Os ecossistemas subterrâneos, incluindo cavernas, apresentam clima, recursos naturais e luminosidade bastante peculiares, fatores que levaram à existência de organismos próprios. A UFLA tem se destacado em pesquisas dessa área: ela sedia o Centro de Estudos em Biologia Subterrânea (Cebs), que congrega professores e pesquisadores. Os membros do Cebs organizaram o I Simpósio Brasileiro de Biologia Subterrânea, que foi aberto na noite de ontem (27). Até o dia 30, o tema é discutido em palestras, mesas-redondas e minicursos na UFLA.
A abertura foi realizada no Anfiteatro Magno Antonio Patto Ramalho, no Departamento de Biologia (DBI). O coordenador do evento, professor Rodrigo Lopes Ferreira, pontuou que os estudos em biologia subterrânea têm extrapolado o meio acadêmico para subsidiar tomadas de decisões dos gestores públicos: “É preciso utilizar os recursos com sabedoria e trabalhar pela conservação”, afirmou. A representante dos discentes do Cebs, Rafaela Bastos Pereira, considerou que o encontro constitui uma oportunidade para estabelecer contatos e estimula parcerias. O chefe do DBI, professor Júlio Neil Cassa Louzada, considerou a realização do evento uma importante conquista de um grupo jovem de docentes e discentes que vem se destacando na bioespeleologia.
O evento também recebeu o professor José Oswaldo Siqueira, do Instituto Tecnológico da Vale. Ex-aluno da UFLA, ele recordou sua carreira acadêmica e abordou a evolução da pesquisa e desenvolvimento no Brasil. Para o professor, o cenário avançou, mas ainda é “desafiador” aplicar a pesquisa. Já o coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (Cecav), Jocy Brandão Cruz, ressaltou que o simpósio ocorre em um momento necessário para a criação de marcos regulatórios.
O reitor da UFLA, professor José Roberto Scolforo, fez coro ao coordenador do evento: “É preciso buscar sensatez nas decisões que envolvem espeleologia, a fim de gerar desenvolvimento sustentável”. O reitor também anunciou que, com o apoio da Vale, será construído na Universidade um laboratório específico para a biologia subterrânea, que já está em fase de licitação. Esse laboratório deverá contar com um espaço que simula as condições de uma caverna.
Após a abertura, o professor Rodrigo Ferreira fez uma palestra abordando os estudos feitos no passado e no presente sobre a biologia subterrânea e as perspectivas futuras para a área. Ele enfatizou os pesquisadores e trabalhos pioneiros na descrição de espécies, ressaltando uma transformação no caráter da pesquisa, na década de 1990: antes disso, abordava-se a taxonomia das espécies. Depois, os estudos tenderam a verificar a interação do ambiente com os animais, permitindo uma compreensão abrangente da ecologia de cavernas. “Os estudos a partir dessa fase têm sido mais complexos e ousados”, afirmou o professor.
O simpósio será encerrado no dia 30. Confira mais informações sobre o evento no site: www.biosubbrasil.com.br/.