Simpósio Brasileiro de Doenças Negligenciadas reuniu mais de 400 participantes na UFLA

abertura-negligenciadasMobilizando um público aproximado de 430 participantes na Universidade Federal de Lavras (UFLA), o III Simpósio Brasileiro de Doenças Negligenciadas despertou as atenções de profissionais, pesquisadores e estudantes para doenças que representam graves problemas de saúde pública. Foram promovidos 7 minicursos, 13 palestras e 40 apresentações de trabalhos científicos (oral e pôster). O grupo “Meninas Cantoras de Lavras” marcou a programação cultural, apresentando-se na quinta-feira (19/5), durante a abertura oficial do evento.

De acordo com a presidente do Simpósio, e chefe do Departamento de Ciências da Saúde (DSA), professora Joziana Muniz de Paiva Barçante, o evento superou as expectativas. “Temos recebido muitos e-mails que ressaltam a qualidade científica e de organização do Simpósio. O Ministério da Saúde, que vem apoiando a realização das atividades, já manifestou interesse em fortalecer a parceria para o próximo ano. A tendência é de crescimento das ações, para que a Universidade possa contribuir ainda mais com o debate sobre o tema”, diz.

Em 2016, a organização do Simpósio garantiu inscrições gratuitas a 173 profissionais da área de saúde de Lavras e região, e para estudantes da UFLA em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Entre os profissionais da região que marcaram presença estavam aqueles de Campo Belo, Campos Gerais, Ijaci e Bom Sucesso. Os prelecionistas que discutiram os temas da programação vieram de diferentes estados, como Amazonas, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco, São Paulo e Minas Gerais.

A UFLA promoveu o evento por meio de organização feita pelas equipes do Laboratório de Biologia Parasitária (Biopar), do Núcleo de Estudos em Parasitologia (NEP) e do PET Biopar.

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As “Meninas Cantoras de Lavras” se apresentaram durante a abertura oficial do Simpósio, no dia 19/5.

Abertura oficial

Na quinta-feira (19/5), a abertura oficial das atividades foi conduzida pelo reitor da UFLA, professor José Roberto Soares Scolforo, acompanhado da professora Joziana; do representante do DSA, professor Rafael Neodini Remedio e do presidente do Núcleo de Estudos em Parasitologia (NEP), o estudante Tarcísio de Freitas Milagres. Também integraram a mesa de honra da solenidade a representante da Coordenação Geral de Hanseníase e Doenças em Eliminação, ligada à Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde  – Larissa Schutz; e a secretária adjunta de Saúde de Lavras, Ana Márcia Moura Vale de Oliveira.

Ao referir-se à importância do tema do evento, o reitor lembrou e reafirmou a proposta do curso de Medicina da UFLA de formar profissionais de excelência, capacitados no campo teórico e prático, e comprometidos com questões de cidadania e solidariedade. Para ele, a promoção de um evento que tem como tema as doenças negligenciadas, unindo profissionais e acadêmicos em torno do conhecimento científico, é uma das ações pelas quais a Universidade deve dar sua contribuição à sociedade. A posição é compartilhada pela professora Joziana, que citou o fato de essas doenças serem endêmicas às populações de baixa renda e continuarem como uma das principais causas de morte e incapacitação no mundo.

Ao desejar boas-vindas ao público, Tarcísio leu um poema que trata dos sentidos da palavra amor, deixando latente a mensagem de que a organização do evento é fruto da dedicação de toda uma equipe, que se move não por interesses particulares, mas pelo gosto de trabalhar com o tema. Parabenizando a instituição pela iniciativa, Larissa Shutz expressou a preocupação do Ministério da Saúde em dar visibilidade às doenças negligenciadas, já que o fato de parte delas estar em eliminação exige que se redobre os esforços e a vigilância para que não haja novo aumento da morbidade. “Muitas vezes, por serem consideradas em eliminação, há um recuo nos cuidados e na prevenção, levando a novas incidências. Por isso, não temos dúvidas quanto à relevância deste evento”.

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Palestra proferida no sábado (21/5), sobre Zika Vírus.

Palestras
As 13 palestras, realizadas ao longo de dois dias, abordaram temas específicos relacionados a doenças causadas por agentes infecciosos e parasitários, definidas como doenças negligenciadas; entre as doenças tratadas durante o evento estão a leishmaniose, a dengue, a toxoplasmose e as filarioses.

Na abertura, a conferência foi proferida pelo professor da Universidade Federal do Ceará Alberto Novaes Ramos Júnior. O tema abordado foi “Agendas inconclusas para controle de doenças tropicais negligenciadas: cenários e desafios no Brasil”. Entre as informações compartilhadas com o público estavam questões históricas, indicadores envolvendo as doenças negligenciadas, pesquisas feitas na área, desafios do Brasil e reflexões sobre aspectos sociais e políticos que impactam na prevenção e combate a essas doenças.

Já no dia de encerramento (21/5), o Zika Vírus, objeto de grande preocupação pública recente, foi tema da palestra proferida pelo pesquisador em Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Rafael Freitas de Oliveira Franca. Ele falou das caraterísticas da família de vírus à qual o Zika pertence e explicou que parte do acervo de conhecimentos utilizado para estudá-lo vem da experiência com o vírus da Dengue. Ambos pertencem à família dos Flavivírus. O pesquisador esclareceu também sobre sintomas da doença transmitida pelo Zika Vírus, sobre formas já identificadas de transmissão e sobre desdobramentos como a microcefalia e a síndrome de Guillain-Barré. Rafael citou, ainda, o destaque que o Brasil tem ganhado no mundo pelos resultados que vem obtendo com as pesquisas relacionadas à doença.

De forma geral, os assuntos tratados durante todas as palestras estiveram comprometidos com a relevância pública das doenças negligenciadas e em eliminação. São doenças que tendem a afetar principalmente a população de baixa renda, constituindo simultaneamente causa e consequência da pobreza. Elas também não despertam o interesse econômico das grandes indústrias farmacêuticas para a produção de medicamentos e vacinas e carecem de investimentos para profilaxia, tratamento e pesquisas.

Com informações de Natália Jubram Zeneratto, bolsista Proat/Ascom/DBI/DEN.