Já se encontra em estágio avançado as obras para a construção da Agência de Inovação do Café na Universidade Federal de Lavras (UFLA). O novo prédio será instalado no Setor de Cafeicultura da Universidade e vai reunir em um só local, diversas competências institucionais, favorecendo a integração e a construção coletiva do conhecimento em cafeicultura, além de otimizar a utilização de estruturas como laboratórios e equipamentos.
A proposta do projeto visa a incentivar a criação, a manutenção, o desenvolvimento e o fortalecimento de redes de pesquisa, obter produtos melhores do que a soma dos produtos que seriam produzidos de maneira individualizada. Será um espaço de desenvolvimento de inovações para a cafeicultura.
Integração de projetos – A Agência de Inovação do Café abrigará grandes iniciativas como o Polo de Excelência do Café, que integra recursos humanos, induzindo o processo de desenvolvimento competitivo sustentável do agronegócio café no estado de Minas Gerais; o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Café, o INCT-Café, programa que apoia a produção do café brasileiro por meio da geração de tecnologias sustentáveis, melhorando a qualidade e a competitividade da cadeia produtiva do café; o Centro Tecnológico de Comercialização Online de Café (e-Café Brasil), uma plataforma de comércio online; o Centro de Inteligência em Mercados (CIM),que inclui o Centro de Trainee em Mercados e o Bureau de Inteligência Competitiva do Café, o Setor de Cafeicultura da UFLA, o Núcleo de Estudos em Cafeicultura (NECAF) além de ações do Centro de Ensino, Pesquisa e Extensão do Agronegócio Café – Cepecafé/ UFLA.
A articulação entre o Polo de Excelência do Café e a UFLA para a execução do projeto está sendo feita desde 2008 e tornou-se possível devido ao convênio firmado entre a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais (Sectes) e Agência Brasileira da Inovação Estudos (Finep), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) através do Programa Inova Minas.
Para o professor Antônio Nazareno Guimarães Mendes, assessor de Relações Institucionais da UFLA, a Agência de Inovação do Café coroa com êxito uma sequência de trabalhos iniciados em 1995 com a criação do Núcleo de Estudos em Cafeicultura (Necaf- UFLA). “Desde esta época, tentamos reunir professores, pesquisadores e estudantes dos vários departamentos da universidade que trabalham com pesquisa, desenvolvimento e extensão em café. Passamos pelo projeto BIOEx, ainda na década de 90. Depois, integramos com o Consórcio Pesquisa Café; tivemos o reconhecimento do Estado de Minas Gerais com a instalação do Polo de Excelência do Café na Universidade.” explicou.
“A nossa expectativa é que o Setor de Cafeicultura do Departamento de Agricultura (DAG) e todos os setores e órgãos, ligados ou não ao Governo Federal que funcionam neste ambiente, sejam absorvidos pela Agência de Inovação, promovendo uma nova dinâmica e atuando de forma integrada no âmbito do meio acadêmico, empresarial e sociedade, impulsionando a transferência e difusão de tecnologia e geração de conhecimento.” completou.
Na visão de Ednaldo José Abrahão, gerente-executivo do Polo de Excelência do Café, a Universidade detém o conhecimento e as empresas a inovação. “Partindo do princípio da tríplice hélice, que envolve governo, universidade e empresas, só teremos inovação se estreitarmos a relação Governo, que disponibiliza recursos financeiros para a geração do conhecimento; a Universidade possui o conhecimento e as empresas demandam o conhecimento para gerar tecnologia ou inovação.”
Para ele, diversos resultados de pesquisas levam ao desenvolvimento de inovação e tecnologia. “As pesquisas não devem ficar estagnadas nas prateleiras das bibliotecas. As pesquisas precisam ser difundidas, compartilhadas e transformadas em produtos. É o retorno para a sociedade dos recursos que foram investidos para a geração do conhecimento. O Estado de Minas Gerais possui mais de 100 mil empresas (cafeicultores) que demandam o conhecimento desenvolvido na universidade e instituições de pesquisas.”
Na avaliação de Ednaldo, a Agência de Inovação vem suprir essa demanda: “existem vários departamentos da universidade que trabalham com café e a ideia da Agência é integrar todas as competências, indiferente de departamentos numa única base física, otimizando a articulações entre os participantes, favorecendo a construção coletiva e a utilização da infraestrutura”.
Investimento – A ordem de serviço que deu início à construção da Agência de Inovação do Café foi assinada no dia 19 de fevereiro de 2013, em Belo Horizonte, na Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes), pelo Secretário Narcio Rodrigues. Com um investimento de pouco mais de R$ 2 milhões, sendo R$ 1,2 milhão repassado pela Finep, por meio da Sectes e R$ 1 milhão de contrapartida da UFLA, com recursos do Ministério da Educação (MEC).
Estrutura – O prédio possui aproximadamente 1500 metros quadrados de área construída em 3 pavimentos, sendo 2 andares constituídos por saguão de entrada, salas dos projetos e laboratórios multiusuários e no térreo, a garagem. A previsão para término da obra é para o segundo semestre de 2013 e a partir de Janeiro de 2014, a Agência já estará em funcionamento. Referência no Setor Cafeeiro – A Agência de Inovação do Café vai abranger diversos núcleos de pesquisa da Universidade, visando promover o desenvolvimento de inovações e a interação de recursos humanos de diferentes áreas de conhecimento, com o objetivo de tornar a cafeicultura mineira como um modelo de referência para os demais estados produtores. A ideia principal da Agência é estabelecer mecanismos de cooperação entre todas as instituições agregadas, visando à utilização compartilhada dos recursos materiais, bem como a formação e capacitação e formação de recursos humanos e indicadores sociais e econômicos.
Café em Minas e no Brasil– Minas Gerais destaca-se como o maior produtor nacional de café, sendo responsável pela metade de toda a produção brasileira. O Brasil possui um parque cafeeiro estimado em 2,3 milhões de hectares. São cerca de 300 mil produtores com uma produção, média, em torno de 45 milhões de sacas de café beneficiado. O café é fonte imprescindível de receita para centenas de municípios, além de ser o principal gerador de postos de trabalho na agropecuária nacional.
Texto e fotos: Daniela Novaes – jornalista/bolsista Rede Social do Café