A Universidade Federal de Lavras (UFLA) realizou na última semana três sessões públicas, no Salão de Convenções, para apresentação e discussão da proposta de nova estrutura organizacional da Instituição. Os debates, abertos à participação de toda a comunidade universitária, ocorreram pela manhã (das 9h às 12h), à tarde (das 15h às 18h) e à noite (das 19h às 22h) do dia 14 de junho.
A comissão atual é composta por 20 representantes da comunidade acadêmica (professores, técnicos administrativos e estudantes), sendo presidida pelo professor do Departamento de Agricultura (DAG) e assessor do reitor para Assuntos de Parcerias, Antônio Nazareno Guimarães Mendes. Ao total, já foram realizaram 40 reuniões sobre essa nova proposta, contemplando toda comunidade acadêmica.
Antes de iniciar o debate Nazareno realizou uma breve apresentação sobre a nova proposta. Posteriormente o assessor de Relações Interinstitucionais, professor José Maria deu continuidade, mostrando como serão compostos os Conselhos Superiores da Universidade.
Na ocasião, o presidente da comissão ressaltou que a UFLA é a única universidade brasileira a manter a sua organização com estrutura departamental. Ele explicou ainda que a proposta tem por base um novo formato, mais flexível e com descentralização das decisões acadêmicas administrativas, além de horizontalização do poder de decisão no âmbito dos Colegiados. “O organograma da UFLA já é muito mais descentralizado, mas ainda assim é preciso descentralizar mais, promovendo uma agilidade maior nas tomadas de decisões”, afirmou. Para exemplificar, ele mencionou as estruturas de outras Universidades Federais de Minas Gerais, como Unifal (Alfenas), Unfei (Itajubá), UFV (Viçosa), UFJF (Juiz de Fora), UFU (Uberlândia), e UFMG (Belo Horizonte).
Durante o debate, Nazareno destacou novamente a importância da nova proposta e todo trabalho já realizado. “Não há o que temer com essa mudança. Queremos tranquilizar a todos, especialmente técnicos e docentes que entraram após a discussão de 2014. As comissões foram muito maduras nessa discussão, pensando na instituição, e tendo um cuidado com todos. Vocês podem confiar, pois o trabalho foi muito discutido e amadurecido. Não temos dúvida de que isso é um bem para a Universidade, principalmente num cenário de crise nacional”.
O superintendente de Gestão, representando a Pró-Reitoria de Planejamento e Gestão (Proplag), professor João Chrysostomo de Resende Júnior, compartilhou da mesma ideia. “Essa insegurança vem muito pelo desconhecimento de como é o atual funcionamento da Universidade. O novo modelo traz a real possibilidade de áreas de conhecimentos similares fazerem a gestão acadêmica em conjunto”.
Para o pró-reitor de Graduação, professor Ronei Ximenes Martins, é inviável manter a atual estrutura organizacional. “Se a organização continuar da atual forma vai chegar um momento que não vamos conseguir gerenciar mais as questões da Universidade. Quando vocês perguntam como vai ser com a nova proposta, eu pergunto: Mas, como que está hoje? Não fazer essa mudança, significa inviabilidade no futuro. Essa decisão é colegiada e coletiva. A instituição não pode parar e não podemos perder tempo”, disse Ronei. Com o mesmo ponto de vista, o pró-reitor de Pós-Graduação, professor Rafael Pio, salientou que hoje a situação está insustentável. “Somente com essa mudança que poderemos avançar em qualidade”, complementou Rafael.
De acordo com o presidente da Comissão, a data limite para encaminhamento do relatório com a proposta é 30/6, a qual será apreciada e discutida em reunião conjunta pelo Conselho Universitário (CUNI) e Conselho de Pesquisa, Ensino e Extensão (CEPE) . “O mandato dessa gestão expira em maio de 2020. Então, haverá o apoio necessário para a consolidação desse novo modelo, para que a nova gestão encontre essa estrutura em pleno funcionamento”, salientou Nazareno. O professor ressaltou ainda que uma vez implementado o novo modelo, haverá um período para tomada de decisões na Universidade.
A proposta
No diagnóstico feito pelas comissões envolvidas para subsídio ao desenvolvimento da proposta, foram identificadas as situações atuais que constituem desafios aos fluxos de organização da Universidade e que podem ser solucionadas com uma nova estrutura. É o caso, por exemplo, das dificuldades para a tomada de decisões e para a descentralização, devido ao crescimento do número de departamentos e da equipe lotada nos diversos órgãos.
O modelo que está em discussão para implantação apresenta maior flexibilidade que o atual, com foco na descentralização das decisões acadêmico-administrativas, bem como na horizontalização do poder de decisão no âmbito dos Colegiados. Pela proposta, departamentos, setores e áreas, bem como cursos de graduação e programas de pós-graduação, serão organizados em seis Escolas ou Faculdades.
As denominações dessas unidades são apenas sugestões da Comissão e serão definidas em comum acordo com suas direções e chefias dos departamentos que as constituirão. Assim, o estágio atual da proposta prevê as seguintes Escolas ou Faculdades: Ciências Agrárias (departamentos de Agricultura, Ciência dos Alimentos, Ciências Florestais, Ciência do Solo, Entomologia, Fitopatologia e Zootecnia); Engenharia (Departamento de Engenharia, que será desmembrado em 5 novos departamentos); Ciências Exatas (departamentos de Ciência da Computação, Ciências Exatas e Estatística); Ciências da Saúde (departamentos de Ciências da Saúde, Educação Física, Medicina Veterinária e Nutrição); Ciências Sociais, Humanas e Linguísticas (departamentos de Administração e Economia, Ciências Humanas, Direito e Educação); e Ciências Naturais (departamentos de Biologia, Física e Química).
As Escolas ou Faculdades serão administradas por diretores e terão Núcleos de Gestão Estratégica (formados por técnicos administrativos – Administradores), mantendo-se também as chefias de departamento para gestões administrativas e as coordenações de cursos e programas em suas funções acadêmicas. Os órgãos colegiados serão constituídos por Conselhos Departamentais e Congregações de Escolas ou Faculdades, além dos Conselhos Superiores já existentes. Há propostas de formas de composição para cada um desses órgãos.
Na proposição há ainda a previsão de Institutos Temáticos, a serem constituídos a partir de demandas induzidas ou espontâneas, por meio de editais específicos. Os Institutos serão criados com propósitos definidos e com foco no desenvolvimento da pesquisa científica e dos programas de pós-graduação, organizados a partir de áreas temáticas do conhecimento científico, com o objetivo de integrar equipes multidisciplinares com competência instalada nas Faculdades/Escolas.
Além de desenvolver a pesquisa científica e tecnológica no âmbito da pós-graduação, os Institutos poderão contemplar a multidisciplinaridade do conhecimento, desenvolver pesquisas básicas ou voltadas para a inovação, focalizadas em objetivos específicos. Poderão desenvolver também mecanismos efetivos de transferência de conhecimento para o ensino de graduação e para a sociedade. Pretende-se que os Institutos tenham certa autonomia administrativa em relação à Universidade.
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Com a colaboração de Ana Eliza Alvim – jornalista UFLA.