O projeto de extensão “Vozes da África”, coordenado pelo professor Gilmar Tavares, da Universidade Federal de Lavras (UFLA), celebra mais um resultado surpreendente. Diferente dos projetos de extensão convencionais, os resultados do projeto Vozes da África têm ido muito além da formação e transferência de tecnologia. O que se percebe, ao longo do tempo, é uma transformação na forma de pensar e agir de toda uma população, que conquista novos índices de desenvolvimento por meio do conhecimento.
Uma grande mudança de paradigma. Essa é justamente a meta que vem sendo alcançada com êxito no projeto Vozes da África, por meio de um trabalho cuidadoso de compreender o contexto social e cultural da população atendida, prioritariamente, da República Democrática do Congo. Um desses resultados está no compartilhamento de informações por meio dos técnicos que participaram da capacitação em Agroecologia, Agricultura Familiar e Extensão Universitária, na UFLA, no âmbito do Projeto Vozes da África. Os profissionais capacitados têm sido multiplicadores do conhecimento.
Nathalie Kapunga, presidente da organização “Solidariedade Feminina” da província de Maniema, na República Democrática do Congo tem relatado uma experiência singular, por meio de mensagens enviadas ao professor Gilmar Tavares. Ela comenta nas mensagens que um dos técnicos capacitados na UFLA em 2012, Omar Babene (Instituto Tecnológico da República Democrática do Congo – Inera) tem auxiliado o grupo de agricultores familiares a encontrar soluções por meio de tecnologias socioambientais. A prática tem sido exitosa no combate a diversas pragas e tem despertado muito interesse e mobilização das pessoas que compõe a organização.
“Encontramos a solução para insetos que destroem repolho, aipo, abóbora, folhas de batata-doce, berinjela…, a partir da mistura de pequenas pimentas das florestas, “amassadas” com alho e água que pulverizamos sobre as plantas”, relata. Todavia, a solução não é sempre a mesma para todas as culturas. Eles têm testado diferentes materiais para a composição de vários produtos, incluindo biofertilizante líquido e em pó. As práticas da agroecologia adotadas incluem as armadilhas caseiras para captura de moscas-brancas e ações de manejo de restos de lavouras/capinas.
Outro desafio dos agricultores está relacionado à qualidade das sementes. Neste sentido, o engenheiro também tem usado a capacitação na UFLA para encontrar os problemas que têm afetado a germinação, assim como as práticas adequadas de manejo do solo.
Para o professor Gilmar Tavares, mais uma grande conquista. Para ele, saber que a capacitação não se limita aos profissionais que têm a chance de visitar a UFLA, mas que esse conhecimento é compartilhado e multiplicado entre diferentes comunidades e províncias é um resultado de valor inestimável.