O egresso do curso de mestrado em Ciência do Solo da Universidade Federal de Lavras Gonçalves Jotamo Marrenjo foi homenageado por mérito científico na Aula Inaugural 2018 da Universidade Pedagógica de Moçambique, onde é professor. A honraria recebida está relacionada com a produção acadêmica de Gonçalves, desenvolvida durante o período de pós-graduação na UFLA.
Para realizar a pós-graduação entre 2013 e 2015, contou com bolsa do Programa de Estudantes-Convênio de Pós-Graduação (PEC-PG), viabilizado pela parceria entre Ministério das Relações Exteriores (MRE), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
De acordo com o professor do Departamento de Ciência do Solo (DCS) Yuri Zinn, orientador de Gonçalves, o então estudante participou de duas publicações durante o período. “Logo ao iniciar seu curso, como treinamento preliminar, Gonçalves compilou a literatura sobre mudanças nos teores de Carbono (C) e Nitrogênio (N) dos solos brasileiros cultivados, tabelando os dados e realizando uma meta-análise estatística, parecida com a que desenvolvi no meu próprio doutorado em 2003”, explicou.
Os resultados do estudo foram publicados em periódico científico de importância – Agriculture, Ecosystems & Environment – e demonstraram que os solos brasileiros cultivados perdem 14% de seu carbono orgânico e nitrogênio em comparação com a vegetação nativa. “Isso é importante não só porque comprova a estabilidade da matéria orgânica do solo no Brasil, em relação a países temperados, mas também porque a razão C:N do solo, considerada um indicador da qualidade do solo, não se altera significativamente mesmo em solos degradados ou melhorados.”, acrescenta o professor.
Yuri relata, ainda, que após esse treinamento, Gonçalves foi a campo amostrar solos para estudo similar, porém não vinculado ao primeiro trabalho. Desta vez o foco foi sobre o cultivo de arroz inundado no Sul de Minas Gerais e deu origem a sua dissertação de mestrado, que gerou trabalho publicado em 2016 no jornal Pesquisa Agropecuária Brasileira, da Embrapa. “Entre outros resultados, esse trabalho apresentou os primeiros estudos de micromorfologia do solo sob arroz inundado no Brasil, em coautoria com outro aluno do Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo (PPGCS), Eduane Pádua, e envolveu parceria tripla da UFLA com a Universidade Pedagógica de Moçambique e a Epamig, à qual pertence a área experimental”, diz Yuri.
De acordo com o orientador de Gonçalves, a premiação recebida pelo egresso evidencia os benefícios das cooperações internacionais, tanto para a UFLA, quanto para a universidade à qual o estudante está ligado. “Ao recebermos alunos de países em desenvolvimento para cursar pós-graduação, iniciamos parcerias importantes não só para a inserção internacional da UFLA, mas especialmente para a própria universidade estrangeira, conforme bem demonstra a premiação oferecida ao ex-aluno. Isso é especialmente importante quando os recursos de fomento são escassos, como é o caso agora”, afirma.
Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – Fapemig.