24 de abril é o Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais – Libras. Apesar dos avanços em acessibilidade no Brasil, os surdos ainda enfrentam muitas barreiras para realizar suas atividades cotidianas em decorrência do pouco conhecimento da linguagem pela população em geral.
Na UFLA, uma série de atividades são desenvolvidas para promover o ensino da Libras. A Instituição também conta com uma estrutura acessível para garantir condições para que pessoas com deficiência auditiva ingressem no ensino superior e tenham os recursos necessários para desenvolver todo o seu potencial no ambiente acadêmico, por meio do Programa de Apoio a Discentes com Necessidades Educacionais Especiais Coordenadoria de Acessibilidade, ligado à Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Comunitários (Praec). Confira aqui as ações de acessibilidade da UFLA.
Ensino e difusão da linguagem
A Universidade oferece a Libras como disciplina da graduação – obrigatória para os cursos de licenciatura e Pedagogia, e eletiva para os demais. Além disso, tornou-se, em 2017, um dos 12 pólos no País a oferecer o Curso de Pedagogia Bilíngue Português -Libras, coordenado pelo Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines/MEC). A primeira turma ingressou no 1º semestre de 2018, com 50% das vagas destinadas a pessoas surdas e 50% a ouvintes que desejam ter a formação especializada acrescida dos conhecimentos em Libras.
Projetos de extensão também têm sido desenvolvidos pela Coordenadoria de Acessibilidade da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Comunitários (Praec). O Projeto Asas, por exemplo, busca capacitar profissionais de saúde para atenderem a população surda com qualidade. Os membros do projeto são Tradutores e Intérpretes de Libras da Universidade e graduandos das áreas de Saúde (Educação Física, Nutrição e Medicina), além de outros participantes e colaboradores (incluindo surdos). Há, ainda, o projeto de extensão Catils (Capacitação de Tradutores e Intérpretes de Libras), que promove a formação e a capacitação de tradutores e intérpretes de Libras de Lavras e região.
Além de ações que promovam o ensino da linguagem, desde 2015 a UFLA conta com dois servidores técnico-administrativos que são Tradutores e Intérpretes de Libras. Os profissionais têm atuado em diferentes frentes na Universidade, como a organização de eventos ligados à Educação de Surdos, a realização pesquisas na área dos Estudos da Tradução, produção de vídeos institucionais acessíveis em Libras, tradução de aulas Ead, entre outras atividades. Eles também atuam em parceria com as professoras de Libras do Departamento de Educação (DED), em um programa educativo chamado “UFLA acessível em Língua de Sinais”.
O servidor – tradutor e intérprete de Libras – e mestrando em Educação Welbert Vinicius de Souza Sansão, e os mestrandos em Linguística Aplicada na UFLA, Rafael Carlos Lima da Silva e Thiago Lemes de Oliveira, produziram o texto abaixo como reflexão que a data de hoje exige:
24 de abril, dia da Libras
Rafael Carlos Lima da Silva¹
Welbert Vinicius de Souza Sansão²
Thiago Lemes de Oliveira³
A comunidade surda brasileira (surdos, professores de Libras, tradutores e intérpretes, familiares e demais militantes da causa surda) comemora hoje o Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais -Libras, oficializado no ano de 2002:
É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais – Libras e outros recursos de expressão a ela associados.
Entende-se como Língua Brasileira de Sinais – Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. (Lei nº 10.436)
Embora o espaço escolar ainda seja o de maior demanda para o uso de Libras, é muito importante considerar também o uso de Libras nos demais espaços públicos: igrejas, autoescolas, delegacias, fóruns, comércio em geral, eventos, bancos, hospitais, rodoviárias, aeroportos, etc. A oficialização da Libras, enquanto fenômeno social, cultural e político da comunidade surda, veio para chancelar que surdos são sujeitos de direitos, com diferenças culturais, e que o primeiro artefato de manifestação desta diferença é a Língua Brasileira de Sinais.
De acordo com o Censo 2010 do IBGE, existem 9,7 milhões de deficientes auditivos (surdos), e boa parte desta população utiliza Libras como sua língua principal de comunicação, pois, muitas vezes, possuem apenas um conhecimento básico da língua portuguesa. Por isso a importância de se estabelecer um canal de comunicação visual com as pessoas surdas. A Língua Brasileira de Sinais não é (apenas) do surdo. Estudos comprovam ser esta a Língua natural da pessoa surda. Logo, a Libras é de todos os brasileiros que integram esta comunidade e se interessam pelo aprendizado da língua, sejam eles surdos ou ouvintes.
Nesse sentido, sob o prisma da linguagem humana como fator de interação social e não apenas como instrumento de representação do mundo e do pensamento, a Libras, por ser uma língua legítima, é capaz de levar os surdos a maior mobilidade e fluidez nas formações discursivas surdo-ouvinte. Hoje, após 16 anos de oficialização, a Libras é muito pouco conhecida no Brasil. Isso se deve à pouca divulgação pelas instituições públicas e pelos próprios veículos de comunicação, como canais televisivos, jornais, revistas, internet, dentre outros. Além do carecimento de profissionais habilitados na área para promoverem o uso e difusão da Língua, gerando ambientes acessíveis linguisticamente.
“Recuso-me a ser considerada excepcional ou deficiente. Não sou. Sou surda. Para mim, a língua de sinais corresponde à minha voz, meus olhos são meus ouvidos. Sinceramente nada me falta. É a sociedade que me torna excepcional…” O vôo da gaivota (Emmanuelle Laborrit)
Conheça alguns aplicativos tradutores para Libras:
ProDeaf: http://www.prodeaf.net/ (Android/iOS/Windows)
Hand Talk: https://www.handtalk.me/app (Android/iOS)
TV INES, primeira WebTV bilíngue (Libras-Língua Portuguesa) do Brasil, com conteúdo 100% acessível para surdos e ouvintes: http://tvines.ines.gov.br/