A estudante do 4º período de Direito da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Maria Carolina Fernandes Oliveira, teve um depoimento citado na Carta Maior, na sessão de Direitos Humanos.
“O gênero não influencia o desempenho profissional, portanto, a menos que a escola se assuma preconceituosa e admita sua visão sexista, machista e transfóbica, não há motivo para rejeitar um profissional usando o gênero como justificativa”, afirmou Maria Carolina na Carta Maior, com relação ao caso da professora Camila Godoi, demitida de duas escolas de ensino médio logo após comunicar sobre a sua condição de transgênera.
Sua explanação foi com relação a um estudo de gênero que ela realiza na Universidade. “Meu trabalho até agora foi focado em conhecer a fundo o feminismo e suas vertentes, conhecer a nível global anglo-saxão, as suas particularidades no Sul, e a atuação do feminismo no Brasil e sua importância”.
Maria Carolina relata que seu interesse por esse tema foi surgindo à medida que notava as injustiças sofridas pelo gênero feminino. Não só as injustiças mais evidentes, como a diferença salarial ou a dupla jornada de trabalho, mas, também injustiças e estereótipos enraizados no cotidiano. “Como a objetificação das mulheres nos comerciais de cerveja, nos rings de luta, ou como a imposição midiática incessante para que mulheres busquem a qualquer custo o corpo perfeito, ou ainda como a separação das brincadeiras na escola, impondo o futebol aos meninos e as barbies às meninas”, complementa a estudante.
“Desenvolvi um artigo para a aula de Teorias da Justiça no semestre passado, que deveria explanar um posicionamento de Ronald Dworkin (o autor liberal que estudamos no semestre), em seguida, expor um autor que contra-argumentasse Dworkin e, por fim, apresentar uma “réplica” sob o ponto de vista de Dworkin.
Desse modo, fiz o artigo sobre “pornografia”, uma temática muito discutida entre Dworkin e as feministas”, relata Maria Carolina.
A pesquisa de iniciação científica da estudante tem a coordenação do professor de Direito David Gomes. “Eu também estou no grupo de estudos ‘Direito, modernidade e capitalismo’, criado e dirigido pelo meu atual orientador. Esse estudo também me fez enxergar a sociedade sob uma nova lente”, conta Maria Carolina.
Texto: Camila Caetano – jornalista, bolsista/UFLA