O diretor do Serviço Florestal Brasileiro e responsável pela gestão e coordenação do Cadastro Ambiental Rural (CAR), Raimundo Deusdará Filho, esteve na Universidade Federal de Lavras (UFLA) na última sexta-feira (19/5) para ministrar uma palestra sobre o CAR e suas implicações ambientais e o desenvolvimento do agronegócio. O evento foi realizado por meio do Departamento de Ciências Florestais (DCF) e do Laboratório de Estudos e Projetos em Manejo Florestal (Lemaf).
Estudantes e professores dos cursos de Agronomia, Ciências Biológicas, Engenharia Ambiental e Sanitária e Engenharia Florestal lotaram o anfiteatro do Departamento de Ciências Humanas (DCH). O evento contou com uma significativa participação da comunidade acadêmica.
O CAR é um registro eletrônico obrigatório para os imóveis rurais do País, implementado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) no primeiro semestre de 2014. Foi criado a partir do Código Florestal Brasileiro (Lei 12.651/12) e tem a finalidade de integrar as informações ambientais referentes à situação das Áreas de Preservação Permanente (APPs), das áreas de Reserva Legal, das florestas e dos remanescentes de vegetação nativa, das Áreas de Uso Restrito e das áreas consolidadas das propriedades e posses rurais do Brasil.
As informações são organizadas em uma base de dados que integra as informações ambientais com fotos de satélites disponíveis a toda população. O sistema, que permite o registro e análise das informações, foi desenvolvido por uma equipe de mais de 150 pessoas (entre profissionais e estudantes) ligadas ao Lemaf/UFLA, a convite do Ministério do Meio Ambiente. É considerado o de maior abrangência já desenvolvido na Universidade e um dos maiores cadastros ambientais georreferenciados do mundo.
“Tudo isso é o resultado de muito esforço. Estamos sempre perseverando, e tudo que vocês viram tem a mão da UFLA, sempre em parceria com o projeto. Isso é motivo de orgulho. É Universidade e Governo trabalhando juntos. Mais de 4 milhões de produtores já estão cadastrados. Um exemplo material de que sonhar é possível”, observou Deusdará durante a palestra.
Sobre a plataforma, Deusdará ressaltou que durante o seu desenvolvimento sempre tiveram o objetivo de trabalhar com algo simples, de fácil manuseio. “Não poderia ser algo que o produtor desconfiasse, deveria ser uma plataforma amigável. Algo consistente, mas que todos os produtores, mesmo aqueles distantes pudessem utilizar. Se o produtor não tem condições de ter um apoio técnico é possível fazer sozinho. Um cadastro simples, mas não simplista. É consistente, mas com poucas telas e prazeroso”, comentou.
Já são mais de 400 milhões de hectares cadastrados, de acordo com o diretor do Serviço Florestal, a expectativa é de que chegue em 450 milhões até o final do ano. “Estivemos em vários lugares do país disseminando as informações do CAR. Observamos que o produtor rural tem feito o seu papel com relação à preservação do meio ambiente”, destacou.
Outro dado que deve ser ressaltado é a quantidade de nascentes declaradas, hoje, já são aproximadamente 1,5 milhão. “Certamente o número é ainda maior, mas já é uma informação relevante e estratégica, pois, até então, não havia no país o registro de nascentes”. De posse dessa informação, a UFLA e o Serviço Florestal Brasileiro estão trabalhando em mais um projeto de meio ambiente, que possibilitará a preservação das nascentes. “Estamos desenvolvendo um aplicativo que possibilite o envolvimento dos cidadãos, das empresas e Universidades. Algo que permita que todos vejam as nascentes do Brasil e possam apadrinhá-las, auxiliando de diversas formas”, disse Deusdará.
Além disso, Deusdará salientou que por meio das imagens de satélites disponíveis na base de dados do CAR, será possível aumentar o olhar sobre as propriedades e assim orientar a fiscalização, possibilitando um trabalho mais rápido, acessível e eficaz. “Os produtores de hoje serão futuramente os clientes de vocês, engenheiros florestais, engenheiros ambientais e agrônomos. É de extrema importância termos conhecimento das florestas que estão na mão do setor particular”, disse aos estudantes presentes.
Curso
Além da visita de Raimundo Deusdará, a UFLA contou também, na última semana, com a presença de uma equipe do Serviço Florestal Brasileiro que esteve na instituição para o treinamento que marcou o início das análises do CAR em Minas Gerais. O treinamento foi direcionado aos integrantes do Sistema Estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais (Sisema). Além de sediar e organizar a capacitação, a UFLA apoiou os profissionais do Sisema durante os processos de análise no Estado.
De acordo com o diretor de Tecnologia da Informação do Lemaf, Samuel Campos, além de Minas Gerais, a validação de cadastro já foi realizada no Pará, Rio Grande do Sul, Paraná, Rondônia, Acre, Rio de Janeiro, Ceará e Amazonas. Ainda segundo Samuel, em breve, serão abertas as inscrições para um curso a distância, para a capacitação de 300 técnicos da Secretaria de Meio Ambiente.
Camila Caetano – jornalista, bolsista Dcom/Fapemig.