Pesquisadores do Departamento de Química da Universidade Federal de Lavras (DQI/UFLA) desenvolveram uma tecnologia que possibilita a transformação dos grãos defeituosos de café em um produto de maior valor agregado – o carvão ativado. Por meio dessa tecnologia, a UFLA, em cotitularidade com a Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), obteve neste ano sua primeira carta patente. Todo o processo de tramitação no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) foi gerenciado pelo Núcleo de Inovação Tecnológica da UFLA (Nintec).
A tecnologia intitulada “Produção de carvão ativado a partir de grãos de café” foi desenvolvida pelos professores Mário César Guerreiro, Luiz Carlos Alves de Oliveira, Elaine Inácio Pereira e Maraisa Gonçalves. Eles explicam que os grãos de café defeituosos do tipo preto, verde e ardido representam uma parcela significativa da produção de café no Brasil. Devido a essa elevada produção, na maioria das vezes, os grãos defeituosos são misturados aos sadios e comercializados no mercado nacional, interferindo na qualidade do café. Desse modo, a utilização dos grãos defeituosos na produção de carvão ativado é importante do ponto de vista econômico, já que oferece uma alternativa de uso desse rejeito.
Além de o grão de café ser abundante no país, principalmente no estado de Minas Gerais, a matéria prima é uniforme e renovável e os reagentes utilizados durante todo o processo nessa tecnologia são mais econômicos que os convencionais e também permitem o uso de baixas temperaturas no preparo.
O professor Márcio Guerreiro afirma, ainda, que outra opção é de utilizar nesse procedimento grãos sadios. “A produção de carvão ativado a partir dos grãos sadios e, o aproveitamento do óleo recuperado durante a pirólise, apresenta-se como uma opção de comercialização, em épocas de grande colheita de café ou de preços baixos no mercado”.
Já com relação ao resultado final, o carvão ativado obtido por meio dos grãos possui maior valor agregado, é naturalmente granulado com elevada área superficial, flutuante (fácil recuperação). É também um bom adsorvente, podendo ser utilizado na eliminação de contaminantes orgânicos e metálicos de águas residuárias, na remediação ambiental, na recuperação de reagentes químicos, processos de purificação de produtos naturais e sintéticos, e suporte para catalisadores.
O Nintec é o órgão responsável pela gestão da política de inovação tecnológica e de proteção ao conhecimento gerado na UFLA. O coordenador do Núcleo, professor Luiz Gonzaga de Castro de Junior, explica que todo o processo de patenteamento da tecnologia, desde a busca de anterioridade, redação, depósito, até sua concessão é realizado pelo Nintec. “De posse da carta patente, as possibilidades de uma possível transferência, que já existiam antes, passam a ser ainda maiores, visto que algumas empresas preferem adquirir tecnologias que já passaram por todo o processo de proteção”, complementa.
Empresas interessadas em explorar essa tecnologia por meio do licenciamento devem entrar em contato com o Nintec pelo telefone (35)3829-1591 ou pelo e-mail nintec@nintec.ufla.br