O estresse hídrico tem sido um dos efeitos frequentes das mudanças climáticas, causando prejuízos na cafeicultura, e para mudar essa realidade pesquisadores têm trabalhado na seleção e obtenção de novas cultivares tolerantes ao déficit hídrico. Diante disso, uma pesquisa desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária (Embrapa) analisou clones da espécie Coffea Canephora com tecnologias inovadoras para a pré-seleção de materiais tolerantes à seca, envolvendo anatomia e fisiologia do cafeeiro.
O trabalho desenvolvido pela mestranda do Programa de Pós-Graduação em Agronomia/Fitotecnia da UFLA, Nagla Maria Sampaio de Matos, avaliou sete clones da espécie Coffea canephora Pierre buscando características anatômicas e fisiológicas que apresentaram modificações após um período de estresse hídrico controlado e, ou após a hidratação com o retorno da irrigação, para possível utilização no pré-melhoramento genético para tolerância à seca. “Nas condições experimentais estudadas foi possível perceber que a espessura da cutícula, da epiderme adaxial, do floema e do parênquima paliçádico, bem como o potencial hídrico, eficiência do uso da água e o índice de área foliar são potenciais características que podem ser utilizadas na seleção de plantas de cafeeiro no pré-melhoramento para tolerância à seca” explicou Nagla.
Falta de água afeta produção
Segundo levantamento realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção brasileira de sacas de café tem apresentado quedas causadas pela restrição hídrica, atingindo as principais regiões produtoras de café do país, o que ocorreu principalmente na safra de 2015. Como estratégia importante para o combate a essa causa de queda de produção, a seleção de plantas tolerantes e o lançamento de novas variedades é uma alternativa sustentável no campo.
“Com a técnica proposta como pré-melhoramento genético, espera-se que num futuro próximo haja expressiva redução no tempo necessário para o desenvolvimento de novas cultivares de café, que serão oferecidas aos cafeicultores como mais uma ferramenta para mitigação dos efeitos da seca na cafeicultura” explica o professor titular da UFLA e orientador da pesquisa, Rubens José Guimarães.