Aulas mais dinâmicas e interativas. O modelo pedagógico de sala de aula invertida (Flipped Classroom) tem ganhado força nos últimos dez anos, a partir de uma proposta em que o estudante torna-se agente ativo no processo de aprendizagem. Nele, o aluno tem acesso previamente ao conteúdo que será ministrado pelo professor, por meio de textos, vídeos e mídias digitais, e aproveita o período das aulas para o desenvolvimento de atividades e esclarecimento de dúvidas.
Este foi o formato adotado na disciplina “Introdução a Sistema de Bancos de Dados”, do Departamento de Ciência da Computação (DCC/UFLA), no segundo semestre letivo de 2017. De acordo com o professor que a leciona, Denilson Alves Pereira, a ideia é retirar o estudante da passividade e aumentar sua presença e participação em sala de aula. “Agora, os estudantes têm acesso ao conteúdo expositivo por meio de videoaulas, às quais assistem em casa, quando e quantas vezes quiserem. Já chegam às aulas com o conceito que irão desenvolver por meio de atividades práticas. A primeira percepção que tive foi de que a aula ficou mais dinâmica, porque os alunos se preparam e já trazem as dúvidas para discutirmos e esclarecermos. Ficou bem mais interessante didaticamente”, explica.
O professor ainda reforça que o tempo tem sido mais bem aproveitado. “Não há qualquer mudança em número de aulas ou carga horária da disciplina. O que acontece é que, com essa preparação prévia do aluno, as atividades práticas passaram a ser realizadas sob minha supervisão e orientação em sala, o que tem aumentado o desempenho da turma, de uma forma geral. Antes, nem sempre o aluno praticava os exercícios em casa”, destaca.
Para o estudante de Ciência da Computação, Franciscone Luiz de Almeida Junior, o método de ensino facilitou o aprendizado, ajudando-o a organizar melhor suas atividades. “Há algumas matérias que eu só consigo aprender bem resolvendo exercícios. Por causa da carga horária extensa, nem sempre conseguia fazer todas as atividades, e acabava não absorvendo o conteúdo totalmente. Além de poder revisar o conteúdo das aulas, que estão armazenadas em vídeo, tive um tempo dedicado em sala de aula para fazer exercícios e tirar minhas dúvidas. Acho que esse é o diferencial”, conta.
Essa também é a percepção do estudante Valdeci Soares da Silva Junior, do curso de Sistema de Informação. “Agora, posso rever as aulas quantas vezes forem necessárias e procurar o professor para compreender aquilo que não entendi. Acho que foi importante também para estreitar a relação entre a turma, pois em todas as aulas nos reunimos como grupos de estudos e discussões para realizar as atividades propostas. Acredito que essa forma respeita o tempo de aprendizado de cada aluno, e a turma acaba evoluindo de uma forma unívoca, sem que ninguém fique para trás”, ressalta.
Sobre o método
O modelo de sala de aula invertida consiste em uma solução pedagógica – e não tecnológica – de ensino, embora utilize de recursos tecnológicos. Por meio do uso de videoaulas, games, e-books, aplicativos, ou qualquer mídia digital ou impressa, o objetivo é potencializar o processo de aprendizagem de forma dinâmica e inovadora, em que o professor deixa de ser um expositor e passa a ser um mediador do conteúdo.
Há alguns anos, boa parte dos professores da Universidade de Harvard (Estados Unidos), da British Columbia (Canadá), além de outras importantes instituições de ensino estrangeiras, vêm empregando o método com alta comprovação de aumento de presença em sala e do aprendizado. No Brasil, a forma de ensino também tem sido vista como uma alternativa ao sistema tradicional.
O americano Jonathan Bergmann, pioneiro do método e um de seus criadores, defende a Sala de Aula Invertida como uma nova forma de funcionamento da aula, onde o professor pode propor oportunidades de aprendizagem ativa e estabelecer mais relacionamento com os estudantes.