Campo continua perdendo renda

O ritmo de queda dos preços agrícolas se manteve no mês de junho, quando o Índice de Preços Recebidos (IPR) pela venda dos produtos agropecuários apontou uma variação negativa de 0,65%. Desde fevereiro deste ano, o índice que mede a renda do setor agropecuário vem tendo quedas sucessivas de preços: em fevereiro caiu 6,41%; em março, 2,58%; em abril, 0,93% e, em maio, queda de 4,14%. São levantados, mensalmente, os preços de 42 produtos, na pesquisa feita pelo Departamento de Administração e Economia da Universidade Federal de Lavras (DAE/Ufla).

Com estes resultados, a queda acumulada em um ano (julho/2005 a junho/2006) no Índice que mede os preços recebidos pelos produtores rurais já chega a 15,02%. No ano de 2006, o prejuízo para o produtor já atinge 13,98%.

Para o professor de economia aplicada, Ricardo Reis, “a atual conjuntura macroeconômica, com a taxa de câmbio valorizando o real frente ao dólar, cria uma tendência de inibir as exportações e estimular as importações. As elevadas taxas de juros, as barreiras sanitárias à entrada de produtos brasileiros em mercados externos e a queda das commodities agrícolas no mercado internacional são alguns dos fatores que têm levado a esta descapitalização no campo”. Afirma, ainda que “a alternativa para amenizar tal situação ganha mais contornos microeconômicos, envolvendo a gestão de custos, a otimização no uso de insumos, ou seja, administrar os fatores de produção sobre os quais o produtor tem controle em sua propriedade, ao contrário das questões macroeconômicas, que estão em um ambiente externo ao seu controle. Complementa que, no acumulado do ano, os gastos com a cesta básica de alimentos para uma família de quatro pessoas já caiu 3,8%, para o consumidor”.

As maiores quedas em junho ficaram concentradas nos grãos e em alguns hortifrutigranjeiros. A cotação do preço do café caiu 3,91% e a do feijão teve uma variação negativa de 5,67%; no entanto, o milho teve uma recuperação de 5,71%. Entre os hortifrutigranjeiros, as maiores quedas foram registradas nos preços do frango abatido (-21,43%), do tomate (-10,81%), da alface (-7,41%), da cenoura (-18,31%) e da abóbora (-7,41%). No entanto, o preço do leite tipo C, pago ao pecuarista, reagiu no mês e teve uma alta de 6,08%.

No caso dos preços pagos pelos insumos agrícolas, medidos pelo Índice de Preços Pagos (IPP), a variação em junho foi também negativa, com queda de 5,77%. No caso destes insumos, são pesquisados 187 produtos.

Entre os insumos pesquisados, as principais quedas aconteceram nos setores de sementes e mudas (-10,72%), bernicidas (-5,07%), carrapaticidas (-7,26%) e manutenção de equipamentos, com redução de 5,14%.

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