Melhorias no aprendizado de anatomia: UFLA e Polícia Civil assinam termo para o recebimento de cadáveres

Reitor da UFLA, professor José Roberto Scolforo, e o chefe do 6º Departamento de Polícia Civil em Lavras, Pedro Paulo Uchôa Fonseca Marques

A Universidade Federal de Lavras (UFLA) avança mais uma vez no aprimoramento dos cursos da área de saúde da instituição. Na manhã desta quinta-feira (6/4) ocorreu a assinatura do “Termo de Credenciamento para recebimento de cadáver não reclamado”, estabelecido entre a UFLA e a Polícia Civil de Minas Gerais. Essa nova parceria possibilitará o recebimento de corpos reais que serão utilizados nas aulas de anatomia, em especial do curso de Medicina.

A anatomia é uma disciplina de extrema importância para a formação dos profissionais da área da saúde. Para o chefe do Departamento de Ciências da Saúde (DSA), professor Thales Augusto Barçante, esse convênio será fundamental para o futuro da Universidade, possibilitando inúmeras melhorias no ensino. “Esta será uma parceria estratégica, com uma troca mútua de benefícios. Devo ressaltar que este termo é fruto do esforço e dedicação do nosso reitor, que não mediu esforços para que isso fosse possível e, da Polícia Civil, que se mostrou predisposta a nos atender. Temos que valorizar as pessoas que se dedicam ao bem comum”, comentou. Na ocasião, o professor Thales destacou a frase: “Aqui a morte se alegra de socorrer a vida”, sempre presente nos laboratórios de anatomia das instituições de ensino. 

Assinatura do Termo de Credenciamento entre a Polícia Civil e a UFLA, no Salão dos Conselhos

Ao longo dos últimos tempos, tem sido constatada a dificuldade em se conseguir cadáveres para as universidades. Para minimizar esse problema, há programas computacionais e modelos anatômicos que são utilizados nas aulas em diversas atividades, como prática de técnicas de ressuscitação. No entanto, não equivalem ao corpo humano real. Através da doação de corpos, as instituições conseguem a qualidade no ensino da anatomia e assim formam profissionais melhor qualificados.

O chefe do 6º Departamento de Polícia Civil em Lavras, Pedro Paulo Uchôa Fonseca Marques, salientou a dificuldade de se conseguir a doação de corpos no Brasil. “Estudos mostram que o indicado é de que haja um corpo para cada seis alunos. Mas, isso é impossível. Temos relatos de Universidades que possuem um corpo para cada 180 alunos. Isso dificulta os estudos na Medicina. Então, ficamos satisfeitos em poder colaborar de alguma forma com a sociedade, e temos muito interesse em trabalhar com essa interdisciplinaridade. Esperamos estabelecer novos convênios com a Universidade”.

Também estiveram presentes na mesa de honra, a vice-reitora, professora Édila Von Pinho; a chefe de gabinete da reitoria, professora Joziana Muniz de Paiva Barçante, e o diretor de Contratos e Convênios, Fábio Costa Lasmar

O reitor da UFLA, professor José Roberto Scolforo, também destacou a complexidade do trabalho realizado para chegar à formalização do termo e enfatizou o benefício incalculável para a Universidade. “Esse acordo significa uma das maiores garantias de que manteremos o padrão UFLA de qualidade, formando estudantes qualificados, que prestarão um serviço com segurança, pois terão na Universidade uma excelente prática. Agradeço à Polícia Civil, por possibilitar essa parceria, que será uma contribuição fantástica para com a sociedade brasileira, pois esses estudantes após formados migram para outras regiões. Compartilhamos felicidade nesse momento, mas a nossa luta permanece e continuaremos avançando”.

“Ao curvar-te com a lâmina rija de teu bisturi sobre o cadáver desconhecido, lembra-te que este corpo nasceu do amor de duas almas; cresceu embalado pela fé e esperança daquela que em seu seio o agasalhou, sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens; por certo amou e foi amado e sentiu saudades dos outros que partiram, acalentou um amanhã feliz e agora jaz na fria lousa, sem que por ele tivesse derramado uma lágrima sequer, sem que tivesse uma só prece. Seu nome só Deus o sabe; mas o destino inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir a humanidade que por ele passou indiferente” (Karl Rokitansky/1876)- oração mencionada pelo professor Thalles Barçante em respeito ao cadáver não reclamado.

  

Texto: Camila Caetano, jornalista- bolsista Dcom/Fapemig. 

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