Em comemoração aos seus 80 anos e 60 de história com a UFLA, o professor Alfredo Scheid Lopes realizou a tradução de duas grandes obras na área de Ciência do Solo: Fertilizantes e seu uso eficiente, de Harold F. Reetz e Solos: Fatos e Conceitos, de Diedrich Schroeder.
Uma das paixões do professor Alfredão é a de realizar a tradução de literaturas de extrema importância na sua área de atuação, auxiliando a divulgação do conhecimento na comunidade acadêmica, em especial aos estudantes.
Além de toda a tradução, que totalizou em cerca de 500 páginas, o professor realizou a diagramação das duas obras. Um trabalho minucioso, disponibilizado a todos que tenham interesse. Para fazer o download acesse os links abaixo:
Fertilizantes e seu uso eficiente
Ao questioná-lo sobre o tempo necessário para realizar todo esse trabalho, ele não demonstra nenhum pouco de cansaço: “que nada, rapidinho eu faço a tradução e a diagramação. Quando começo a fazer, fico horas por conta daquilo, mas, não me canso. Já estou com um novo projeto, que divulgarei em breve, a tradução de uma obra inédita de mais de mil páginas”.
Amor pela UFLA (por Samara Avelar)
Alfredo Scheid Lopes, engenheiro agrônomo, graduado na Escola Superior de Agricultura de Lavras (ESAL) em 1961, Alfredão, como é conhecido, é uma representação viva das memórias da Universidade.
Logo após a formatura, em 1962, tornou-se docente, fazendo sua carreira em Fertilidade e Manejo de Solos, área na qual desenvolveu mais de cem trabalhos e é referência, tendo recebido dezenas de prêmios e títulos em todo o mundo. Um deles concedido pela UFLA: o de professor emérito da Universidade desde 1993.
Sua contribuição ao desenvolvimento da instituição extrapolou a docência, pois foi personagem importante também na conquista de convênios e recursos. Ao longo desses 60 anos de história com a UFLA, só esteve longe do câmpus por dois momentos: para realizar o mestrado e o Ph.D nos EUA, e quando foi cedido para ser diretor técnico da Associação Nacional de Difusão de Adubos (Anda), em São Paulo.
Entre as histórias mais marcantes vividas pelo professor, está a da federalização da ESAL, efetivada em 1963. Na época, a Escola sofreu a ameaça de ser fechada por emissários do Governo Federal, coordenados pelo assessor do MEC Eudes de Souza Leão Pinto. Após uma série de reuniões com docentes, servidores e autoridades lavrenses, a comitiva mudou de ideia e decidiu pelo não fechamento da Escola, defendendo medidas para transformá-la em instituição federal.
De acordo com Alfredo, esse processo não foi fácil e afetou o funcionamento da Escola. “Quando os trâmites tiveram início, éramos 19 professores e 35 funcionários para atender 120 alunos. Durante dois anos nós tivemos que trabalhar sem receber salário algum para que ela não fosse fechada. O que fizemos foi realmente por muito amor à ESAL”, conta o professor, o único da época que ainda atua na Universidade.
Hoje, aos 80 anos de vida, o estudioso continua ativo e realizando trabalhos importantes na área. Em 2016, foi convidado pela renomada revista Advances in Agronomy para fazer uma releitura de sua tese de mestrado, desenvolvida há 40 anos, quando estudou na Universidade da Carolina do Norte (EUA). Neste ano, já traduziu dois livros da área e lançou a quarta edição do Guia de Fertilidade do Solo – a primeira versão data de 1992, ainda em sistema DOS.
Toda a sua produção científica está disponibilizada em um site (www.alfredao.com.br), no qual também apresenta seus hobbies, como música e artesanato, conquistas no esporte e histórias curiosas que se diverte ao contar.
Mesmo sem vínculo formal com a instituição, Alfredão é encontrado diariamente em sua sala, no DCS, traduzindo artigos, esclarecendo dúvidas e motivando os alunos. Sobre sua missão hoje na Universidade, é categórico: “Quando me aposentei há 24 anos, senti que ainda tinha condições de produzir e ser útil nas coisas em que acredito, como a formação dos acadêmicos. Às vezes, em uma conversa com o aluno, esclareço uma dúvida e consigo motivá-lo a seguir em frente. A UFLA é para mim um grande amor à primeira vista, que só se perpetuou”, revela.