A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES) acaba de publicar o relatório “Perfil socioeconômico e cultural dos estudantes de graduação das universidades federais brasileiras”, que traz um retrato da comunidade acadêmica discente e a sua evolução ao longo do tempo. A Universidade Federal de Lavras é uma das instituições mapeadas pela pesquisa, e esse resultado contribui para a avaliação e o reposicionamento da assistência estudantil na estrutura organizacional.
A pesquisa teve início em 2010, com base em informações do segundo semestre de 2009. Foi realizada pelo Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis – FONAPRACE, que já havia realizado duas pesquisas (1996/7 e 2003/4). O relatório que acaba de ser divulgado teve 22.649 respondentes, com o levantamento de 56 variáveis possíveis de cruzamentos.
Segundo dados da pesquisa, na UFLA a distribuição dos estudantes por classe socioeconômica reflete a condição do próprio país, com predominância das classes B e C, similar às médias nacionais e do Estado. Na UFLA, 35% dos estudantes pertencem às classes populares C e D, cuja renda média familiar é de até três salários mínimos.
Perfil dos estudantes da UFLA
Anualmente, a UFLA realiza uma avaliação socioeconômica para acesso ao programa de assistência estudantil. Ao todo, cerca de 900 estudantes são classificados em vulnerabilidade econômica e recebem auxílio da Universidade, entre alojamento, alimentação, assistência médica e odontológica e bolsas atividade.
Dos estudantes da UFLA, 20,4% dos respondentes da pesquisa afirmaram participar de programas de assistência com relação à alimentação. Em 2009, o novo Restaurante Universitário (RU) foi inaugurado, passando a servir uma média de duas mil refeições ao dia, a preços subsidiados (R$1,00 para estudantes de baixa renda e R$2,00 para demais estudantes).
Outro dado importante é que 11% dos estudantes utilizaram a assistência médica oferecida pela UFLA, enquanto a média nacional é de 6,8% para esse benefício. Também passaram por atendimento odontológico gratuito 5% dos estudantes. A UFLA conta com três dentistas em tempo integral, além de dois médicos (clínico geral e ginecologista), dois psicólogos e dois assistentes sociais. No Programa de Atendimento Psicossocial Individual, iniciado em janeiro de 2011, já foram registradas cerca de mil intervenções. Na UFLA, todos os alunos também contam com Seguro Coletivo Contra Acidentes, uma alternativa de proteção em relação às ocorrências nas diversas atividades acadêmicas, de pesquisa e de extensão.
Na UFLA, o número de estudantes que residem nos alojamentos estudantis foi 7,1%, dados de 2009, quase o triplo da média nacional e estadual, que gira em torno de 2,5% de estudantes que recebem esse benefício. A pesquisa também confirma a preferência pela moradia em república, que em Lavras é de 51,3%, enquanto a média nacional de estudantes em república é de 9,6% e a média estadual, 20,4%. Os alojamentos atuais da Universidade comportam 227 estudantes, tendo sido reformados recentemente, passando a oferecer, entre outros benefícios, geladeira em todos os apartamentos e acesso gratuito à Internet. Também está em fase final de construção o novo alojamento estudantil, com ampliação de 182 vagas.
Quanto ao transporte, 53,5% dos estudantes da UFLA afirmaram deslocar-se para o Câmpus a pé, por carona ou bicicleta, enquanto a média nacional para estas opções é de 18,6% e estadual é de 25,4%. Esse dado é completado pela informação de que cerca de 90% dos estudantes moram a uma distância inferior a 10 km do Câmpus. O auxílio transporte oferecido pela UFLA para deslocamento dentro do Câmpus foi utilizado por 20,9% dos estudantes, enquanto a média nacional para este tipo de benefício é de 10,1% e 8,3% no Estado.
Na UFLA, apenas 7,4% dos respondentes da pesquisa disseram ter trancado a matrícula, sendo que a insatisfação com o curso, problemas de saúde ou impedimento financeiro somaram apenas 2,2% das justificativas. A média nacional para o trancamento de matrícula é de 12.4% e a média estadual 11.1%.
A pesquisa também indica que 33,7% dos estudantes da UFLA possuíam no período avaliado alguma atividade acadêmica remunerada, entre monitoria, extensão, pesquisa, esporte, estágio ou tutoria. Além disso, atualmente a UFLA mantém 325 bolsas atividade, destinadas a estudantes de baixa condição econômica.
Uma comunidade jovem
A faixa etária dos estudantes da UFLA é mais um dado que se distingue da média nacional e no Estado. Na Universidade, apenas 9,1% dos estudantes tem acima de 25 anos, enquanto a média nacional desta faixa etária é de 25,4% e a média estadual é de 22.1%. Quanto à formação dos estudantes avaliados na UFLA, 36.1% cursaram o Ensino Fundamental e Médio a maior parte do tempo ou exclusivamente na rede pública de ensino.
Outro dado interessante refere-se ao gênero. Enquanto o sexo feminino sobressai em todas as regiões, na UFLA, 54,4% dos estudantes são homens e 45,6% são mulheres. Cerca de 80% disseram frequentar a Biblioteca Universitária e 77,3% utilizam a Internet como fonte de informação.
Assistência Estudantil
A Elaboração do novo perfil buscou atualizar informações e identificar novos parâmetros para embasar e retroalimentar políticas, programas e projetos desenvolvidos nas Universidades Federais, especialmente para favorecer a implantação da política de assistência estudantil. O governo federal mantém o Programa Nacional de Assistência Estudantil – PNAES, que em 2011 contou com investimento da ordem de R$ 395.000.000,00.
De acordo com o pró-reitor de Assuntos Estudantis e Comunitários, professor Luiz Antônio Augusto Gomes, o resultado da pesquisa possibilita, principalmente, a definição de como deve ser a expansão dos benefícios destinados a garantir as condições de permanência e conclusão de curso dos estudantes em vulnerabilidade socioeconômica.
Na avaliação do reitor da UFLA, professor Antônio Nazareno Guimarães Mendes, o Programa de Assistência Estudantil tem evoluído nos últimos anos, até mesmo como suporte ao REUNI (Programa de Expansão e Reestruturação das Universidades Federais), que permitiu à Universidade iniciar um processo inédito de crescimento a partir de 2008.
“A pesquisa ressalta não apenas a política acertada do governo federal, que tem focalizado a política estudantil, mas também o esforço institucional da UFLA que sempre priorizou a assistência estudantil, com ênfase nos últimos anos, em que foi destinada considerável parcela do orçamento e de rendas próprias para este fim”, reforça o reitor.
De acordo com a coordenadora de Programas Sociais da Praec, Soraya Comanducci da Silva Carvalho, existe na UFLA uma nova fase para a assistência estudantil, que sempre foi uma preocupação da Universidade, mesmo antes do PNAES. “Dificilmente um estudante deixa a Universidade por falta de apoio”, reforça.
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