Ufla cria Núcleo de Excelência em pesquisas sobre fitorremediação

A equipe de pesquisadores que desenvolvem os trabalhos de fitorremediação na Ufla tem bons motivos para comemorar. Um novo projeto foi selecionado no Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex MG), da Fapemig, garantindo recursos da ordem de R$ 707.068,53 que representarão um melhor suporte de equipamentos e um avanço nos experimentos já realizados nesta área na Universidade. O projeto “Estratégias de Recuperação e Monitoramento de Áreas Impactadas por Atividades de Mineração: Implantação de Núcleo de Excelência em Pesquisas sobre Fitorremediação” prevê a criação de um Núcleo de Excelência em pesquisas sobre fitorremediação, que contará com a parceria de diversas instituições nacionais e internacionais.

 

Participam da concepção deste grupo, além de diversos professores e pesquisadores dos Departamentos de Ciência do Solo, Biologia, Fitotecnia e Química da Ufla, as empresas Alcoa Alumínio S/A (Alcoa), Companhia Mineira de Metais (CMM), Embrapa, as Universidades Federais do Recôncavo Baiano (UFRB) e Rural de Pernambuco (UFRPE) e a University of Florida, EUA. A University of Guelph, no Canadá, também faz parte desta parceria. Foi nesta instituição onde o maior executivo da multinacional Kinross – Rio Paracatu Mineração (RPM), estudou e doou cerca de um milhão de dólares para pesquisas que se destinam à redução dos impactos ambientais nas áreas onde a empresa atua. Deste valor, a Ufla já conquistou 32 mil dólares canadenses para estudos desenvolvidos por alunos do Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo da Ufla sob orientação do professor Luiz Roberto Guimarães Guilherme, subcoordenador do projeto aprovado no Pronex MG.

 

De acordo com o coordenador do projeto submetido ao Pronex MG, professor Nilton Curi, a proposta de criar um núcleo de excelência com instituições tão variadas é uma maneira de se diagnosticar seu caráter multidisciplinar, abrindo ainda a oportunidade de intercâmbio com as pesquisas desenvolvidas no Brasil e em outros países. “Essa é uma característica desejável nas atividades de ensino e pesquisa. A parceria garante a viabilidade e a operacionalidade do Núcleo, já que diversas áreas de atuação dos trabalhos poderão atuar de forma integrada, visando adequar suas ações aos objetivos e necessidades dos projetos de pesquisa a serem desenvolvidos”.

 

A técnica de fitorremediação, praticada em vários países, ainda é pouco explorada no Brasil por desconhecimento do mercado e falta de capacitação técnica. O método consiste no uso de plantas para remover ou imobilizar contaminantes ambientais. Esse método apresenta inúmeras vantagens, graças aos baixos custos de manutenção, à proteção contra a erosão eólica e hídrica, à melhoria na estrutura do solo, ao aumento da fertilidade das terras e à recuperação da estética das áreas contaminadas por diversos elementos químicos prejudiciais à saúde, dentre os quais estão os metais pesados.

 

Fitorremediação na Ufla

 

Os pesquisadores da Ufla desenvolvem trabalhos na unidade de processamento de zinco da Companhia Mineira de Metais (CMM), localizada no município de Três Marias (MG) e na área de mineração de ouro da empresa Rio Paracatu Mineração (RPM), na cidade de Paracatu (MG). Segundo o professor Luiz Roberto, a pesquisa “Estratégias de recuperação e monitoramento de áreas impactadas por atividades de mineração na Bacia do São Francisco” pretende mostrar como diminuir a possibilidade de contaminação nas áreas atingidas pelos resíduos dessas empresas mineradoras e como fazer com que algumas espécies de plantas cresçam naquela região. “Já fizemos coletas de solo, sedimentos e rejeitos e estamos estudando algumas espécies de plantas para vegetar novamente essas áreas e evitar problemas ambientais”.

 

Atualmente, duas plantas estão se destacando nos estudos. Na área que contém grande concentração de zinco, verificou-se que a planta popularmente conhecida como calaminácea possui uma maior tolerância a este metal. Já na região de Paracatu, grande parte do solo possui um alto teor de arsênio, o metal mais nocivo à saúde do homem. Os pesquisadores detectaram que as samambaias, da família das Pteridaceae, conseguiram se proliferar nessas áreas. Essas plantas apresentaram, nesses meios contaminados, altas taxas de absorção e crescimento, além de boa produção de biomassa.

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