Recentemente, foram notificados os primeiros casos de leishmaniose visceral canina no município de Lavras, assim como a ocorrência de insetos do gênero Lutzomyia. A equipe do Laboratório de Biologia Parasitária (Biopar) em conjunto com a Coordenadoria de Prevenção de Endemias (COPE/DMA) da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e a Vigilância Ambiental da Prefeitura Municipal têm trabalhado em conjunto com o Governo do Estado e com o Governo Federal para implantação do Programa Nacional de Controle de Leishmaniose Visceral, orientado pelo Ministério da Saúde.
O problema é sério e será tema da palestra apresentada nesta quarta-feira (23), pelo chefe do setor de fiscalização do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV/MG), na programação da Semana de Medicina Veterinária da UFLA. A palestra será `as 19 horas, no anfiteatro do Departamento de Agricultura (DAG), com a presença de representantes da Prefeitura Municipal, Vigilância Ambiental, Coordenadoria de Prevenção e Endemia da UFLA e Biopar.
De acordo com a professora Joziana Muniz de Paiva Barçante (DMV), integrante da equipe da Coordenadoria de Prevenção de Endemias, a leishmaniose visceral ou calazar é uma doença grave que, se não for tratada, pode levar à morte até 90% dos humanos infectados. As principais vítimas são crianças, idosos e imunocomprometidos. A doença também acomete os cães, que são os reservatórios da doença no ambiente urbano. A doença é transmitida pela picada de um inseto conhecido popularmente como “mosquito palha, cangalinha, asa dura, birigui ou flebótomo”.
De acordo com dados do CRMV, nos últimos 11 anos, a Leishmaniose Visceral causou mais mortes que a dengue em nove estados brasileiros. Para a professora Joziana, quando se trata de leishmaniose, o assunto é sempre muito sério, pois não existe tratamento legalmente reconhecido para os cães. Desta forma, a prevenção deve ser intensificada e com um envolvimento muito grande e responsável por parte de toda a comunidade.
Ela destaca que a parceria entre a UFLA e o município tem sido muito importante, sendo que várias ações já foram iniciadas. Os estudantes ligados ao Biopar têm ministrado palestras em escolas do município para orientar sobre a identificação e prevenção da doença; estão sendo realizados exames nos animais, inicialmente os do Parque São Francisco (inquérito sorológico canino); os estudantes têm montado armadilhas luminosas em pontos estratégicos para captura, identificação e monitoramento da ocorrência do inseto vetor (investigação entomológica) e tem sido promovido debates para esclarecer a comunidade acadêmica sobre as medidas de controle e sobre os aspectos éticos e legais relacionados à doença.
Na opinião da professora Joziana Barçante, a manutenção de animais errantes, sem coleira e sem cuidados veterinários é um risco muito sério. “São vários os problemas com cães errantes, inclusive com ataques e mordeduras, além do problema das zoonoses, que são inúmeras. Temos que difundir a posse responsável dos animais. Assim, podemos tentar minimizar vários problemas. Além disso, a limpeza de terrenos, quintais, lotes, abrigos de animais são medidas fundamentais para o controle do inseto”, orienta.