Renato Lopes Previdelli, ex-aluno do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Lavras (UFLA) conquistou o primeiro lugar no prêmio do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD), que anualmente homenageia os estudantes estrangeiros de pós-graduação que se distinguem pelo desempenho acadêmico e envolvimento na comunidade. Renato foi um dos primeiros estudantes da UFLA a participar do Programa Ciências sem Fronteiras durante a graduação nos Estados Unidos, sendo aprovado direto para o doutorado.
Atualmente, Renato é estudante de PhD na Universidade Livre de Berlim, Alemanha, no programa de pós-graduação em Ciências Biomédicas. Sua tese de doutorado, em andamento, sob orientação do professor Benedikt do Instituto de Virologia da Faculdade de Medicina Veterinária, tem como ênfase os fatores virais envolvidos na replicação e integração do Vírus da Doença de Marek, agente causador de uma doença de aves de caráter oncogênico e infeccioso. Seu programa de doutorado tem o financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), sendo realizado por meio do Programa Ciências sem Fronteiras.
O envolvimento de Renato foi muito além da pesquisa. Em 2015 ele trabalhou por um mês, aos domingos, como voluntário em um campo de refugiados em Berlim, onde foi responsável pela distribuição de alimentos. Também foi voluntário no Christian Veterinary Mission (CVM), em Honduras, durante duas semanas, em 2012. O CVM é uma instituição cristã americana, que recruta estudantes e profissionais de Medicina Veterinária para atuarem em países subdesenvolvidos, promovendo o cuidado animal e tratamentos básicos aos animais da população carente local.
“Ser voluntário é uma oportunidade de você poder contribuir para a sociedade da sua maneira. Esse tipo de engajamento social é a melhor forma de não nos sentirmos desesperançosos. Aprendi que pessoas que fazem serviço voluntário são de um valor inestimável. Nunca imaginei que trabalho voluntário poderia trazer tantos benefícios, tanto no âmbito pessoal como profissional, já que empresas e instituições valorizam muito essa prática. Percebi o motivo disso conforme fui participando de trabalhos voluntários no Brasil e no exterior”, relata Renato.
O envolvimento do estudante em trabalhos voluntários teve relevância para obter o prêmio do DAAD pois, além da nota, do número de créditos, das atividades extracurriculares e das atividades acadêmicas de docência, também é levado em consideração o engajamento social. Somente o estudante destaque, classificado em primeiro lugar, ganha o prêmio.
“Quando eu recebi um e-mail dizendo que eu estava competindo para o prêmio eu não tinha esperanças de que as minhas chances fossem altas, justamente porque havia outros estudantes europeus muito bem qualificados e com excelentes recordes acadêmicos”, comenta Renato.
No dia 16 de julho Renato Previdelli foi notificado que estava entre os quatro melhores alunos internacionais, sendo o único brasileiro entre os estudantes nomeados. “Além disso, me disseram que eu teria que comparecer na cerimônia de graduação dos Doutorandos de 2016, ocasião em que seria anunciada a nomeação do primeiro lugar do prêmio DAAD de 2016”, conta.
A cerimônia de premiação foi realizada no dia 22 de julho deste ano. Renato relata que já estava ansioso, e assim que começaram a falar sobre o prêmio, ficou ainda mais nervoso. “Quando vi meu nome e minha foto na tela com a nomeação do primeiro lugar do prêmio, fiquei sem palavras. Meus amigos começaram a me parabenizar e, em seguida, me levantei para buscar o prêmio entregue pelo professor-diretor da Faculdade de Medicina Veterinária. Só depois de uns 10 minutos que a minha ficha caiu. Professores dos outros institutos e faculdades, assim como os outros estudantes internacionais, até mesmo pessoas que eu não conhecia, vieram me dar os parabéns e perguntaram de onde eu vinha e onde eu havia estudado Medicina Veterinária”- comenta Renato sobre o grande momento da premiação.
Renato relata que a UFLA foi seu ponto de partida, onde ele adquiriu todo o conhecimento em Medicina Veterinária e construiu toda a sua base acadêmica. Durante a graduação ele teve a oportunidade de realizar diversas atividades: monitoria; estágios extracurriculares; iniciação científica; participou de empresa júnior e membro de grupo de estudos. Além disso, participou da primeira turma de graduação da UFLA a ir aos EUA pelo Programa Ciência sem Fronteiras, em 2012.
“A UFLA me proporcionou muitas oportunidades para eu chegar onde eu estou, e por isso sou muito grato aos excelentes professores e amigos que tive durante meu tempo em Lavras, em especial ao meu orientador Marcos Mattos, que sempre me estimulou a crescer academicamente e abraçar novas oportunidades internacionalmente”, afirma Renato.
O professor Marcos Mattos, do Departamento de Medicina Veterinária da UFLA, relata que Renato sempre foi um aluno diferente, com objetivos claros, traçava uma meta e fazia o possível e impossível para alcançar. “Ser seu orientador foi um desafio, pois o que era novidade para ele também era para mim, e juntos superamos todos os obstáculos Quando ele se candidatou para o doutorado, direto da graduação, também comprei a briga. Hoje somos mais que orientador e aluno, somos amigos que dividem as vitórias e conquistas. Muito difícil falar sobre um amigo, ex-aluno, que admiro tanto, além de tudo é super educado, alegre, enfim, quero que meus filhos sejam a metade do que ele é”, comenta o professor.
Texto: Camila Caetano – jornalista/ bolsista UFLA