“Levar como bandeira a fé inabalável de que podemos contribuir para um mundo mais humano e solidário, onde nenhuma criança ou adolescente passe por situações de vulnerabilidade, criando frentes de solidariedade sem fronteiras políticas, religiosas ou étnicas”. Essa é a missão da organização Fraternidade sem Fronteiras, que atua desde 2009 em centros de acolhimento para amenizar a fome e a pobreza em Moçambique.
Seguindo os fundamentos do projeto extensionista participativo ‘Vozes da África’, o professor Gilmar Tavares foi convidado pela Organização Fraternidade sem Fronteiras a desenvolver amplo projeto de segurança alimentar permanente com os agricultores familiares da comunidade moçambicana de Muzumuia, distrito de Gaza, com ênfase em Agroecologia, Agricultura Familiar e Extensão Universitária Inovadora.
Professor aposentado da UFLA, com atuação voluntária em projetos de extensão, Gilmar Tavares aceitou prontamente o desafio e a missão de trabalho em Moçambique já está agendada para o período de 14 a 26 de outubro, promovida e financiada pela ONG Fraternidade sem Fronteiras.
A ação vai incluir uma parceria já desenvolvida com a Escola Superior de Desenvolvimento Rural da Universidade Eduardo Mondlane em Maputo – Esuder/Moçambique. Com os mesmos princípios e objetivos de capacitar os agricultores locais, Gilmar Tavares já orientava os membros da Esuder na formação da primeira Unidade Experimental Participativa (UEP), com o objetivo de oferecer um espaço físico de aprendizado participativo para o desenvolvimento e aplicação de tecnologias socioambientais. Os membros da Esuder poderão ser capacitados juntamente com os membros da ONG, durante a próxima missão de trabalho em Moçambique.
Apoio institucional
Na terça-feira (27/9), o reitor da UFLA, professor José Roberto Scolforo, participou de reunião com representantes da organização Fraternidade Sem Fronteiras, para apresentação da iniciativa. Na oportunidade, estavam presentes: o presidente da FSF, Wagner Moura Gomes; voluntário e coordenador de divulgação no Estado de São Paulo, Ranieri Dias; voluntário do projeto Claudinei Massanori Fukamatsu; o doutorando moçambiquenho Armando Abel Massingue (DCA/UFLA), representando a Esuder; o professor Gilmar Tavares e a chefe de gabinete, professora Joziana Barçante.
O presidente da FSF, Wagner Gomes, lembrou que o princípio da organização é ir além de ações assistencialistas, proporcionando o desenvolvimento por meio da educação. Ele explicou que Moçambique foi escolhido por apresentar um dos piores índices de desenvolvimento humano do mundo (IDH), com alto índice de contaminação por HIV, casos graves de desnutrição e elevado número de crianças órfãs. “A fraternidade é o motivador da mudança. Primeiro é preciso alimentar, depois ensinar a pescar e a vender o peixe”, reforçou.
A notória disposição do reitor em apoiar a parceria e também de defender suas iniciativas na Agência Brasileira de Cooperação (ABC/Itamaraty), foi recebida positivamente pelos participantes. Scolforo mostrou-se sensível à causa, reforçando o papel social da Universidade e a possibilidade de ampliar ainda mais a parceria para a participação de estudantes e o atendimento de outras demandas.
Para o professor Gilmar Tavares, a iniciativa pode ser justificava pelas palavras de Albert Einstein: “Não basta ensinar ao homem uma especialidade, porque se tornará assim uma máquina utilizável e não uma personalidade. É necessário que adquira um sentimento, um senso prático daquilo que vale a pena ser empreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente correto”. E finalizou com duas referências: Samuel R. Gammon e de Benjamin Hunnicut: “Dedicado à glória de Deus e ao progresso humano” e também Bertolt Brechet “A única finalidade da ciência é aliviar o sofrimento da existência”.
Missão de trabalho e próximos passos
Entre os temas que serão abordados na capacitação: biofertilizantes e biofertilização; Compostagem; Filtro de água agroecológico; Controle biológico de pragas e doenças das lavouras; Tratamento de dejetos humanos; Tratamento de dejetos de suínos; Criação de Cooperativas de pequenos produtores; Manejo e armazenamento da pequena produção agrícola; Pasteurização familiar do leite de cabra; Irrigação com Carneiro Hidráulico; Agrofloresta; Energia Alternativa; e outras temáticas a serem definidas, oportunamente, conforme expectativas dos comunitários.
Em seguida, deverão ser instaladas as unidades experimentais participativas em Muzumuia, no oeste, a ser coordenada pela ONG-FSF e, no leste, em Nhamuxixe, município de Vilankulo, que será coordenada pela Esuder.