A inserção das Ciências Sociais na Universidade Federal de Lavras (UFLA) esteve em pauta durante evento promovido pela área de Ciências Sociais do Departamento de Humanas (DCH) nos dias 29/11 e 30/11. A programação teve o objetivo de debater perspectivas para esse campo na Universidade, especificamente referentes ao projeto de criação de criação do curso de graduação em Ciências Sociais na Instituição.
A coordenação das atividades de abertura foi conduzida pelo professor do DCH Marcelo Sevaybricker Moreira, com a presença da chefe do DCH, professora Márcia Fonseca Amorim, e da pró-reitora de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas, professora Débora Cristina de Carvalho, que representou o reitor da UFLA no evento. Márcia parabenizou os organizadores das atividades e ressaltou a importância do evento e dos diálogos sobre a área de Ciências Sociais, em um contexto histórico em que a UFLA diversifica sua atuação, com cursos em diferentes áreas.
Débora, que também é professora do DCH na área de Ciências Sociais, levantou algumas possibilidades de reflexão, como a necessidade da busca de um “lugar” para as Ciências Sociais na instituição. Ela salientou a receptividade da Direção Executiva da UFLA para com a proposta do novo curso e a necessidade de debates que fortaleçam a defesa da criação do curso junto a atores externos, de forma a se obter sucesso em sua aprovação, considerando o atual contexto político e econômico do País.
Para o professor Marcelo, apesar de o curso ainda não existir, a área vem se consolidando na UFLA, já que seus professores estão à frente de projetos de ensino, pesquisa e extensão. Relatou ouvir com muita frequência dos estudantes de diversos cursos que gostariam de ter mais aulas de sociologia, de ciência política. “Queremos dialogar mais sobre esses temas, dizem os alunos”. Entretanto, ele enfatiza que o evento coloca em pauta uma reivindicação que vai além de serem ofertadas mais aulas. “A consolidação das Ciências Sociais, com a criação do curso, irá contribuir para o desenvolvimento desta Universidade, que precisa e deve preservar seu passado, mas não pode ficar limitada a um conjunto restrito de áreas. Que seja uma Universidade com multiplicidade de temas em circulação, de pesquisadores, de projetos, nos diferentes campos do conhecimento. Queremos ter um conjunto de pessoas voltadas especificamente para a discussão dos temas relacionados às Ciências Sociais”, diz.
Logo após a abertura, houve o debate “Ciência, universidade e sociedade brasileira no século XXI – perspectivas e desafios”, com a participação dos professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Karenina Vieira Andrade e Juarez Rocha Guimarães, além da professora da Universidade Federal de Viçosa (UFV) Daniela Alves de Alves. Os diálogos buscaram integrar perspectivas das diferentes esferas das Ciências Sociais – Antropologia, Ciência Política e Sociologia.
No segundo dia de programação, os professores convidados conduziram as conferências “Antropologia e suas margens”, “A sociologia no Brasil contemporâneo” e “Marxismo e Ciência Política – do antipluralismo ao diálogo crítico”, além do debate “Desafios da consolidação das Ciências Sociais na Brasil”. De acordo com o professor Marcelo, o evento teve resultados bem avaliados pelos professores da área e pelo público presente no evento, e já se planeja a realização de outras edições. “Foi importante, inclusive, para diversificação das discussões feitas na UFLA. Foi consenso tanto para os convidados externos quanto para o grupo da UFLA que a área de Ciências Sociais na Instituição alcançou maturação e tem contribuído com diversos outros departamentos”.
Considerando-se o fato de que as Ciências Sociais tiveram, historicamente, um papel fundamental para a compreensão dos dilemas e perspectivas das sociedades modernas, o evento foi também espaço para o debate acerca dos processos mais recentes de mudança da sociedade brasileira, inclusive aqueles relativos à democracia e à Universidade.
Apuração: contribuição de Natália Jubran, bolsista Proat/Comunicação.