Conheça as carreiras mais requisitadas na produção do etanol

Agrônomos, engenheiros químicos e administradores especializados em agronegócios estão entre elas.

Usinas procuram profissionais bilíngües.

A visita do presidente americano, George W. Bush, no dia 9 ao Brasil deve avançar as negociações de um acordo para a produção de etanol para exportação. O G1 ouviu especialistas da área para identificar quais as profissões com maior tendência de crescimento, caso haja aumento na produção desse biocombustível.

Na opinião dos profissionais consultados, o grande impacto será nas carreiras dos engenheiros agrônomos, de produção, mecânicos e químicos, além de biólogos, biotecnólogos, administradores e advogados.

O etanol, no Brasil, é feito a partir da cana-de-açúcar. Segundo a engenheira agrônoma Catarina Rodrigues Pezzo, coordenadora de projetos do Plano Nacional de Biocombustíveis, com sede na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), o engenheiro agrônomo e o biólogo trabalham no plantio da cana. ‘São eles que vão selecionar o melhor solo, fazer o controle de pragas e doenças, cuidar da adubação adequada e organizar a rotação da cultura’, disse.

Para o professor do curso de álcool e açúcar da Esalq, André Ricardo Alcarde, nessa etapa, o agrônomo especializado em cana-de-açúcar ficará em evidência. “Esse engenheiro é especialista em tudo o que envolve cana-de-açúcar. Hoje o Brasil tem seis milhões de hectares de cana e até 2012 deve aumentar para dez ou 12 milhões de hectares”, diz. De acordo com Alcarde, muitos estudantes já estão de olho no mercado de trabalho do etanol. ‘Dos 200 que se formam a cada ano na Esalq, cerca de 80 fizeram as optativas de álcool e açúcar. E muitos já entram na faculdade querendo trabalhar com biocombustível’, explica.

O biólogo e o biotecnólogo atuam na fase de modificação genética da planta para que ela possa melhorar suas qualidades e produzir mais açúcar. O professor Matheus Kfouri Marino, do Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial (Pensa), destaca o geneticista nesta etapa. ‘Hoje a produção da cana é voltada para o açúcar e agora será direcionada para a produção de energia. O desafio da engenharia genética é muito forte. Você precisa estudar maneiras de melhorar a produtividade da cana modificando-a geneticamente’, afirmou.

Usinas
O processo industrial envolve engenheiros agrônomos, de produção, mecânicos e químicos. ‘Com o aumento na produção nacional [o mercado tem crescido 10% ao ano], a tendência é que empresas multinacionais invistam no Brasil. Para isso, eles vão precisar dos engenheiros, todos bilingües, e que conheçam muito bem o mercado brasileiro’, avaliou Marino.

A gestão dos negócios
Outras carreiras que devem se destacar são as de administradores especializados em agronegócios e as de advogados, que vão cuidar da parte de planejamento tributário das usinas, contrato com fornecedores, da garantia das questões trabalhistas, estabalecimento de patentes (especialmente de tecnologias industrial e genética) e, acima de tudo, das questões ambientais. ‘É preciso ter um resguardo jurídico considerável’, disse Marino.

De acordo com o professor Marcelo Menossi, do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no futuro, o físico também deve ser requisitado pelo mercado. ‘É ele que faz a conversão do etanol em hidrogênio, que vai abastecer a próxima geração de carros’, diz. ‘Isso [o mercado de etanol] vai explodir. Já existe uma demanda muito boa’, acrescentou.

Fabricante
Maior fabricante de equipamentos e tecnologia para usinas de açúcar e destilarias, a empresa Dedini prevê aumento na contratação de engenheiros mecânicos, elétricos e químicos caso haja aquecimento no mercado. Segundo o vice-presidente executivo, Sergio Leme, será dada preferência para quem tiver especialização na área de fabricação de equipamentos para a indústria sucroalcooleira.

Anualmente, a empresa já vem aumentado seu quadro de funcionários em 15%. ‘Isso pode crescer para 20%, 25% [caso haja investimento no setor]’, avalia Leme. A Dedine possui quatro mil funcionários entre diretos e indiretos. Desses, cerca de 400 são de nível superior.

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