O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), calculado pelo Departamento de Administração e Economia da Universidade Federal de Lavras (DAE/UFLA), registrou, no mês de março, queda na média geral dos preços pesquisados, ou seja, houve deflação no período, a exemplo do mês passado.
O coordenador da pesquisa, professor Ricardo Reis, explica que “deflação é o inverso da inflação, não implicando que os preços de todos os produtos e serviços que compõem o índice tenham caído”. Na deflação, o que cai é a média dos preços pesquisados, conforme sua ponderação (cada preço tem um peso no IPC).
Em março, a deflação foi de 0,45%; no mês de fevereiro, o índice de inflação estimado pela UFLA ficou negativo 0,17%. No mês de março, a deflação ficou localizada principalmente no setor de alimentos, que teve queda média de 1,41%; nas despesas com higiene pessoal, com redução de 0,3%; nos gastos com vestuário, que ficaram, em média, mais baratos 1,25%. A pesquisa também registrou queda nas despesas com serviços gerais (-1,01%), em razão da redução no preço do gás de cozinha em 2,38%.
Entre os gastos dos consumidores que tiveram altas de preços em março, destacam-se: bebidas (7,69%); material de limpeza (0,36%); educação e saúde (0,02%) e despesas com transporte, cuja alta no mês foi de 0,89%. Os demais itens que compõem o IPC da UFLA mantiveram-se, em média, estáveis em março: bens de consumo duráveis (eletroeletrônicos, eletrodomésticos, móveis e informática), despesas com moradia e gastos com lazer.
Os alimentos in natura ficaram mais baratos no mês 0,76%, principalmente tomate, pimentão, couve-flor, quiabo, pepino e frutas em geral. E foram a carne bovina e o arroz que levaram à queda média de 2,7% nos alimentos semielaborados. Os alimentos industrializados também contribuíram para a deflação de março, com queda média de 0,26%.
De acordo com o professor Ricardo Reis, a concorrência, principalmente no mercado de alimentos, foi a maior responsável pelo comportamento da inflação em março. Por outro lado, o aumento médio das cervejas em 22,95% inibiu parte dessa competição. O clima quente também contribuiu nas cotações dos produtos hortícolas e das frutas, pois, nesta época, há um aumento na oferta de frutas e verduras, acompanhadas de um menor tempo na chamada “vida de prateleira”, como consequência das altas temperaturas, o que requer um giro rápido para evitar perdas.
Com esses comportamentos de baixa dos preços dos alimentos, o custo da cesta básica de alimentos para uma família de quatro pessoas teve queda mensal de 1,0%. Em janeiro, seu valor foi de R$ 392,71, no mês de fevereiro, essa despesa caiu para R$ 378,15, chegando a R$374,34 em março.