A necessidade de colocar em debate o racismo, a inclusão e a diversidade nas universidades levou estudantes da Universidade de Havard, nos Estados Unidos, a realizarem o movimento “I too am Havard” (Eu também sou Havard). A campanha foi construída com fotos de estudantes negros que exibem as frases racistas que já ouviram. A ideia repetiu-se na Universidade Federal de Brasília (UNB) e inspirou o estudante de Engenharia Ambiental e Sanitária da Universidade Federal de Lavras (UFLA) Tiago Henrique da Silva a fazer o mesmo no câmpus.
Depois de abordar e fotografar mais de 60 estudantes, Tiago organizou, com o apoio do professor do Departamento de Educação (DED) Celso Valin, o debate “Diversidade na Universidade”, que ocorreu na noite de quinta-feira (14/5). Cerca de quarenta pessoas se reuniram no Anfiteatro do DED, onde puderam conhecer as motivações do movimento, assistir a vídeos que introduziram a discussão sobre diversidade e retrataram as iniciativas em Havard e na UNB. Em seguida, o grupo partiu para a discussão do tema.
A condução dos trabalhos foi feita por Tiago, que teve suas expectativas superadas com o alto envolvimento dos presentes na discussão. “Todos se manifestaram, relataram experiências vividas e deram sua opinião sobre o tema ”. De acordo com ele, a participação foi tão intensa que será necessário marcar um segundo momento de conversa. “Quando percebemos, já eram 22 horas; então, combinamos de marcar uma nova data, para começarmos a produzir o documento em que serão apresentadas propostas para garantia da diversidade na Universidade”. O próximo encontro deverá ocorrer em junho.
Para o professor Celso, a iniciativa é importante porque mantém o tema da “consciência negra” sempre presente e faz com que tenha espaço na agenda social. “Acabamos de passar pelo Treze de Maio (Abolição da escravatura no Brasil), que é um dia de luta e de reflexão, mas a discussão do tema precisa ocorrer com frequência”. Ela avaliou também a relevância desses movimentos para a formação dos estudantes, ao referir-se ao empenho de Tiago na organização do evento. “O ambiente de sala de aula é essencial, mas é interessante que seja complementado pelas articulações sociais que ocorrem nos outros espaços acadêmicos”, disse.
É possível acompanhar a mobilização “Eu também sou UFLA” pela página do evento no facebbok. Outros membros da comunidade acadêmica que queiram compartilhar fotos e frases dentro da proposta do movimento podem fazê-lo nesse mesmo endereço.