Um ato de combate ao racismo mobilizou crianças e jovens integrantes do projeto de atletismo Cria Lavras, apoiados por representantes do Levante Popular da Juventude. Nesta terça-feira (15/9), eles se reuniram nas proximidades do Departamento de Educação Física (DEF), onde produziram cartazes e se preparam para a manifestação, que teve início às 15h. Saíram da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e passaram pela Avenida Dr. Silvio Menecucci (Perimetral), com a intenção de chamar a atenção da comunidade para a importância da eliminação de preconceitos.
O movimento foi iniciativa do professor do DEF e treinador do Cria Lavras Fernando de Oliveira. Ao tomar conhecimento de que o estudante do curso de Educação Física e monitor do projeto Jean Jesley havia sido agredido verbalmente na rua por um desconhecido, com ataques preconceituosos, avaliou que o momento era propício para uma mobilização. “Jean é muito estimado por todos. Por ser um jovem muito tranqüilo e pacífico, acabou ficando muito abalado com o que ouviu. O fortalecimento da autoestima faz parte dos objetivos do Cria. É nosso dever protestar porque não queremos que isso volte a ocorrer com outras crianças e jovens”, explicou. A Direção Executiva da Universidade, por repudiar atos discrimintários, solidariza-se com o estundante.
Cerca de 50 pessoas estavam reunidas na mobilização. Durante a preparação, o grupo ensaiava músicas que expressam reação frente às situações de preconceito. “Para a sociedade avançar, eu vou para a rua para lutar. Se a juventude se unir, o racismo vai cair”, cantavam eles ao som de batuques. Nos cartazes, as frases eram de apoio a Jean Jesley, afirmação do cabelo crespo e pelo fim do racismo.
O estudante de Educação Física Cleyson Duarte (conhecido como Zulu) foi quem organizou a mobilização. “Há uma imposição sociocultural que faz com que os negros sigam um padrão estético que rejeita suas próprias características físicas. Foi exatamente por isso que organizei também, em 7/9, no Centro de Lavras, o movimento “Orgulho Crespo”. Nosso objetivo era afirmar a beleza do cabelo crespo. Aproximadamente 200 pessoas estiveram presentes. Agora, já pensamos em outro encontro para novembro, quando se celebra o Dia da Consciência Negra”, disse.
De acordo com o Jean Jesley, vítima das ofensas verbais no último sábado (12/9), o desconhecido gritava palavras de ofensa a seu cabelo. “Espero que ele possa tomar conhecimento da manifestação e refletir um pouco: o fato de meu cabelo ser grande não muda nada na rotina dele. Que ele possa constatar que sua atitude não foi bacana. Que outra pessoas também possam pensar sobre o assunto, ao verem nosso movimento”. Jean diz que essa foi a primeira vez que enfrentou uma situação como essas. “Foi horrível. Fiquei muito tocado com tudo o que aconteceu”.