Correio Braziliense, 04 de janeiro de 2008
Fernanda Odilla e Letícia Nobre
Pelo menos 12.661 vagas em 10 concursos estão a salvo das medidas de contenção de gastos divulgadas pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. “Alguns casos de concursos que já foram autorizados ou pactuados com o Ministério Público não temos por onde interromper”, anunciou ontem o ministro. O número de concursos autorizados é pequeno — 22,5% — diante da previsão do governo federal de se ocupar mais 56 mil vagas em 2008.
Os outros concursos previstos não estão cancelados, apenas temporariamente suspensos. “Queremos deixar em suspenso essa decisão enquanto não equacionarmos o orçamento”, justifica o ministro do Planejamento. Na lista das seleções garantidas, estão, além do concurso da Polícia Rodoviária Federal suspenso no ano passado por fraude nas provas, a que cria mais 3 mil vagas para a categoria.
O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse não ter recebido nenhuma informação sobre cortes em sua pasta e confirmou que será realizado, no primeiro semestre, a seleção para contratar os policiais rodoviários federais. “Creio que nós não teremos cortes. Nós temos de incorporar mais policiais e quero fazer isso ainda este ano. Isso se Deus permitir e o Paulo Bernardo concordar”, disse o ministro.
O Ministério das Relações Exteriores decidiu aumentar mais 10 vagas do concurso, marcado para começar em março. O Instituto Rio Branco (IRB) confirmou ontem que a seleção para a carreira de diplomata terá 115 vagas. A informação ainda não foi incorporada ao edital publicado pelo Centro de Seleção e Promoção de Eventos (Cespe/UnB), empresa organizadora do concurso. Segundo o primeiro-secretário do IRB em Brasília, Geraldo Tupynambá, a retificação deve sair até segunda-feira.
Cautela
A decisão de suspender os concursos deixou professores e alunos que se preparam para as provas apreensivos. O coordenador do curso preparatório Objetivo Concursos, Jonas Rodrigues, adota cautela na hora de mensurar os impactos da decisão do Ministério do Planejamento para a empresa e para os candidatos. “É uma mensagem negativa, ficamos apreensivos. Aguardávamos vários editais que nem devem vir”, disse.
Rodrigues revelou ainda que 2008 seria considerado um dos melhores anos para quem quer conquistar uma vaga no funcionalismo público. Ele acredita que, depois do anúncio de se suspender os concursos, a procura para os cursos preparatórios deve diminuir. “A expectativa continua sendo boa para 2008, mas os candidatos vão analisar melhor como se preparar”, diz o coordenador.
O professor de direito constitucional do Obcursos André Alencar dos Santos é mais otimista. Para ele, os processos seletivos referentes ao Poder Executivo serão os mais atingidos por depender mais diretamente do orçamento da União. “Não acredito que os concursos para o Legislativo e o Judiciário ficarão prejudicados. Esses têm orçamentos próprios”, explica o professor.
Da mesma maneira, André Alencar avalia que os cursos preparatórios não sofreram tanto impacto, pois as vagas para fiscalização e auditoria devem ser mantidas. “Seria um contrasenso do governo boicotar essas áreas, pois são as mesmas responsáveis por aumentar a arrecadação”. Outro ponto que ele considera relevante é o quanto o serviço público trabalha no limite, “não é possível diminuir as verbas para serviços como educação e saúde, não tem como cortar”, conclui o professor. (FO e LN)
Concursos a salvo
Confira os processos seletivos que já foram aprovados e que têm realização garantida
Instituição – Número de vagas
Ministério do Meio Ambiente – 83
Ministério das Relações Exteriores – 115
Ministério de Ciência e Tecnologia – 268
Cotroladoria Geral da União – 400
Ministério da Defesa – 83
Ministério do Planejamento – 95
Universidades Federais – 7.543
Agência Brasileira de Inteligência – 190
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – 884
Polícia Rodoviária Federal – *3.000
* Segundo informações do ministro Tarso Genro