Diante dos muitos aplausos recebidos, na cerimônia de colação de grau da última sexta-feira (25/4), por Felipe Fortes Braz, vale destacar as conquistas que as pessoas com deficiência têm alcançado, com seu esforço, no ambiente acadêmico da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Felipe, com deficiência visual provocada pela retinose pigmentar, concluiu o curso de graduação em Física e já foi aprovado no Mestrado do Programa de Pós-Graduação da mesma área. Outra história de superação que a UFLA tem para contar é a do doutor em Administração Daniel Leite Mesquita. Usuário de cadeira de rodas desde a infância, ele enfrentou as inseguranças e cursou graduação, mestrado e doutorado no Departamento de Administração e Economia (DAE). A defesa da tese ocorreu em fevereiro.
Daniel conta que seu ingresso na graduação, em 2001, foi um desafio, porque as discussões ligadas à acessibilidade ainda eram iniciais. “A instituição tinha dificuldades até de saber o que era preciso fazer para atender às necessidades das pessoas com deficiência, mas o DAE logo sofreu adaptações para que eu pudesse me deslocar”, relata. Ele afirma, ainda, que a evolução foi ocorrendo ao longo do tempo, tornando-se perceptível o aperfeiçoamento na forma de se tratar a questão das necessidades especiais. “Deu para acompanhar as mudanças acontecendo, as melhorias na estrutura, a preocupação de professores e colegas em observar a demanda por adaptações – as pessoas passaram a observar a realidade com mais atenção”.
Depois de 13 anos frequentando a UFLA, Daniel diz que essa trajetória foi de grande importância para sua vida. “Sou grato à UFLA pela formação que me ofereceu e pela solicitude para com minhas necessidades – agora, com o doutorado concluído, novas possibilidades se abrem para mim no mercado e sinto-me otimista com isso”, comemora. Ele faz essa avaliação considerando que o mercado de trabalho para quem possui deficiência é um desafio maior; por isso, o ensino formal e qualificado faz toda a diferença. Também não se esquece de comentar outro grande benefício de frequentar a Universidade: a oportunidade de estar presente no ambiente acadêmico, de estar em integração com o grupo.
Para o jovem que, durante o ensino fundamental e médio, sentiu medo de não conseguir chegar ao curso superior, muitas etapas agora estão concluídas. “As dificuldades sempre existiram, mas em todos os momentos encontrei colegas e professores que ajudaram a minimizá-las”. Daniel permanece colaborando com as atividades do Grupo de Estudo em Redes, Estratégia e Inovação (Gerei), ligado ao DAE, e encontra-se pronto para os novos desafios profissionais que a finalização do doutorado o deixa em condições de assumir.
A tese
Defendida em 21 de fevereiro de 2014, sob orientação do professor do DAE Antônio Carlos dos Santos, a tese de Daniel teve como tema a inovação na indústria automobilística. Ele estudou as tecnologias de redução de poluentes adotadas nas empresas do setor. A conclusão foi de que as empresas automobilísticas tentam produzir essas tecnologias conciliando a legislação que regulamenta a questão com os desejos do consumidor.