A busca pelo aprimoramento dos processos de gestão da instituição e a melhoria da divisão do trabalho entre os docentes, com foco na qualidade do ensino, pesquisa e extensão, norteiam um estudo que vem sendo realizado na Universidade Federal de Lavras (UFLA). O objetivo é criar um novo modelo para identificar e mapear atividades essenciais do corpo docente. O instrumento tem como base o artigo 166 disposto no Regimento Geral da Universidade, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e também normativas da Controladoria Geral da União.
Até então, a divisão de trabalho dos docentes da UFLA era feita principalmente utilizando a carga horária de graduação e para romper com essa tradição, a reitoria idealizou um novo modelo de gestão baseado em indicadores. Os princípios que norteiam esse estudo vêm sendo construídos por meio de um conjunto de indicadores capaz de oferecer medidas de atividades-chave que os docentes realizam na instituição, levando-se em conta o ensino, a pesquisa, a extensão e as atividades administrativas. A ideia é respeitar os diferentes perfis de docentes da carreira no magistério superior sem privilegiar uma ou outra atividade, pois, na visão da Direção Executiva da UFLA, todas as atividades desenvolvidas têm igual importância e são essenciais para o sucesso da Instituição.
O grupo responsável por elaborar o estudo inicial é composto pelos professores Marcio Machado Ladeira (assessor para Desenvolvimento Acadêmico e Administrativo e pró-reitor adjunto de Pós-Graduação), Ronei Ximenes Martins (pró-reitor de Graduação) e pelo técnico administrativo Adriano Higino Freire (assessor para Indicadores Institucionais). Também conta com a colaboração direta das Pró-Reitorias de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas, de Pesquisa, de Pós-Graduação e de Extensão e Cultura, na elaboração da primeira versão do estudo, auxiliando a comissão no levantamento de dados e na criação dos respectivos indicadores.
Quando o trabalho for concluído, será possível mensurar as atividades-chave desenvolvidas por cada docente e haverá melhoria no processo de tomada de decisão acadêmico-administrativas da UFLA. Vale ressaltar que as ações decorrentes desse modelo serão implementadas de maneira gradual após atualizações a serem realizadas nas normas institucionais aprovadas pelos Conselhos Superiores da instituição.
O reitor, professor José Roberto Soares Scolforo, ressalta o quanto é necessário buscar essas alternativas para possibilitar uma distribuição mais equilibrada das atividades na Instituição. “Ouvimos, com certa frequência, questionamentos de docentes, os quais relatam que uma fração dos professores de disciplinas específicas da formação profissional ministram menos aulas que os de disciplinas de massa da formação básica. Por outro lado, há a contra argumentação que eles estão inseridos em ensino, pesquisa, extensão e que uma fração daqueles que dão mais aulas fazem exclusivamente essa ação. Esses discursos são pouco representativos da complexidade que é a atuação no magistério superior e não auxiliam o desenvolvimento da Instituição. Sendo assim, é necessário se ter critérios transparentes”, destaca.
O professor Márcio Machado Ladeira, assessor para Desenvolvimento Acadêmico e Administrativo, afirma que com a continuidade desse estudo será possível aproveitar melhor as competências e habilidades de cada docente e buscar uma distribuição do trabalho mais equilibrada, estimulando e respeitando a liberdade e criatividade de cada docente. “É preciso trabalhar para reduzir as diferenças presentes entre e dentro dos departamentos com relação à carga horária dos docentes, diminuindo essas distorções. O que queremos é reduzir as assimetrias e no futuro poder definir um indicador ideal”.
O pró-reitor de Graduação, professor Ronei Ximenes Martins, também membro do grupo, enfatiza que o estudo não tem por finalidade mapear as 40 horas semanais de trabalho do docente e sim procurar indicadores que possam ser utilizados para mensurar atividades-chave. “Não queremos apontar o que cada docente faz na Universidade, mas como se comportam diferentes grupos de docentes, como departamentos, setores e áreas de conhecimento, de maneira que possamos obter informações mais qualificadas para a tomada de decisão”.
Estudo em conjunto
Para permitir que discussões construtivas sejam praticadas pela comunidade no desenvolvimento de um modelo consolidado, uma versão preliminar, que contemplou várias atividades-chave dos docentes da UFLA foi apresentada aos chefes e subchefes de departamentos, coordenadores e coordenadores adjuntos de cursos de graduação e pós-graduação. Após a apresentação, cada chefe de departamento assinou um termo de sigilo, já que se busca a promoção da evolução da gestão da Instituição sem expor docentes ou departamentos, principalmente, nessa fase de discussão e construção do modelo. “Em nenhum momento desejamos expor professores ou departamentos. Desejamos, sim, dar elementos para que cada chefe possa gerir melhor a sua unidade acadêmica e cumprir as normas e leis. Após as sugestões, que serão propostas para a comissão que está realizando o trabalho, será necessário definir mecanismos para que, de forma gradual, se possa distribuir de modo equilibrado o trabalho entre os docentes da UFLA”, ressalta o reitor.
Posteriormente a comissão iniciou uma série de visitas aos departamentos da UFLA com o intuito de explicar os objetivos do trabalho, receber sugestões, esclarecer dúvidas e sanar eventuais equívocos. Ladeira ressalta que o trabalho ainda não está concluído. “É um processo que está se iniciando e que ainda precisa de tempo para que possa ser aprimorado. Queremos construir esse modelo em conjunto com a comunidade docente e por isso estamos visitando os departamentos. Até o momento, várias sugestões relevantes já foram apontadas nas reuniões com os departamentos, sendo o modelo em construção acolhido pela expressiva maioria dos docentes”, comenta.
Diversos aspectos já foram sugeridos pela comunidade acadêmica e serão acatadas pelo grupo de trabalho, como exemplo: alteração do nome do indicador geral, inclusão de novas atividades, entre elas: atribuição de diversas atividades administrativas, carga horária da graduação EAD, projetos de pesquisa não financiados, diversas atividades de extensão, bolsas produtividade CNPq, dentre outros.
O reitor da UFLA destaca novamente que esse plano de trabalho específico respeitará as habilidades de cada docente. “De maneira gradual, deseja-se equilibrar o trabalho docente na UFLA, assim como já é feito em outras instituições públicas de ensino. A busca é por mais justiça na distribuição do trabalho, deixando também um tempo expressivo para que outras atividades sejam contempladas pelos docentes”, afirma.