercados dos alimentos e das bebidas, foi a maior responsável pelo comportamento da inflação em fevereiro. Essa competição está associada às férias, chegada do calor e ao carnaval, com estoques em alta, elevando a oferta. Por outro lado, o aumento do transporte coletivo inibiu parte dessa competição. O clima também contribuiu nas cotações dos produtos hortícolas e das frutas, pois, nesta época, há um aumento na oferta de frutas e verduras, acompanhadas de um menor tempo na chamada “vida de prateleira”, devido às altas temperaturas, o que requer um giro rápido para evitar perdas.
Com esses comportamentos de baixa dos preços dos alimentos, o custo da cesta básica de alimentos para uma família de quatro pessoas teve queda de 3,7%. Em janeiro, seu valor foi de R$ 392,71 e, no mês de fevereiro, essa despesa caiu para R$ 378,15.