A possibilidade de saber mais sobre o Universo, sobre a Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein, sobre o primeiro registro das ondas gravitacionais e sobre o futuro da ciência levou cerca de 400 pessoas ao Salão de Convenções da Universidade Federal de Lavras (UFLA) na tarde dessa quinta-feira (18/2). A palestra “Ondas gravitacionais: Einstein confirmado!”, ministrada pelo professor do Departamento de Física (DFI) José Alberto Casto Nogales Vera, começou às 16h e só terminou após a participação do público, com uma sessão de perguntas que se estendeu até por volta das 18h15.
Os efeitos do evento foram além do conhecimento compartilhado: gerou motivação em membros do público – motivação para participar do desenvolvimento da ciência. O estudante do segundo período da Área Básica de Ingresso das engenharias (ABI Engenharia) Lincoln Antônio Corrêa Botelho atestou o fato. “Todo esse movimento da ciência acontecendo, e sendo repercutido aqui, nos faz querer estar envolvidos, colaborar, buscar mais informações”, disse. A curiosidade e a vontade de entender o fenômeno também mobilizaram a estudante Thaís Aparecida Sales, do 8º período de Química. “Faço aulas de Física Quântica e meu interesse pelo tema é enorme.”
O evento foi aberto também à comunidade de Lavras e região. O professor Nogales iniciou a apresentação falando sobre o trabalho desenvolvido por Einstein, principalmente que se refere à Teoria da Relatividade Geral. Citou as tentativas de outros cientistas, ao longo dos últimos cem anos, de comprovar a existência das ondas gravitacionais e explicou os fatores que dificultam os experimentos. Ele também explicou o funcionamento do projeto Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory (Ligo), pelo qual as ondas gravitacionais foram detectadas, acrescentando a informação de que há outros observatórios gravitacionais em construção no mundo.
De acordo com Nogales, a observação inédita das ondas gravitacionais em setembro de 2015 ocorreu de forma acidental, já que o experimento estava em fase de testes. “Os cientistas fizeram o anúncio somente agora porque estavam analisando para certificarem-se das informações”. Após mostrar imagens que buscam ilustrar os fenômenos envolvidos na descoberta, o professor afirma tratar-se de um marco na história da ciência, pois o feito permitirá novas descobertas. “Como são os buracos negros? O que há neles? A partir das ondas gravitacionais, será possível desenvolver alguma nova tecnologia? O que essas ondas podem nos contar sobre o passado do Universo? – são todas perguntas às quais se abrem expectativas de resposta”, disse.
No final da apresentação, Nogales afirmou que há muitas questões no Universo sem resposta. Por isso, sugeriu que “Einstein não é o fim. Esse foi um passo importante para se entender melhor o Universo, mas é possível e necessário construir novas teorias para explicar novas coisas”, referindo-se ao que disse o próprio físico alemão: “Minhas ideias levaram as pessoas a reexaminar a física de Newton. Naturalmente alguém um dia irá reexaminar minhas próprias ideias. Se isso não acontecer, haverá uma falha grosseira em algum lugar”.
O professor Nogales se dedicou, no doutorado e pós-doutorado, a temas relacionados à Relatividade Geral de Einstein. Junto coma professora Karen Luz Burgoa Rosso, ele coordena o projeto de extensão “A Magia da Física e do Universo”, que promove a divulgação científica em Lavras e região, com oficinas periódicas sobre Física.
Confira o que vem sendo publicado sobre o fenômeno
Blog do projeto “A Magia da Física e do Universo” (com conteúdo reunido pelo professor José Nogales).
Fantástico vai a observatório que detectou as “ondas gravitacionais”.
Veja como as ondas gravitacionais mudarão a visão do cosmos.
Experimento vê ondas gravitacionais: fenômeno previsto por Einstein.