O professor Alfredo Scheid Lopes, professor emérito da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e referência em fertilidade do solo, recebeu nesta terça-feira (30) o Prêmio IPNI de Fertilidade e Nutrição de Plantas 2013 – categoria sênior, durante o XXXIV Congresso Brasileiro de Ciência do Solo (CBCS), em Florianópolis (SC). Na segunda-feira (5), o professor será mais uma vez homenageado com o Prêmio Norman Borlaug, concedido pela Associação Brasileira do Agronegócio(Abag) a personalidades que ajudaram a combater a fome no País e às melhores ideias para o desenvolvimento do agronegócio.
Os prêmios, concedidos a pesquisadores que se destacam pelas relevantes contribuições científicas, ampliam o conjunto de distinções que o professor recebeu durante sua carreira profissional, dedicada essencialmente à fertilidade e manejo dos solos sob cerrado.
Ao receber a homenagem no CBSC, concedida pelo International Plant Nutrition Institute (IPNI), o professor Alfredão, como é conhecido na comunidade acadêmica, fez um discurso emocionado e dedicou a premiação aos seus alunos, “causa da sua existência profissional”. O nome do professor Alfredo Scheid foi indicado pelos professores Nilton Curi, Luiz Roberto Guimarães Guilherme e José Osvaldo Siqueira.
O Prêmio Norman Bourlaug será entregue na segunda-feira (5), em São Paulo, durante a programação da 12ª edição do Congresso Brasileiro do Agronegócio, que neste ano traz como tema “Infraestrutura e Logística – o caminho da competitividade do agronegócio”.
Honraria nacional
O Prêmio Norman Bourlaug foi criado em 2010 com objetivo de incentivar a ciência, o ensino e a pesquisa na área agropecuária. O prêmio faz alusão ao engenheiro agrônomo e geneticista Norman Borlaug, grande líder da revolução verde e primeiro Prêmio Nobel da Paz na área da Agricultura. Em 2011, o Prêmio Norman Bourlaug foi concedido ao professor Eliseu Roberto Alves de Andrade, criador da Embrapa e, em 2012, o homenageado foi Herbert Bartz, produtor rural e pioneiro na adoção e aperfeiçoamento do sistema de Plantio Direto na Palha no Brasil e na América Latina.
O professor Alfredo Scheid foi escolhido para a distinção em virtude de sua contribuição para a Ciência do Solo, reconhecido nacional e internacionalmente como uma das maiores autoridades na área de fertilidade e manejo de solos na região tropical.
Dedicação e referência
O professor Alfredo Scheid nasceu em Mindurí (MG), em 1937, último dos oito filhos de Antônio de Araújo Lopes e Alexandrina Scheid Lopes. Da turma de 1958 do curso de Agronomia da Escola Superior de Agricultura de Lavras (ESAL), hoje UFLA, fez o Mestrado e PhD na North Carolina State University (EUA), em 1975 e 1977, respectivamente. Ingressou como docente da Esal em 1962, inicialmente lecionando Geologia e Mineralogia Agrícolas e Zootecnia Especial.
Posteriormente, assumiu as disciplinas de Ciências do Solo, área em que se dedicou por mais de 40 anos. Em sua trajetória profissional na ESAL/UFLA foi chefe de departamento, coordenador do curso de pós-graduação em Solos e Nutrição de Plantas, coordenador de Pesquisas e de Extensão e professor emérito.
Foi fundador do Instituto de Química “John H. Wheelock”, que deu origem ao atual Departamento de Ciência do Solo da UFLA, sendo o seu primeiro chefe. Também foi responsável pela montagem de uma série de laboratórios de física, química e fertilidade do solo, incluindo a implementação do primeiro laboratório automatizado para análises de solos e plantas em uma escola ligada a Ciências Agrárias no País, integrante do International Soil Testing Project desde 1964. Tal laboratório, em operação até hoje, já realizou vários milhões de determinações, com grande repercussão como instrumento de extensão entre os agricultores.
Tem 72 trabalhos científicos publicados no Brasil e no exterior, sete livros como primeiro autor, com destaque para o primeiro livro eletrônico (hypermídia-multimídia) em Ciência do Solo no Brasil (Guia de Fertilidade do Solo – Versão 3.0), duas traduções de livros, 27 capítulos de livros no Brasil e no exterior, 52 boletins técnicos, além da edição de seis livros de outros autores.
Participou de mais de 600 eventos no Brasil e ministrou dezenas de palestras no exterior, compartilhando sua experiência profissional em manejo de solos ácidos em conferências na Austrália, Filipinas, Japão, Itália, Inglaterra, Venezuela, Estados Unidos, Colômbia, Quênia, México, Bali (Indonésia), Argentina e China, tendo, ainda, realizado visitas técnicas a Universidades e Centros de Pesquisas de diversos países.
O pioneirismo de suas pesquisas produziram conhecimentos científicos que levaram a um desenvolvimento sustentável na região dos “cerrados”, sendo que as tecnologias de manejo por ele desenvolvidas são hoje extrapoladas por vários países da América do Sul e da África.
Atualmente, é consultor técnico da Associação Nacional para Difusão de Adubos em São Paulo (Anda) e pesquisador emérito do CNPq.
Fotos: professor Luiz Roberto Guimarães Guilherme