Solos que possuem maiores reservas, disponibilidade e cinética de liberação de potássio, cálcio e magnésio promovem o melhor desenvolvimento do eucalipto.
Avaliar o desenvolvimento inicial, nutricional, fisiológico e o incremento médio anual (IMA) de plantas de eucalipto, cultivadas com e sem a adição de fontes minerais de potássio (K), cálcio (Ca) e magnésio (Mg), foi um dos objetivos da tese de doutorado defendida na Universidade Federal de Lavras (UFLA) na segunda-feira (18/4).
O autor da pesquisa é Francisco Hélcio Canuto de Amaral, egresso da Universidade Federal do Piauí (UFPI), instituição que mantém uma parceria de sucesso com a UFLA no âmbito do Programa Nacional de Cooperação Acadêmica (Procad) – que visa à cooperação acadêmica com previsão de ajuda mútua. A parceria promove a interação entre o Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo da UFLA e a Pós-Graduação em Solos e Nutrição de Plantas da UFPI. Hélcio teve como orientador o professor Nilton Curi e como conselheiro o professor Antônio Eduardo Furtini Neto.
O doutorando relata que atualmente a área ocupada com florestas plantadas nas diferentes regiões brasileiras superam 7,7 milhões de hectares, sendo 5,6 milhões ocupados somente com a cultura do eucalipto. “No entanto, diante desta realidade e das perspectivas de expansão, a obtenção de produções contínuas, economicamente rentáveis e que oferecem baixos riscos de degradação ambiental é um desafio para as empresas do setor florestal, especialmente no que se refere ao uso racional dos solos”, complementa.
Hélcio explica em sua pesquisa que a maioria dos compartimentos de K, Ca e Mg apresentou correlações significativas entre si, expressando a dependência que existe entre os mesmos e evidenciando a importância da avaliação dos teores destes nutrientes nos diferentes compartimentos para adequar o manejo nutricional das plantas em cada classe de solo e para obtenção de produções contínuas, minimizando os impactos negativos ao meio ambiente.
A pesquisa teve como objeto de estudo solos obtidos de sítios florestais localizados no Estado do Rio Grande do Sul. Por meio dos estudos realizados, Hélcio destaca que solos que possuem maiores reservas, disponibilidade e cinética de liberação de K, Ca e Mg, possuem maior capacidade de suprirem adequadamente estes nutrientes às plantas, promovendo melhor desenvolvimento inicial, nutricional, fisiológico e IMA de eucalipto, podendo contribuir para redução da adição de fontes minerais destes nutrientes.
“Além disso, a pesquisa mostra que plantas cultivadas nos solos PVd (argissolo vermelho), CXve (cambissolo), RRd (neossolo regolítico) e MTo (chernossolo) apresentaram maior produção de biomassa e melhores eficiências de uso de K, Ca e Mg e fisiológicas, quando cultivadas sem adubação com K, Ca e Mg. Indicando que as reservas minerais de K, Ca e Mg destes solos podem suprir parcialmente parte das demandas dos plantios de eucalipto, sendo as adubações com K, Ca e Mg desnecessárias apenas na fase inicial de crescimento das plantas”, explica Hélcio.
Hélcio tem pesquisado esta temática desde o seu mestrado. Além da tese defendida nesta segunda-feira (18/4), a pesquisa permitiu a produção de dois artigos científicos: Compartimentos de K, Ca e Mg em solos e incremento médio anual (IMA) de eucalipto, que será submetido à Revista Brasileira de Ciência; e Crescimento, nutrição, fisiologia e produtividade de eucalipto em solos com diferentes compartimentos de K, Ca, e Mg, que será enviado à Scientia Forestalis.
No primeiro artigo, a pesquisa constatou que a produtividade (IMA) de eucalipto correlacionou-se de forma positiva e significativa com os teores de K, Ca e Mg presentes nos diferentes compartimentos. “Principalmente entre a reserva e a cinética de liberação, expressando a importância destes compartimentos para produção de árvores plantadas. Especialmente para as espécies vegetais de ciclo mais longo”, comenta o doutorando.
Já o segundo teve como foco os resultados obtidos em sua tese de doutorado, por meio da avaliação do desenvolvimento inicial, nutricional, fisiológico e IMA de plantas de eucalipto, cultivadas com e sem a adição de fontes minerais de K, Ca e Mg.
Homenagem
A interação entre a UFLA e a UFPI, por meio do Procad, foi proposta pelo então coordenador do curso de Mestrado em Solos e Nutrição de Plantas do UFPI (CPCE), Júlio César Azevedo Nóbrega. Além do fortalecimento dos dois programas, o intercâmbio rendeu inúmeros trabalhos científicos publicados em periódicos relevantes, treinamento e atualização para os discentes e professores, além da oportunidade e incentivo para os discentes dos cursos de agrárias da UFPI cursarem a pós-graduação em Solos.
Após a defesa, o professor Júlio Nóbrega e o estudante Hélcio foram homenageados pelo Departamento de Ciências do Solo da UFLA. “Eu tenho muito a agradecer pelo acolhimento. Sempre defendi que o Ensino Superior é um fator de transformação, faz com que a roda gire. O DCS da UFLA é um selo de qualidade. Em qualquer parte do Brasil que você diz ter vínculo com a UFLA o tratamento muda. O Procad existe em diversas partes do País, mas aqui é diferente. Tem muito empenho, os professores da UFLA vestem a camisa, participam e apoiam. São parceiros que fazem a diferença”, relatou Júlio Nóbrega.
Hélcio é o segundo estudante do Programa a realizar a defesa de doutorado na UFLA. A primeira foi realizada em 28 de março, por Elaine Martins da Costa, tendo como área de concentração os estudos em Biologia, Microbiologia e Processos Biológicos do Solo, sob a orientação da professora Fatima Moreira.
Texto: Camila Caetano – jornalista/ bolsista UFLA