A Universidade Federal de Lavras (UFLA) realizou na última semana, entre os dias 24 e 28 de abril, a Primeira Semana de Planejamento e Formação Docente. Sua programação trouxe sete fóruns de discussão, cinco oficinas, quatro palestras, três mesas de debate, e dois cursos de formação continuada.
Foram mais de 200 inscritos, que estiveram no evento presencialmente, e ainda cerca de 300 participantes online. Em nove momentos houve a transmissão ao vivo, totalizando em 22 horas. A Diretoria de Educação a Distância (Dired) realizará, nos próximos dias, a edição dos vídeos adaptando-os para livre acesso da comunidade UFLA e do público externo.
O pró-reitor de Graduação, professor Ronei Ximenes Martins ressalta a contribuição de diversos docentes, coordenadores de cursos e técnicos da UFLA, bem como de cinco professores vindos de outras Universidades. “Os docentes que não tiveram chance de participar das atividades da programação principal puderam contribuir com reflexões e sugestões que visam ao aprimoramento dos cursos de graduação. Foram realizadas reuniões em departamentos e encontros planejados pelos colegiados dos cursos. Vamos reunir, as sugestões e críticas que foram obtidas nas reuniões conduzidas pelos colegiados e discutiremos os resultados obtidos”, destaca.
Projeto Pedagógico Institucional (PPI) e inovação na universidade
Um dos primeiros destaques do evento foi o fórum de discussão “Projeto Pedagógico Institucional (PPI) e inovação pedagógica na universidade”, que contou com a participação do pró-reitor de Graduação, professor Ronei Ximenes Martins, e do diretor de Desenvolvimento e Avaliação de Ensino (Dade), professor Antônio Araújo Andrade, realizado no dia 24/4. Na ocasião, eles abordaram o PPI, que tem o objetivo de guiar a UFLA para novas perspectivas de ensino, um documento que define as políticas e diretrizes para a organização pedagógica da Universidade.
Uma das discussões foi sobre o desenvolvimento estratégico de ensino, com metodologias novas, interdisciplinaridade e uma possível flexibilização da carga horária, possibilitando maior autonomia para os alunos se dedicarem a atividades extras e/ou eletivas em outras áreas de interesse, tendo em vista a qualidade do ensino.
Ronei explicou que a questão da carga horária será uma negociação constante, na qual todos devem pensar no que trará melhores resultados no curso como um todo. Além disso, fica o incentivo para a busca constante de melhorias, respeitando todas as diretrizes as quais a instituição está submetida.
As novas formas de ensinar e aprender
Também esteve presente no evento o professor Jorge Nei Brito, da Universidade Federal de São João (UFSJ), que abordou, no dia 25/4, as novas formas de ensinar e aprender. O autor da palestra trabalha com ensino a distância e com formas diferentes de se ensinar engenharia na universidade, e compartilhou suas experiências e conhecimentos. Alguns dos métodos utilizados e citados pelo professor foram: AVA, vídeo aulas, biblioteca virtual, web quest, áudio e vídeo conferência, fóruns e chats, podcasts e blogs.
“A educação e a aprendizagem estão em permanente mudança e é assim que deve ser. Só pra ilustrar, no modelo industrial tinha-se a ideia de educar o mais rápido possível o maior número de pessoas, de forma uniforme, para atender as demandas da época. Essa cultura já mudou e isso deve refletir no ensino também. Estamos em um cenário onde desponta a grandeza da tecnologia moderna. Urge nesse ínterim, o ensino a distância, aberto e flexível, tendo como denominador comum a tecnologia”, relatou Jorge Brito.
Curso de Formação Continuada
Ainda no dia 25/4 foi realizado o primeiro dia do “Curso de Formação Continuada”, conduzido pelas professoras Francine de Paula Martins e Catarina Dellapicula, ambas do Departamento de Educação (DED/UFLA). O curso contará com seis encontros quinzenais, totalizando uma carga horária de 20h, e possui como público alvo os docentes da instituição.
Os objetivos são, segundo a professora Catarina, fomentar as discussões a cerca da docência no ensino superior junto aos professores da UFLA e ampliar as ações de qualificação dos processos de ensino e aprendizagem do aluno na sala de aula, criando um espaço seguro para compartilhar experiências e pensar em como superar os desafios. Segundo a professora Francine, o curso se pauta nas ideias de alguns autores que defendem a formação a partir do locus de trabalho como busca de alternativas para resolução da prática pedagógica.
Metodologias ativas de aprendizagem
No dia 26/4, o coordenador de Recursos Educacionais, professor Alexandre José de Carvalho Silva, atuante na área de educação a distância da UFLA, desde 2010, apresentou aos docentes ferramentas para criação de videoaulas, com dicas sobre programas e recursos que podem ser utilizados. Alexandre mostrou como a educação pode ser mediada pela tecnologia por meio do “Campus Virtual”, com o objetivo de incentivar os docentes a ter autonomia, produzindo os seus próprios vídeos por meio dos recursos que a UFLA disponibiliza.
Assim, com o avanço da tecnologia em todos os setores que dizem respeito à civilização, cresce também a demanda por metodologias de ensino diferenciadas que correspondam às expectativas dos discentes. Esse foi o ponto abordado também no dia 26/4 por Sayonara Ribeiro M. Cruz (Dade/UFLA) e Warlley Ferreira Sahb (Dired/UFLA).
A aplicação de metodologias ativas, segundo os palestrantes, se faz gradualmente dentro de uma universidade onde os métodos tradicionais já são utilizados desde os primórdios da formação da instituição. Por isso, é necessário que se faça primeiro uma estruturação educacional do corpo docente sobre o panorama de aprendizado dos alunos dentro das técnicas já utilizadas, bem como nas que serão incorporadas dentro das salas de aula.
Segundo Warlley, uma das formas de aplicar todos os tipos de metodologias ativas é utilizando o chamado “Ensino Híbrido”, que corresponde ao uso de tecnologias no âmbito do aprendizado, possibilitando ao aluno algum tipo de controle com relação ao tempo, lugar e caminho de sua aprendizagem. Alguns exemplos citados foram: sala de aula invertida, modelo de rotação, modelo de rotação individual, etc.
Para manter uma atualização constante do corpo docente, será criado um espaço no Câmpus Virtual com encontros e materiais explicativos sobre modelos diversificados que podem ser aplicados em sala de aula. “É importante principalmente saber qual o nível de aceitação também dos professores sobre as técnicas de ensino a serem utilizadas, pois é deles que irá partir toda e qualquer metodologia utilizada, portanto manter contato e ouvir o docente sobre seus questionamentos, dúvidas, experiências é essencial”, relataram.
Avaliação e docência do Ensino Superior
No dia 27/4, o pró-reitor de Graduação, professor Ronei Ximenes Martins, realizou uma palestra com o tema “Avaliação do Ensino Superior”. Foi conceituado o termo avaliar e destacados ciclos avaliativos como o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), o Conceito Institucional (CI), o Conceito de curso (CC) e suas formas de avaliação.
Ainda no dia 27/4, houve a palestra da professora Giseli Barreto Cruz, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sobre “Docência no Ensino Superior Universitário – O processo de ensino aprendizagem e suas práticas pedagógicas”. Segundo a professora, é necessário esboçar ângulos epistemológicos que estruturam a Didática e o lugar que esta ocupa na base do conhecimento profissional docente. “É necessário reconhecer que para ensinar não é suficiente saber o conteúdo, mas também as razões pelas quais se ensina da forma que se ensina. Nesse sentido, o domínio da Didática é importante para ensinar em qualquer nível de ensino, inclusive no superior”, esclareceu.
Leia mais sobre a abertura do evento e a programação completa
Camila Caetano- jornalista, bolsista Dcom/ Fapemig.
Cobertura do evento: bolsistas Proat/Dcom: Bruna Rosaria; Fernanda Valadão; Giulya Almeida; Marina Chaves e Thays Alves.