Recurso x recursos
A palavra “recurso” não tem o mesmo significado da palavra “recursos”.
Ou seja, são duas palavras.
“Recurso”, sem “s” no fim, significa invocação de ajuda, de socorro, meios para vencer dificuldades:
Ele está estudando muito para passar e seu único recurso são os livros.
“Recurso”, sem “s” no fim, ainda significa “meio para provocar a revisão de uma decisão judicial desfavorável”:
O advogado entrou com um recurso no Tribunal de Justiça de São Paulo.
A outra palavra, “recursos”, com “s” no fim, significa “aptidões naturais, dons, talentos; meios pecuniários, bens materiais, posses, riquezas, meios de que se pode dispor”.
Ou seja, quando houver ideia de dons, de dinheiro, de riqueza, de posses, usa-se sempre “recursos”, com “s” no fim:
Ela é linda e tem maravilhosos recursos estéticos.
O bom escritor é possuidor de recursos estilísticos.
O Brasil é um país rico em recursos naturais.
Aprenda a não confundir dá, está, lê e vê com dar, estar, ler e ver
Muita gente, quando vai escrever, usa “dá”, “está”, “lê” e “vê” no lugar de “dar”, “estar”, “ler” e “ver”.
Essa confusão tem dois motivos: quando pronunciam o infinitivo desses verbos, normalmente as pessoas o fazem sem enfatizar o “r”.
O apagamento do “r” na fala é, portanto, o primeiro motivo.
O segundo é o fato de esses verbos terem, na terceira pessoa do indicativo, formas oxítonas acentuadas – dá, está, lê, e vê –, cuja pronúncia muito se assemelha à da fala relaxada em que ocorre o apagamento do “r”.
Nos verbos em que a terceira pessoa do presente do indicativo não é oxítona, esse problema não ocorre.
Ninguém confunde, por exemplo, “ama” com “amar”, nem “pode” com “poder”.
A boa notícia, para os que têm dificuldade de saber quando é dá/dar, está/estar, lê/ler, vê/ver, é que é muito simples desfazer essa dúvida.
Basta saber que o infinitivo (dar, estar, ler e ver) pode ser substituído por outro infinitivo; a forma flexionada (dá, está, lê e vê) não pode.
Vejamos isso na prática.
Surgiu a dúvida: é “Ele pode está ou estar certo”?
Vamos tentar a substituição por um infinitivo: “Ele pode andar certo”.
A substituição por um infinitivo é possível, logo: “Ele pode estar certo”.
Mais um teste: “Governador dá ou dar nova função a secretário”?
Neste caso o certo é “dá”, pois a substituição por outro infinitivo não é possível.
Não pode ser “Governador oferecer nova função a secretário”.
Questão de sentido: anteontem x antes de ontem
Muitos usam “antes de ontem” no lugar de “anteontem”.
No entanto, essas expressões não têm exatamente o mesmo sentido.
“Antes de ontem” é mais genérica.
De modo prático: se hoje é quinta-feira e eu digo que um fato ocorreu antes de ontem, esse fato pode ter ocorrido terça-feira, segunda-feira, domingo, sábado, ou seja, qualquer dia antes de ontem.
“Anteontem” é específica, refere-se apenas a um determinado dia.
Por exemplo: se hoje é quinta e eu digo que um fato ocorreu anteontem, esse fato ocorreu exatamente terça-feira.
Em resumo:
antes de ontem – qualquer dia antes de ontem.
anteontem – o dia anterior a ontem.
Fonte: www.portuguesnarede.com
Paulo Roberto Ribeiro – ASCOM