O segundo Simpósio de Solos da Universidade Federal de Lavras (UFLA) teve início nessa terça-feira (10/5), às 18h, no Salão de Convenções. Na abertura foi anunciado o Prêmio Alfredo Scheid Lopes, honraria que será concedida ao melhor trabalho apresentado no Simpósio. O evento é promovido e organizado pelo Departamento de Ciência do Solo (DCS/UFLA), através do Núcleo de Estudos em Ciência do Solo e a Sociedade Brasileira de Ciência do Solo-Núcleo Regional Leste. (Confira a programação completa: www.scsufla.com).
Na ocasião, a tutora do Núcleo, professora Maria Ligia de Souza Silva, contou um pouco da história do Simpósio, que teve início pelo interesse dos docentes e discentes em realizar um evento em comemoração ao ano internacional dos solos, em 2015. “A princípio pensamos em um evento simples, uma palestra, um curso, mas com as sugestões e ao estruturarmos todas as ideias, tomou uma proporção maior. O primeiro Simpósio foi organizado em poucos meses, com muita dedicação dos alunos e docentes envolvidos. Ao finalizarmos o primeiro evento, já tínhamos a ideia que não iríamos parar. Hoje estamos iniciando o segundo Simpósio, graças a colaboração de todos, principalmente dos estudantes”, comentou.
O professor Leônidas Carrijo Azevedo Melo, coordenador adjunto do Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo (PPCS), destacou a significativa apresentação de 170 trabalhos revisados no Simpósio. “Isso mostra o cuidado que tiveram com a qualidade. São raros trabalhos já revisados em eventos”. Outro ponto enfatizado foi a importância das atividades de extensão realizadas pelo departamento. O chefe do DCS, professor Moacir Souza Dias Junior, ressaltou essa questão, principalmente aquelas que visam o atendimento ao produtor.
O reitor da UFLA, professor José Roberto Soares Scolforo, esteve na abertura do Simpósio e salientou a participação dos estudantes na organização dos eventos da Universidade. “Quando vocês assumem a responsabilidade de organizar um evento, vocês aprendem a ter iniciativa, a driblar o medo e a trabalhar em grupo. Além do compromisso de viabilizar boas práticas para outras pessoas, transcendendo a nossa comunidade e tendo a solidariedade em compartilhar conhecimento. Tudo isso permite o crescimento de vocês”, destacou.
Prêmio Alfredo Scheid Lopes
Nesta segunda edição, foi inserida a apresentação de trabalhos na forma de pôsteres. Em homenagem a um dos ícones da área de ciência do solo foi criado o prêmio Alfredo Scheid Lopes, que será entregue ao melhor pôster apresentado.
“O pioneirismo de suas pesquisas proporcionaram conhecimentos científicos que levaram a um desenvolvimento sustentável na região dos cerrados, sendo que as tecnologias de manejo por ele desenvolvidas são hoje extrapoladas por vários países da América do Sul e da África. Por toda sua dedicação a pesquisa, ensino e extensão, que ainda continua, pela grande pessoa que é, não só em tamanho mas em coração, que estamos homenageando com esse prêmio. É a forma de dizermos muito obrigado por tudo que nos proporcionou”, pronunciou a professora Maria Lígia em referência ao professor Alfredo.
Emocionado, o professor Alfredo agradeceu à homenagem e aconselhou os estudantes a sempre sonharem alto, visando um país melhor. “O trabalho honesto pode ser o divisor de águas para que esse sonho se torne realidade. E, vocês são a razão da minha existência profissional”, disse o homenageado.
Na ocasião, o professor Scolforo enfatizou todo o trabalho já realizado pelo professor Alfredo, que permitiu a socialização de um conhecimento pioneiro. “A economia do país é amparada pela agricultura. E o grande celeiro desse setor está no cerrado brasileiro. Com o professor Alfredo que veio o conhecimento de que o cerrado poderia ser cultivado. Isso é uma das coisas que mais me orgulha na UFLA, ter pessoas fantásticas que contribuíram para o desenvolvimento do país”, afirmou o reitor.
Um pouco do professor Alfredo
Nasceu em Mindurí/MG, em 19/12/1937. Formou-se como Engenheiro Agrônomo pela Escola Superior de Agricultura de Lavras (ESAL) em 1961; possui mestrado e PhD pela Universidade Estadual da Carolina do Norte, Estados Unidos, em 1975 e 1977, respectivamente.
É professor de Fertilidade e Manejo de Solos dos Trópicos na ESAL/UFLA desde 1962. Autor de 86 trabalhos científicos publicados no Brasil e no exterior, 56 trabalhos publicados em congressos, nove livros, sendo três como co-autor e seis livros como primeiro autor – com destaque para o primeiro livro eletrônico em Ciência do Solo no Brasil (Guia de Fertilidade do Solo – Versão 3.0, agora versão 4.0, atualizada e revisada, disponível on-line em website), duas traduções de livros, 27 capítulos de livros no Brasil e no exterior, 52 boletins técnicos além da edição de seis livros de outros autores.
Orientou 27 estudantes em iniciação científica e de pós-graduação no mestrado. Participou em mais de 600 eventos no Brasil, e 32 no exterior na grande maioria com apresentação de palestras. Pela sua experiência profissional em manejo de solos ácidos, proferiu conferências e realizou visitas técnicas a Universidades e Centros de Pesquisas em diversos países.
Dentre os prêmios e distinções recebidas, destacam-se: Certificado de Méritos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Roma, Itália, 1976; Pesquisador do Ano de 1986 pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Minas Gerais; Professor Emérito pela Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior (ABEAS), 1989; Prêmio Ceres de Produtividade Agrícola, Brasília, 1990; Professor Emérito pela ESAL, 1991; Paraninfo dos formandos da UFLA em 1992, 1996, 1999, 2000, 2006 e 2007; Comenda Antonio Secundino de São José, outorgada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, 1993; Pesquisador Emérito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em 2008.
Em maio de 1995, o professor Alfredo recebeu, em Singapura, o Prêmio Internacional de Fertilizantes, outorgado pela International Fertilizer Industry Association, com sede em Paris, concorrendo com cientistas dos países em desenvolvimento. Este prêmio é um tributo aos seus mais de 40 anos de ensino, pesquisa e extensão que contribuíram para o desenvolvimento da produção agrícola na região dos cerrados.
Em 2013 recebeu três honrarias: Prêmio Pesquisador Sênior do Internacional Plant Nutrition Institute (IPNI), Prêmio Norman Borlaug conferido pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Fundação Agrisus e Universidade de São Paulo (USP) e o Prêmio Heróis da Revolução Verde Brasileira, promovido Abag, Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), FAO-ONU e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Em 27 de abril de 2015, durante a abertura do Agrishow de Ribeirão Preto, recebeu o Prêmio Brasil Agrociência, outorgado pela Abag, Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) e Sociedade Rural Brasileira (SRB).
Atualmente é professor emérito da UFLA, aposentado em 1993 e até hoje professor voluntário do Departamento de Ciência do Solo da UFLA. É também, consultor técnico da Anda.
Texto: Camila Caetano – jornalista, bolsista Dcom/Fapemig.