A aproximação com a comunidade esteve presente nas atividades da primeira turma do curso de Medicina da Universidade Federal de Lavras (UFLA), durante o período letivo 2015/1. Dez instituições da cidade tornaram-se parceiras do curso e receberam grupos de estudantes matriculados na disciplina “Estágios em Práticas de Saúde”. Sob a supervisão de professores do curso, os alunos puderam conhecer a realidade das comunidades, identificar suas principais necessidades e associar essas experiências às questões de saúde da população. Em cada local, fizeram microintervenções específicas, oferecendo pequenas contribuições aos assistidos.
A turma de 30 estudantes foi dividida em cinco grupos de seis participantes. Cada grupo frequentou duas instituições, com visitas semanais (metade do período letivo em uma e metade em outra). Os grupos se reuniam periodicamente para relatar as experiências e compartilhar o aprendizado. As instituições que acolheram os trabalhos foram: LarEVida, Magneti Marelli, Instituto Presbiteriano Gammon, Centro Universitário de Lavras (Unilavras), Lar Augusto Silva, Associação Comunitária de Moradores dos bairros Jardim Glória e Jardim Campestre I, II e III, comunidade do bairro Judith Cândido, Escola Municipal da comunidade rural de Itirapuã, Cemei Novo Horizonte e Escola Municipal Paulo Lourenço Menicucci.
De acordo com uma das coordenadoras do curso de Medicina, professora Joziana Muniz de Paiva Barçante, os campos desse estágio inicial tiveram natureza diversa, com a finalidade de fazer com que o estudante conheça os diferentes públicos com os quais vai trabalhar na assistência à saúde. A previsão é de que no segundo período eles já frequentem os Programas de Saúde da Família (PSFs) cientes da realidade de cada local. “Nosso curso tem o objetivo de formar um médico que seja sensível a todas as necessidades dos pacientes, e o contato social prévio com esses grupos vai ajudar nisso”, diz.
As primeiras experiências voltadas para uma formação humanista são bem avaliadas pelos coordenadores do curso. A professora Joziana confessa que ficou emocionada com os depoimentos dos alunos direcionados a uma avaliadora do Ministério da Educação (MEC) que esteve na UFLA. “Nosso primeiro grupo de alunos tem um perfil muito afeito ao social. Eles se envolveram intensamente com as comunidades, mobilizaram recursos e pessoas e superaram expectativas”, avaliou.
O exemplo do LarEVida
O informativo impresso do Lar Esperança e Vida Mateus Loureiro Ticle (LarEVida), do período maio/junho, trouxe em destaque a notícia da parceria entre a instituição e o curso de Medicina da UFLA. No texto, são relatadas as atividades desenvolvidas pelos estudantes com os assistidos. Os alunos acompanharam a rotina de profissionais de diferentes especialidades, sob orientação do também coordenador do curso de Medicina Vitor Tenório. Tiveram, ainda, a oportunidade de desenvolver ações específicas, como a criação da “Caixa de Dúvidas sobre Saúde”, na qual os assistidos puderam colocar suas indagações, recebendo respostas individualmente ou em reuniões de grupos.
O LarEVida oferece assistência a pacientes com câncer e seus familiares, em áreas que complementam o tratamento, como psicologia, nutrição, odontologia, enfermagem e assistência social. Para o professor Vitor, a parceria permitiu aos estudantes, mesmo estando no primeiro período, o início da construção de uma visão humanista. “No caso do LarEVida, os alunos podem refletir sobre todas as dimensões que envolvem uma doença como o câncer”, explica. “Eles começam a perceber toda a complexidade que envolve a questão saúde/doença. O amparo social e psicológico ao paciente tem seu papel no processo de tratamento”.
A expectativa é de que esses mesmos estudantes, à medida que avancem no curso, possam oferecer aos pacientes uma assistência efetivamente voltada para a doença. “Neste momento, a formação humana e social fornece as bases para as fases posteriores”, avalia.