Cientistas brasileiros estiveram reunidos em uma missão especial nos Estados Unidos. Em debate, a produção de alimentos para atender a demanda mundial, ao mesmo tempo em que a atenção deve ser ampliada no sentido da sustentabilidade e das alternativas para as mudanças climáticas. Entre os líderes e pesquisadores de maior destaque no cenário nacional, o professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Luiz Roberto Guimarães Guilherme, como um dos palestrantes convidados.
De 16 a 18 de maio, a comitiva brasileira participou dos debates organizados na Johns Hopkins University/Washington e na Columbia University- ILAS (Institute of Latin American Studies), em Nova Iorque.
O professor Luiz Roberto participou do evento de Lançamento do Prêmio Novos Talentos das Américas, coordenado pelo Fórum do Futuro e, especialmente, da reunião para debater a produção sustentável de alimentos, na sede do Banco Mundial, que resultou na Carta de Washington.
O Prêmio Novos Talentos para o Alimento Sustentável – Américas é realizado em parceria com o Banco Mundial, o Instituto Interamericano para Cooperação Agrícola (IICA), Embrapa, Fapemig, Fapeg e as universidades federais de Lavras (UFLA), Viçosa (UFV) e Piracicaba (Esalq). A intenção da iniciativa, ampliada para todo o continente americano, é despertar a atenção dos jovens pesquisadores de todas as áreas do conhecimento para os desafios da agricultura sustentável – produzir mais com o uso otimizado de recursos escassos.
O professor da UFLA também participou do painel de debate “Uso da Terra, Ampliação da Sustentabilidade e Água”, no Center for Strategic and International Studies (CSIS), na Johns Hopkins University, em Washington.
Participou ainda de mesa-redonda no Institute of Latin American Studies da Universidade de Columbia, apresentando palestra com o tema “Agricultura como produtora de ambiente: A gestão territorial e o desafio da inovação sustentável na ampliação da produção de alimentos”, em Nova Iorque.
Como resultados dessas ações, os participantes da Missão acordaram sobre a redação de um livro, a ser editado pelo IPEA, que trará textos pertinentes às áreas de atuação de cada um dos convidados para a Missão.
Visibilidade e cooperação internacional
O evento teve a representação de cientistas, lideranças empresariais, personalidades do mundo acadêmico e integrantes do Instituto Fórum do Futuro, unidos no desafio de propagar as alternativas para o desenvolvimento sustentável. A proposta inclui a difusão do desafio global: mais alimentos, mais sustentabilidade, durante o Road Show, nos Estados Unidos.
“O grande desafio é prosseguir alinhando o Brasil ao processo civilizatório global, cada vez mais pautado por valores universais consagrados. E, desta forma, conseguir traduzir em desenvolvimento social, econômico e ambiental o melhor que a presente oportunidade do cenário da demanda mundial nos oferece”, destaca o presidente do Fórum do Futuro, Alysson Paolinelli, professor emérito da UFLA e estudioso do bioma Cerrado, que encabeça a missão do grupo de cientistas.
A FAO aponta que até 2050 o Brasil terá que aumentar a produção de alimentos de forma a contribuir para atender a pelo menos 40% da demanda adicional, que cresce em decorrência do aumento da população e da expectativa de vida e da inclusão de novas parcelas da população pelo aumento da renda e migração de contingentes rurais para áreas urbanas.
O papel do Fórum do Futuro é demonstrar que é econômica e cientificamente possível alcançar esses objetivos sem recorrer ao desmatamento ilegal. A mensagem que esses cientistas levaram para o Banco Mundial, a FAO e as instituições que participam da Agenda de Washington é que o Brasil está pronto para compartilhar o conhecimento que já conquistou e que pode ser colocado a serviço de áreas vitais semelhantes ao Cerrado, na produção de alimentos harmonizando a questão da natureza, sustentabilidade e aumento da produtividade.
A ciência brasileira, representada por esse grupo de cientistas, deseja promover uma aliança com os pesquisadores americanos, da Europa, e, em seguida, da Ásia na construção de diagnósticos e na proposição de soluções que atendam aos anseios e preocupações da humanidade por parâmetros sustentáveis de produção.
O Fórum propõe a criação de plataformas científicas em biomas específicos, nas quais os pesquisadores das universidades e dos centros de pesquisa atuarão em trabalhos integrados. Trata-se, portanto, de um espaço de reflexão científica.
“É imperioso que o conjunto das nossas sociedades percebam a Integração da Ciência, da Natureza e do Desenvolvimento como uma ferramenta primordial do avanço civilizatório”, destaca Paolinelli. Pela primeira vez a comunidade científica faz um chamamento à participação da sociedade nos debates que irão colocar o país no centro das discussões sobre o tema sustentabilidade.
A prática científica vai além do aprimoramento de tecnologias e estratégias na área da produção. O desafio é aproximar a percepção da opinião pública urbana interna – o sistema produtivo do conjunto do projeto brasileiro de sociedade, rompendo com resistente muro virtual que separa injustificadamente os mundos rural e urbano. E, no plano internacional, fomentar parcerias científicas e tecnológicas que estimulem e aprofundem o conhecimento sobre os seis biomas principais, dentro do conceito de Integração Ciência, Natureza e Desenvolvimento.
Clique e leia a íntegra da CARTA DE WASHINGTON