O professor do Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Lavras (DEG/UFLA) Mateus Pimentel de Matos, que atua na área de Saneamento Ambiental, participou neste mês do ‘15th IWA Specialist Conference on Wetland System for Water Pollution Control’, organizado pela Internacional Water Association (IWA), no Centro Europeu de Solidariedade em Gdańsk, Polônia. O evento bienal trata de uma das mais promissoras técnicas de tratamento de águas contaminadas: os Sistemas Alagados Construídos, também denominados Wetlands Construídos.
No evento, o professor apresentou dois trabalhos: ‘Clogging in Constructed Wetlands: Estimation of medium porosity by ground-penetrating radar’ e ‘Difficulties and modifications in the use of available methods for hydraulic conductivity measurements in highly clogged horizontal subsurface flow constructed wetlands’, trabalhos gerados durante o seu doutorado em Saneamento na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sob orientação do professor Marcos von Sperling, e co-orientação do professor Antonio Teixeira de Matos.
Também são co-autores dos trabalhos, os professores Paulo Roberto Antunes Aranha e Gustavo Ferreira Simões, ambos da UFMG; André Baxter Barreto e Gabriel Rodrigues Vasconcellos, doutor e mestre, respectivamente, pela mesma instituição; além dos acadêmicos de Engenharia Civil, pela UFMG, Mateus Alves Santos, Frederico Duarte Baião e Priscilla Dutra Dias.
Mateus explica que os Sistemas Alagados Construídos têm sido um dos tratamentos mais estudados atualmente. “No Brasil, já existe um grupo de estudos denominado “Wetlands Brasil“, que realiza simpósios bienais voltados para discussão do tema”, complementa.
“Simulando áreas alagadas naturais, os Sistemas Alagados Construídos podem ser definidos como reatores dotados de meio suporte para filtração e retenção de sólidos, alguns íons, bem como fixação de microrganismos que irão proporcionar remoção da matéria orgânica, presentes na água residuária em tratamento, além de plantas para extração de poluentes dessa água. Dessa forma, aliam grandes eficiências de remoção à produção de massa verde e harmonia paisagística, constituindo técnica difundida no mundo inteiro, sobretudo para tratamento de águas de drenagem urbana”, explica o professor.
O professor relata que como todo filtro biológico, o sistema tem entupimento dos espaços vazios, ao longo de sua operação, o que requer estudos para maior entendimento desse fenômeno, denominado colmatação (clogging) e de técnicas que promovam a desobstrução do espaço poroso drenável das unidades. Com o intuito de atender ao primeiro objetivo, foi desenvolvida a tese do professor Mateus Pimentel de Matos, sendo parte dos resultados apresentados no referido Congresso da IWA.
Segundo o professor, a medição da condutividade hidráulica da maneira como é feita hoje, não proporciona resultados condizentes com a colmatação observada nas unidades, requerendo modificações, como foi sugerido no trabalho ‘Difficulties and modifications in the use of available methods for hydraulic conductivity measurements in highly clogged horizontal subsurface flow constructed wetlands’.
“Com base nos resultados gerados por diferentes métodos avaliados, foi proposta a avaliação dessa propriedade utilizando cestas móveis, que são inseridos nos reatores, e podem ser removidas para avaliação em laboratório, simulando melhor as condições ocorridas nos sistemas alagados construídos. Outra possibilidade de caracterização das condições existentes é por meio do uso do equipamento Georadar, que cria imagens do ambiente subterrâneo pela emissão de ondas eletromagnéticas”, explica Mateus.
Já no trabalho “Clogging in Constructed Wetlands: Estimation of medium porosity by ground-penetrating radar“, o professor utilizou a metodologia para Sistemas Alagados Construídos, desenvolvendo equações para estimar o grau de obstrução das unidades, obtendo resultados consistentes com a realidade.
Mateus Pimentel
Engenheiro agrícola e ambiental pela Universidade Federal de Viçosa (UFV); mestre em Recursos Hídricos no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola pela UFV; doutor em Saneamento pela UFMG. Desde novembro de 2015, é professor do Departamento de Engenharia da UFLA, Núcleo de Engenharia Ambiental e Sanitária, atuando na área de Saneamento Ambiental, com foco em tratamento e disposição final de águas residuárias e resíduos sólidos, aproveitamento agrícola e controle da contaminação de solos e águas subterrâneas e superficiais. Os Sistemas Alagados Construídos têm sido tema de pesquisas do professor, desde a sua graduação.
Camila Caetano – jornalista/ bolsista UFLA, com a colaboração direta do professor Luiz Fernando Coutinho de Oliveira (DEG/UFLA).