Cibele Aguiar
Em agosto de 2011, dois pesquisadores congolenses chegaram a Lavras para iniciar a pós-graduação na Universidade Federal de Lavras, por meio de um projeto que une a UFLA e a Universidade Livre do País dos Grandes Lagos (ULPGL), localizada na cidade de Goma, na República Democrática do Congo. Um deles era Mukeshambala Franchement, que defendeu a dissertação na sexta-feira (9), fechando um ciclo de sua formação acadêmica, com marcas próprias de superação.
Franchement foi recebido pelo Programa de Pós-Graduação em Agronomia/Fitotecnia, sob a orientação do professor de Cafeicultura Rubens José Guimarães (DAG) e coorientação do professor do Departamento de Engenharia Gilmar Tavares. Ele defendeu a dissertação intitulada “Turnos de Rega e Doses de Polímero Hidrorretentor na Formação de Mudas de Cafeeiro em Tubetes e Saquinhos”, buscando levar para o seu país uma tecnologia mais eficiente para a formação de lavouras cafeeiras.
Ao apresentar Franchement, o professor Rubens ressaltou: “nós ensinamos, mas aprendemos muito com o Franchement também. Ele é um exemplo de superação”.
Isso porque Franchement deixou em seu país o filho recém-nascido e acompanhou o seu crescimento a distância, vendo o pequeno Siku Lutin dar os primeiros passos e falar as primeiras palavras pela Internet. Aprendeu rapidamente e defendeu a dissertação em fluente português, embora tenha enfrentado dificuldades de comunicação no início do curso, já que sua língua-pátria é o francês.
O Mestrado foi possível em razão do acordo de cooperação entre a UFLA e a ULPGL, no âmbito do projeto Vozes da África, coordenado pelo professor Gilmar Tavares que, no último ano, trouxe à UFLA 60 pesquisadores congolenses para capacitação em agroecologia, agricultura familiar e extensão universitária.
Para o professor Gilmar, Franchement representa uma geração que busca oportunidades em meio a uma trajetória de problemas, o que faz deles homens e mulheres mais fortes, capazes de superar desafios. Além das adversidades, Franchement gosta de salientar a garra de seu povo para reconstruir um país de solo rico, de minerais preciosos e de áreas agricultáveis, com flora exuberante e fauna diversa.
Ao retornar ao seu país, ele será um multiplicador do conhecimento adquirido em sua capacitação na UFLA. Ele reforça que levará muitas informações e tecnologias que poderão ser adaptadas para a cafeicultura congolense, mas também a lembrança de um país hospitaleiro, de uma instituição de referência e dos muitos amigos que conquistou.