A abertura oficial do II Simpósio Sul-Mineiro de Doenças Negligenciadas ocorreu nessa quinta-feira (19/3) na Universidade Federal de Lavras (UFLA). Professores, profissionais de saúde e estudantes ficarão reunidos no evento até sábado (21/3) para discutir temas relativos a doenças causadas por agentes infecciosos ou parasitários e que afetam, em maior intensidade, a população de baixa renda. Essas patologias são chamadas de doenças negligenciadas porque não costumam despertar o interesse econômico de indústrias farmacêuticas e ainda carecem de investimentos para combate e profilaxia.
Para abrir os debates sobre o tema, a UFLA recebeu a coordenadora nacional de Hanseníase e Doenças em Eliminação do Ministério da Saúde, Rosa Castalia Ribeiro Soares. A conferência conduzida pela médica sanitarista teve o tema “Doenças Negligenciadas no Brasil: avanços e desafios remanescentes”. Ela apresentou o panorama de incidência das doenças no país, a distribuição por estados e áreas de ocorrência, as ações que têm sido empreendidas pelo Ministério da Saúde para enfrentamento da questão e principais desafios que devem ser superados para que tais doenças deixem de ser um problema de saúde pública. Rosa mostrou-se satisfeita com a abrangência do Simpósio. “Achei muito interessante o fato de esse evento ter a participação de profissionais de saúde e de estudantes. Eles têm atuação importante na prevenção e combate a esse tipo de doença”, comentou.
Antes da conferência, o palco do evento (no Salão de Convenções) recebeu cerca de 50 crianças da Escola Municipal José Luiz Mesquita. Elas fazem parte do projeto Fanfarra Alterantiva, projeto socioambiental que promove a música com a utilização de instrumentos produzidos com reaproveitamento de materiais. A iniciativa do percursionista Diego Carvalho trabalha com noções de ritmo, coordenação motora, disciplina, persistência e cidadania. O som dos tambores despertou emoção em integrantes da plateia, como foi relatado pelo chefe do Departamento de Ciências da Saúde (DCS), professor Luciano José Pereira.
De acordo com a coordenadora do curso de Medicina, professora Joziana Muniz de Paiva Barçante, a inclusão da apresentação da Fanfarra Alternativa na programação teve motivação especial: “Esses meninos estiveram aqui para simbolizar e representar nossa preocupação com a comunidade. A expectativa é de que os nossos trabalhos possam, de alguma forma, minimizar o sofrimento das pessoas e colaborar para a melhoria de sua qualidade de vida”, explicou.
Abertura oficial
Na composição da mesa de honra da cerimônia estavam, além da conferencista, o pró-reitor de Pós-Graduação, professor Alcides Moino Júnior, que representava o reitor; o chefe do DCS, professor Luciano; a coordenadora de Prevenção de Endeminas na UFLA, do Programa de Educação Tutorial Institucional (Peti Biopar) e do curso de Medicina, professora Joziana; o coordenador geral do evento, Thales Augusto Barçante e o representante do Laboratório de Biologia Parasitária e do Núcleo de Estudos em Parasitologia (NEP), o acadêmico Tarcísio de Freitas Milagres.
Professor Alcides aproveitou a oportunidade para cumprimentar parte dos componentes da mesa pelo início das atividades do curso de Medicina. “Há algum tempo falávamos em uma comissão para implantação do curso, e essas pessoas transformaram o projeto em realidade”, lembrou. Ele também parabenizou a equipe pela organização do evento e desejou aos participantes que os trabalhos sejam proveitosos. Também o professor Luciano realçou a importância da equipe organizadora. Ele agradeceu o empenho de todos. “Essas pessoas têm demonstrado um alto desprendimento, sempre preocupados em fazer algo para melhorar a vida das pessoas. É por isso mesmo que a Universidade existe: não só para propiciar a conquista de diplomas, mas para tornar melhor a vida da população”, disse.
O compromisso com a sociedade foi mais uma vez ressaltado pela professora Joziana, que falou do prazer em trabalhar com as equipe do Peti Biopar e do NEP. “É muito bom estar aqui e poder contribuir para que esses meninos sigam o caminho da extensão. Se temos uma estrutura financiada pela população, precisamos dar retorno a ela, utilizando parte do que aprendemos na Universidade na promoção de melhorias sociais”, disse.
O papel do Simpósio no enfrentamento das doenças negligenciadas foi destacado por Thales. Ele citou lema do Laboratório de Biologia Parasitária para expressar também o que se espera dos resultados do evento: “Nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos”. Tarcísio, por sua vez, apresentou informações sobre o Peti Biopar e o NEP e incentivou os presentes a uma participação intensa. “Apreciem e desfrutem ao máximo do conhecimento desses palestrantes extraordinários”, aconselhou.
Evento em crescimento
Em 2014, a primeira edição do Simpósio ocorreu no Anfiteatro da Biblioteca. Professora Joziana lembra que foram apenas quatro palestrantes. “Agora, chegamos a 20 palestrantes, vindos de diferentes instituições. Entre os participantes inscritos há alguns vindos de Goiânia, de Jaboticabal e outros locais mais distantes. Não esperávamos por isso”, avaliou. Neste ano, o evento oferece também três oficinas (Flebotomíneos, Noções de Educação em Saúde no Contexto da Saúde Pública e Citometria de Fluxo). Segundo Joziana, rapidamente se esgotaram as vagas para participação nessas oficinas.
Saiba mais sobre o evento no site do evento.