A Universidade Federal de Lavras (UFLA) e a Fundação Renova apresentaram nessa terça-feira (17/10) seus respectivos projetos e programas de recuperação ambiental da Bacia do Rio Doce. Um seminário na Instituição reuniu professores, pesquisadores e profissionais envolvidos na reparação dos danos causados pelo rompimento da Barragem do Fundão, na cidade histórica de Mariana, em 5 de novembro de 2015.
A pouco menos de um mês para completar dois anos, o desastre socioambiental deixou 19 mortos e despejou 39 milhões de metros cúbicos (m3) de rejeitos de minério de ferro na Bacia do Rio Doce. Parte dessa onda de lama e água chegou ao oceano, no litoral do Espírito Santo, deixando um rastro de destruição em municípios mineiros e capixabas.
Na UFLA, há cinco projetos em andamento que tratam da recuperação do Rio Doce, um dos principais cursos d’água do estado. Essas ações são financiadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), envolvendo os departamentos de Ciências Florestais (DCF), Ciência do Solo (DCS) e Engenharia (DEG), segundo a professora Soraya Alvarenga Botelho, do DCF.
Responsável pelo evento e coordenadora do Laboratório de Estudos em Silvicultura e Restauração Florestal, a docente ressaltou que o objetivo do seminário foi exatamente apresentar à comunidade acadêmica e debater as propostas para recuperar as áreas degradas. “Nós estamos pesquisando e tentando encontrar boas soluções para recuperar ecossistemas florestais. É um processo muito longo para gerar resultados mais aprofundados”, disse. Os projetos capitaneados pela UFLA foram aprovados em 2016 e têm validade de dois anos.
O reitor da Universidade, professor José Roberto Soares Scolforo, participou da abertura do evento e enalteceu a necessidade de unir esforços a favor das comunidades atingidas pelo estouro da Barragem do Fundão.
Nesse sentido, o professor considera fundamental unir conhecimento às ações concretas para restabelecer os locais afetados pela onda de rejeitos da mineração. “A UFLA marca posição com os seus cinco projetos, buscando dar a sua parcela de contribuição para o estado de Minas Gerais, para o país e para a gente daquela região, tentando desenvolver conhecimentos para que tenhamos uma tecnologia peculiar para recuperação das áreas afetadas pela lama”, acrescentou.
Representante da Fundação Renova, Juliana Bedoya, entende que o trabalho em conjunto com a UFLA é importante para apresentar caminhos que levam à efetiva recuperação ambiental da Bacia do Rio Grande. “Esse rompimento da barragem gerou um impacto tão grande que a gente não tem uma solução única, uma solução pronta. A gente precisa desenvolver soluções e é fundamental a parceria com as universidades, onde o conhecimento é produzido”.
Juliana Bedoya explicou também que parte do trabalho da fundação se divide em duas vertentes: reparatórias e compensatórias. A primeira envolve, por exemplo, o manejo de rejeitos e pode levar até cinco para ser finalizada. Já a segunda diz respeito à recuperação das nascentes atingidas pela lama, com previsão de 10 anos para o término. Conforme ainda Juliana, a Renova desenvolve 41 ações socioeconômicas destinadas à Bacia do Rio Doce.
Texto: Rafael Passos – Jornalista/bolsista – Fapemig