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Projeto de extensão da UFLA inicia uso de filtro agroecológico em Moçambique

De fácil manejo, o modelo permite que águas antes não potáveis sejam reaproveitadas para consumo humano

Uma alternativa para populações carentes com dificuldade de acesso à água potável para o consumo humano: o filtro de água agroecológico. Essa proposta é do projeto do Núcleo de Estudos em Agroecologia, Permacultura e Extensão Universitária Inovadora, do Departamento de Engenharia, da Universidade Federal de Lavras (NEAPE/DEG/UFLA), coordenado pelo professor Gilmar Tavares.

Um protótipo do filtro foi construído no NEAPE em 2013; porém, como a aplicação no Brasil poderia ser feita por tecnologias mais avançadas, a proposta ficou esperando uma oportunidade para ser adotada. Foi quando através do Projeto Vozes da África, também coordenado pelo professor Gilmar, os extensionistas passaram a perceber a sua utilidade em Moçambique e outras regiões da África.

Em parceria com a Organização não governamental Fraternidade Sem Fronteiras, um modelo foi construído e está sendo testado desde o final de novembro do ano passado na comunidade de Muzumuia. A intenção, de acordo com o professor, é estender o projeto para outras comunidades, como Madagascar. Antes de ser utilizada nas comunidades africanas, a água do filtro foi testada por laboratórios credenciados, para análises de potabilidade, conforme recomendações de normas internacionais.

O professor explica que o filtro é uma tecnologia socioambiental sustentável que pode ser aplicada em qualquer lugar do mundo. Ele é construído com materiais simples, baratos e fáceis de ser encontrados: cano PVC, areia, brita ou seixos e carvão. “Através da renovação contínua da água no interior do filtro, por um período de carência de 30 dias, a passagem de água lentamente, através da areia, forma um biofilme de microorganismos biófogos, que irão digerir todos os contaminantes, inclusive coliformes da água no interior do filtro, sem a necessidade de nenhum insumo químico. O próprio carvão utilizado, por exemplo, retém muitos desses elementos químicos; já os seixos deixam a água fresca, ideal para ser consumida pelo ser humano”, complementa o professor.

Importante ressaltar, segundo o professor Tavares, que a grande vantagem desta tecnologia socioambiental sustentável é o custo muito baixo. “Nessas comunidades, se usa o fogão a lenha, isso gera uma grande quantidade de cinzas e carvão, as cinzas  são utilizadas para a compostagem e a biofertilização; já o carvão vamos usar para a construção dos filtros agroecológicos. Já os outros materiais podem ser facilmente encontrados, até mesmo na falta do tubo de PVC, pode ser utilizado um vasilhame de plástico, usado normalmente como reservatório de água e, às vezes, até mesmo como lixeira”, relata.

Como fazer o filtro

Para a construção do filtro, são utilizados um cano PVC 300mm, com 1 metro de altura, uma tampa de PVC 300mm, veda-rosca, cola plástico, uma torneira para o filtro, tela mosqueteira plástica, suporte para entrada da água e os materiais: areia fina, brita zero ou seixos e carvão vegetal fragmentado, ativado ou comum.  O importante é limpar e desinfetar todo o material com água sanitária comercial, antes do uso e secá-los ao sol.

Para a montagem:

Fure o cano de PVC no diâmetro da torneira, aproximadamente 8 cm acima da base inferior do filtro, cole a tampa de PVC 300mm. Na base inferior do filtro, coloque 15 cm de brita ou seixos, como primeira camada, depois adapte 3 discos da tela mosquiteira com o mesmo diâmetro do tubo; sobre esta camada, acrescente  5 cm de fragmentos de carvão ativado ou 10 cm de carvão comum, como segunda camada; colocando novamente os 3 discos da tela mosqueteira, complete como última camada, 25 cm da areia e mais 4 camadas de tela mosqueteira; para finalizar, adapte o suporte de entrada da água  bruta e lembre-se de renovar a água bruta a cada 24h, por 30 dias consecutivos, antes de consumir a água filtrada.  

Importância do filtro

Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) revelam que a falta de saneamento básico afeta a vida de 27 milhões de pessoas na África. Segundo a ONU, o consumo de água suja provoca diversas doenças, como diarreia, infecção intestinal, hepatite, entre outras que podem levar à morte. De acordo com o relatório “Água Doente”, divulgado pela entidade, o consumo e o uso de água não tratada e poluída mata mais do que todas as formas de violência, inclusive guerras.

Texto e Imagens: Karina Mascarenhas, jornalista- bolsista Fapemig/Dcom.

Edição: Mayara Toyama, bolsista Fapemig/Dcom.

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – Fapemig.

II Simpósio de Pesquisa em Educação será realizado no próximo mês na UFLA

O Departamento de Educação da Universidade Federal de Lavras (DED/UFLA) e o programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE/UFLA) promovem nos dias 19 e 20 de março, no Salão de Convenções, o II Simpósio de Pesquisa em Educação (II SiPEd).

Em sua segunda edição, o simpósio traz como tema: “Educação Básica: desafios e possibilidades na contemporaneidade”, e tem como objetivos promover o intercâmbio de pesquisas científicas na área de educação, viabilizar o diálogo interinstitucional na área de pesquisa em educação e aproximar a pesquisar científica à prática pedagógica da Educação Básica. O simpósio é voltado para integrantes dos cursos de licenciatura e de pós-graduação em Educação, além de profissionais da educação básica.

Entre as atividades previstas na programação estão: mesas redondas, sessão de comunicações, apresentações artísticas, feira de livros, além de uma sessão de pôsteres. Confira a programação completa aqui.

Karina Mascarenhas- jornalista, bolsista Dcom/Fapemig. 

Pitaia: estudos na UFLA propõem uma alternativa para o melhor aproveitamento da fruta

O Brasil produz uma grande variedade de frutas, superando os 40 milhões de toneladas nos últimos anos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Porém, uma das maiores dificuldades enfrentadas na fruticultura brasileira é o grande desperdício, seja por falta de comercialização e escoamento da produção, ou pelo tempo curto de prateleira, principalmente de espécies exóticas como a pitaia, que pode ser encontrada de dezembro a meados de abril.

Uma alternativa para o máximo aproveitamento das frutas é o desenvolvimento de produtos processados da frutífera, por isso a pós-doutoranda da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Deniete Soares Magalhães, desenvolveu geleia, licor e barra de cereal usando a pitaia vermelha de polpa branca (Hylocereus undatus) e vermelha de polpa vermelha (Hylocereus polyrhizus). Além do aproveitamento da polpa, foram desenvolvidas pesquisas com a utilização da casca da fruta da pitaia, que é algo inédito.

O professor José Darlan Ramos do Departamento de Agricultura (DAG/UFLA), orientador do projeto de doutorado, explica que as pesquisas de processamento da pitaia ainda são recentes, por isso, neste quesito destacam as análises feitas pela pós- doutoranda. “É mais uma alternativa de aproveitamento dos frutos, principalmente os de menor tamanho que não são aproveitados para o mercado in natura.”

Assim, a intenção foi desenvolver produtos a partir de materiais pouco aproveitados da fruta. “Nosso primeiro trabalho foi desenvolver geleias de pitaia de polpa branca e de polpa vermelha com diferentes níveis de casca (de 0 até 60%). Na de polpa branca, por exemplo, pudemos observar que a medida que se aumenta a concentração de casca, a geleia é mais aceita visualmente por conta da coloração. Já na de polpa vermelha, a coloração dela é tão forte que a diferença entre a produzida com a polpa e a com 60% de casca é mínima”, explica a pesquisadora.

Foram feitas análises da qualidade fisico, fisico-química e análise de aceitabilidade pelo consumidor. Para a produção da geleia, apenas uma parte da casca da pitaia é utilizada. A fruta é higienizada, depois retira-se o excesso de pele e aproveita-se a parte interna da camada. De acordo com o estudo, a adição da casca não interferiu no sabor da geleia, um resultado positivo no que diz respeito ao aproveitamento dessa parte da planta que seria descartada. O aproveitamento de cascas é uma alternativa sustentável, uma vez que a geração de resíduos agroindustriais tem se tornado um problema, especialmente para o meio ambiente.

Em parceria com o Departamento de Ciências de Alimentos (DCA), Deniete também desenvolveu outros produtos, como o licor de pitaia, tanto da de polpa branca quanto da vermelha, e as barras de cereais, nas quais os pesquisadores usaram a pitaia vermelha por conta de a coloração ser mais atrativa e pelo maior conteúdo de betalanaínas, que apresentam propriedades funcionais. Todos os produtos tiveram uma aceitação muito boa do consumidor.

Além disso, com polpas congeladas da fruta é possível fazer sucos e vitaminas, e a aceitabilidade sensorial desses produtos também foi objeto de estudo da pesquisadora. Estudos de aceitabilidade dos frutos in natura das diferentes espécies de pitaia, incluindo a pitaia amarela, também foram realizados, além de trabalhos de caracterização e qualidade dos frutos em diferentes estádios de desenvolvimento para determinação dos índices de maturação e auxiliar na indicação do melhor ponto de colheita das frutas. Novos estudos estão sendo conduzidos pela equipe, buscando o melhor aproveitamento da fruta.

Texto: Karina Mascarenhas, jornalista – bolsista Fapemig/Dcom.

Imagens e vídeo: Panmela Oliveira, comunicadora – bolsista Fapemig/Dcom.

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – Fapemig.

Curso de Bioinformática está sendo realizado na UFLA

Entre os dias 5/2 a 9/2, está sendo realizado na Universidade Federal de Lavras (UFLA) o Curso de Bioinformática. Promovido pelo Núcleo de Estudos em Fermentações (Nefer), o curso tem como objetivo guiar os alunos por meio de conceitos básicos da Bioinformática, desde comparações de sequências, até inferências sobre resultados gerados.

Voltado para alunos da pós-graduação com interesse em microbiologia, genômica e metagenômica, e alunos de graduação já inseridos na área, o curso está sendo ministrado por Filipe Matteoli, e sua programação inclui aulas teóricas e práticas durante toda a semana.

Saiba mais sobre o Nefer no site ou na página do Facebook.

Luciana Tereza – estagiária Dcom/UFLA.

Pesquisa na UFLA propõe uma alternativa para reduzir o consumo de cloreto de sódio: o uso de realçadores de sabor

A ideia é manter o gosto salgado nos alimentos, porém com o mínimo possível de sódio.

Soluções para o desenvolvimento de produtos alimentícios com redução do teor de cloreto de sódio têm sido pesquisadas pelo Departamento de Ciência dos Alimentos (DCA), da Universidade Federal de Lavras (UFLA). O primeiro questionamento dos pesquisadores foi: como reduzir a quantidade de sal (cloreto de sódio) no produto sem alterar as suas características e o seu sabor? Esse foi o grande desafio enfrentado, já que o consumidor final quer um produto com menos sódio, mas com gosto salgado semelhante ao que está acostumado.

Uma das alternativas é o uso dos realçadores de sabor, agentes flavorizantes, cuja principal função é a de reforçar o aroma e o sabor dos alimentos. Porém, há poucos estudos sobre a sua capacidade de intensificar o gosto salgado e como podem ser utilizados. Sendo assim, a estudante Renata Abadia Reis Rocha propôs em sua pesquisa de mestrado, com a orientação do professor João de Deus Souza Carneiro (DCA), analisar o comportamento sensorial dos realçadores de sabor em diferentes reduções da concentração de cloreto de sódio.

Um realçador muito conhecido e vendido comercialmente é o glutamato monossódico (aminoácido L-glutâmico). Ele está presente em diversos tipos de alimentos, principalmente em aperitivos, sopas instantâneas, pratos prontos desidratados e congelados, molhos e produtos à base de carnes. Para sua pesquisa, além do glutamato monossódico, Renata utilizou inosinato dissódico, guanilato dissódico e glutamato monoamônico.

Essas substâncias são naturalmente encontradas em alguns alimentos, e caracterizadas por apresentar o aminoácido glutamato ou os nucleotídeos, como inosinato e guanilato, conforme explica Renata: “Quando você consome um queijo tipo parmesão, que é rico em gosto umami, inicialmente percebe-se uma onda de sabor que é característico do queijo, em seguida vem o gosto umami, produzindo intensa salivação. Ele facilita a dissolução do alimento na boca, ajudando o cloreto de sódio a entrar em contato com as células gustativas, proporcionando um ambiente químico favorável a percepção do gosto salgado”.

De acordo com a pesquisadora, foi possível reduzir 40% do teor cloreto de sódio com o uso do glutamato monoamônico, 30% com o glutamato monossódico e 13 e 14% com o inosinato dissódico e guanilato dissódico. Ou seja, a pesquisa mostrou que é possível reduzir a quantidade de cloreto de sódio e manter a característica sensorial do produto.

A intenção é de que, com esse estudo, a indústria consiga reduzir o teor de cloreto sódio dos alimentos. “Hoje já existem alguns produtos no mercado que utilizam realçadores de sabor, mas ainda faltam diversas informações cientificas, como estudos sobre a caracterização e uso de realçadores de sabor, além da aplicação deles para reduzir o teor de sódio em produtos alimentícios, seja de uma forma isolada, seja  em conjunto, etc.”, comenta o orientador da pesquisa.

Renata continua seu projeto no doutorado. “A ideia inicial foi avaliar o comportamento básico em solução aquosa para verificar a intensidade do gosto salgado mediante a utilização de realçadores de sabor. Agora, queremos identificar quais são os perfis sensoriais desses realçadores de sabor em diferentes matrizes alimentícias, como a batata-palha, o requeijão e o hambúrguer”, relata.

Sódio, uma preocupação mundial

Segundo o Ministério da Saúde, o cloreto de sódio aliado a outros fatores é responsável por até 63% das mortes no mundo e 72% no Brasil. Um terço dos óbitos ocorre em pessoas com menos de 60 anos. Por isso, o sódio tem sido alvo de campanhas do Ministério da Saúde e de outros órgãos para conscientizar a população sobre a importância de se reduzir o seu consumo.

De acordo com dados compilados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cada brasileiro consome 11,38g de cloreto de sódio por dia. Porém, a recomendação da Organização Mundial da Saúde é de no máximo 5g. A alta ingestão desse composto tem sido responsável por um aumento dos casos de doenças crônicas, como a obesidade, a diabetes e as doenças cardiovasculares.

Mesmo com as pesquisas e alertas sobre os riscos do cloreto de sódio  à saúde, o consumo elevado preocupa a comunidade científica “Muitos consumidores consideram  que o cloreto de sódio ingerido decorre em sua maior parte do sal de cozinha em preparo de refeições em domicilio;  porém, os produtos industrializados também contribuem com boa  quantidade da ingestão do cloreto de sódio. O consumidor precisa buscar no rótulo dos produtos alimentícios o valor nutricional do que ele está ingerindo”, alerta o professor João de Deus.

Texto: Karina Mascarenhas, jornalista- bolsista Fapemig/Dcom.

Imagens e vídeo: Mayara Toyama, estagiária Dcom. 

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – Fapemig.

Confira o horário de funcionamento da Biblioteca Universitária durante as férias letivas

O período de férias letivas, para os graduandos da UFLA, irá de 9/2 a 11/3. Por isso, a Biblioteca Universitária informa o seu horário de funcionamento durante esse prazo, que ocorrerá de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h. Entre os dias 12/2 e 14/2, não haverá atendimento.

Luciana Tereza – estagiária Dcom/UFLA.

Zootecnistas investem na bioclimatologia para proporcionar melhor conforto aos animais

Ambiência na produção animal é uma das grandes preocupações para obter qualidade

Você sabia que os efeitos do clima sobre os animais influenciam no produto final que é consumido? A ambiência na produção animal é um dos muitos fatores que contribuem para garantir um produto de qualidade, proporcionando mais bem-estar ao animal e manejo sustentável.

Especialista em bioclimatologia animal, o professor do Departamento de Zootecnia (DZO) da Universidade Federal de Lavras (UFLA) Rony Antônio Ferreira observa que se a ambiência não estiver correspondendo às necessidades do animal, por mais que esteja com nutrição e genética adequada, o produtor não consegue extrair dele todo o potencial que possui para a produção, seja de carne, leite ou ovos.

Em países como o Brasil, de clima tropical, os animais, muitos de raças originadas de locais com clima mais ameno, sofrem com as altas temperaturas e variações na umidade do ar. Por isso, garantir instalações apropriadas de interação do animal com o ambiente, minimiza os efeitos climáticos que poderiam causar desconforto.

“Se uma vaca passa por estresse devido ao calor, ela diminui a quantidade de proteínas e de gorduras do leite e aumenta a quantidade de células somáticas, isso quer dizer que a qualidade geral do leite piora. Uma porca, por exemplo, na mesma situação, não consegue ingerir alimentos suficientes e produzir quantidade de leite necessária para produzir um leitão de bom desempenho. Já uma galinha, mesmo com uma fonte de cálcio na ração, não consegue depositá-lo. Assim, o ovo pode vir com a casca fina, trincada ou até mesmo sem casca, dependendo da intensidade do estresse. Os efeitos térmicos refletem em toda a cadeia produtiva”, exemplifica o professor.

O conforto térmico, sonoro e sem poluição, além de condições adequadas, tanto em aspectos sanitários, quanto de tratamento de dejetos, fazem parte do bem-estar animal, uma preocupação cada vez maior dos zootecnistas: “Para a produção animal ser rentável, o produtor precisa alinhar: a nutrição, a genética e a ambiência. Na UFLA, o curso de Zootecnia possui 68 horas de aulas práticas e teóricas voltadas à ambiência na produção animal. Tudo isso para que o consumidor receba um produto final mais saboroso, nutritivo e de qualidade, proveniente de animais criados com a melhor comodidade possível”, ressalta Rony.

Texto: Karina Mascarenhas, jornalista- bolsista Fapemig/Dcom. 
Vídeo: Panmela Oliveira, comunicadora – bolsista Fapemig/Dcom. 

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – Fapemig.

Da sala de aula para as práticas empresariais: disciplina do curso de Administração tem proposta inovadora

Colocar a mão na massa e propor soluções para problemas reais das empresas, essa é a proposta da disciplina Laboratório Integrador do curso de Administração da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Com um formato inovador, a disciplina tem como principal objetivo colocar em prática as ferramentas administrativas aplicadas em empresas reais escolhidas pelos estudantes.

Todo processo é acompanhado e orientado por uma equipe de cinco professores do Departamento de Administração e Economia (DAE/UFLA), das áreas de finanças, gestão de pessoas, marketing e produção. Os grupos desenvolvem um projeto que vai desde observar os maiores problemas nas empresas até a proposição de melhorias em diversas áreas.

Ao final da disciplina, a análise e as soluções são apresentadas pelos estudantes em um evento, como o que ocorreu nesta terça-feira, 30/1, no Bloco II do DAE/UFLA. Estiveram presentes os professores/orientadores da disciplina André Luis Ribeiro Lima (Finanças), Luiz Henrique de Barros Vilas Boas (Marketing e Comportamento do Consumidor), Maria Cristina Angélico Mendonça (Gestão de Processos, OSM e Logística), Paulo Henrique Leme (Empreendedorismo, Vendas e Consultoria Empresarial) e Mônica Carvalho Capelle (Gestão de Pessoas). Além disso, outros docentes do Departamento foram convidados a assistirem e participarem de uma mesa redonda ao final para compor as discussões e enriquecer o debate entre os participantes.

Segundo o professor Paulo Henrique Leme, a disciplina tem sido uma experiência muito bacana, porque “há compartilhamento de experiência entre os estudantes, mas principalmente entre os cinco docentes envolvidos nas avaliações dos projetos. Essa troca envolve não somente nossas experiências como professores, mas também das metodologias. Tem sido um crescimento profissional muito grande, além da união entre a gente”. Ele ainda ressalta que a expectativa é de tornar mais duas aulas em modelo de laboratório, uma focada na área de marketing e outra na área de empreendedorismo, tornando o curso mais dinâmico e promovendo a integração.

Na oportunidade, o docente Luiz Henrique complementou que “a proposta futura é de que todos os professores do DAE/UFLA participem da disciplina em um modelo de rodízio entre os semestres, gerando uma contribuição mais efetiva ao curso e à disciplina”.

A disciplina, que é ofertada desde o semestre 2017/1, é obrigatória do curso de Administração mas espera-se que abram oportunidades para outros cursos da Universidade.

Mayara Toyama- estagiária Dcom/UFLA

Pesquisa da UFLA analisa o uso de madeiras nativas brasileiras no envelhecimento da cachaça

O envelhecimento da cachaça em tonéis de madeira é a última etapa no processo de produção. Mesmo não sendo obrigatória, a técnica é muito utilizada no Brasil e agrega valor ao produto. Para que isso seja possível, é fundamental escolher o tipo de madeira empregada neste procedimento, uma vez que a escolha tem um grande impacto no resultado final da bebida.

O tipo mais comum e estudado de madeira para a fabricação de barris ou tonéis é o carvalho, sendo utilizado tanto o americano quanto o europeu, apresentando um custo mais elevado para a produção da bebida. Uma pesquisa de doutorado realizada no Laboratório de Análises de Qualidade de Aguardente (LAQA), do Departamento de Química (DQI), da Universidade Federal de Lavras (UFLA), trouxe uma nova perspectiva para o uso de diferentes tipos de madeiras nativas brasileiras em tonéis recém-confeccionados, conforme Wilder Douglas Santiago, autor do estudo. “Nós comparamos o uso do carvalho com o de outras madeiras nativas brasileiras para verificar a semelhança do perfil físico-químico e da composição química em cachaças armazenadas no período de 12 meses”.

Foram utilizados na pesquisa tonéis recém-confeccionados de carvalho (Querus sp.), amburana (Amburana cearenses), jatobá (Hymenaeae carbouril), bálsamo (Myroxylon peruiferum) e peroba (Paratecoma peroba). Eles foram fabricados em uma tanoaria especializada e as cachaças foram produzidas por um alambique da região. Wilder explica como foram feitos os estudos “Na primeira etapa, foram avaliados os compostos voláteis e o perfil físico-químico das bebidas armazenadas nesses tonéis. Na segunda parte, foi analisada  a composição fenólica dessas cachaças, uma vez que esses compostos químicos são característicos de cada madeira e são responsáveis pelo sabor e pela cor da bebida, agregando valores diferenciados a ela. Já na terceira etapa foi estudado o carbamato de etila, um contaminante orgânico geralmente encontrado em bebidas fermentadas, a intenção foi avaliar se o armazenamento em diferentes tonéis influenciaria na concentração desse composto”.

No Brasil, a cachaça segue a tradição do envelhecimento em carvalho, porém o uso de madeiras nativas brasileiras já vem sendo praticado pelos produtores sem que haja muitos estudos sobre seus efeitos, como explica a professora Maria das Graças Cardoso: “Até então, os produtores usavam essas madeiras, mas não sabiam a composição química ali presente, se realmente tinha alguma similaridade com o carvalho, que é a madeira mais utilizada para o envelhecimento, já que na literatura há poucos estudos sobre isso. Com o resultado deste trabalho, pretendemos fazer uma cartilha e divulgar aos produtores”. A professora enfatiza que pesquisas sobre o uso de outras madeiras ainda continuam sendo realizadas na UFLA: “Nós temos uma quantidade muito grande em termos de vegetais, por isso buscaremos outras madeiras semelhantes ao carvalho para que elas possam ser utilizadas pelos produtores”.

A pesquisa sobre o uso de árvores nativas brasileiras para fazer toneis foi objeto de quatro artigos publicados em revistas na área de bebidas, sendo selecionada como melhor tese do Programa de Pós-Graduação em Agroquímica de 2016. Atualmente, Wilder continua suas pesquisas em cachaça em seu pós-doutorado.

Texto: Karina Mascarenhas- jornalista, bolsista Dcom/Fapemig.

Vídeo: Panmela Oliveira – comunicadora e bolsista Dcom/Fapemig.

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – Fapemig.

I Encontro Nacional de Saúde Única reuniu importantes profissionais na UFLA

O I Encontro Nacional de Saúde Única – One Health foi realizado na Universidade Federal de Lavras (UFLA) nos dias 26 e 27/1. Profissionais de diversas áreas, entre elas, veterinária e agropecuária, estiveram presentes e deram suas contribuições ao evento por meio de palestras e discussão em mesa redonda.

A representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Juliana Oliveira Laender, abriu a sessão de sexta-feira explanando sobre os trabalhos realizados no Ministério e ressaltou que “o objetivo de todos os veterinários deve ser a saúde animal visando, em primeiro lugar, a saúde humana”. Juliana esclareceu a situação da febre aftosa no Brasil e afirmou que não há mais registro da doença em todo o território, graças à vacinação. “O objetivo é manter o País livre de febre aftosa sem precisar de vacina, como é a realidade em Santa Catarina” – ponderou.

Em seguida, o representante do Ministério da Saúde, Francisco Edilson Ferreira de Lima Júnior, destacou a importância da intersetorialidade e da integração entre todas as áreas da saúde e esclareceu sobre o assunto que está em alta nos últimos dias: a febre amarela.

O reitor da UFLA, professor José Roberto Soares Scolforo, apresentou os projetos ambientais da Universidade, que é considerada uma das mais sustentáveis do mundo, segundo o Ranking GreenMetric. Scolforo relembrou também os motivos que levaram a Instituição a receber o selo de Universidade Azul – o qual apenas a UFLA e a Universidade de Berna, na Suíça, possuem.  

No sábado, foram discutidos temas relacionados à zoonoses de importância em Saúde Pública, com a presença do professor Jacques Godfroid, da University of Troms; da representante da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Maria Helena Franco Morais; do representante da Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul, Eduardo Pacheco Caldas e do professor Andrey Pereira Lage, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Os desafios para o estudo de doenças transmissíveis também foram assuntos, com a contribuição de Tatiana Mingote Ázara, da Coordenação Geral dos Programas Nacionais de Malária e Doenças Transmitidas pelo Aedes, do Ministério da Saúde, do professor Sérgio de Andrade Nishioka, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Tatiani Vitor Harvey, da Universidade Estadual de Santa Cruz e da professora Joziana Muniz de Paiva Barçante, da UFLA.

Ao final da tarde, qualidade sanitária dos alimentos de origem animal e resistência a antimicrobianos foi o tema das palestras, com a presença do professor Luis Augusto Nero, da Universidade Federal de Viçosa (UFV); da Fiscal Federal Agropecuária do Mapa, Ivana Gomes de Faria, da representante da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Romina Oliveira e do Secretário Geral do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), Nivaldo da Silva.

Panmela Oliveira – comunicadora e bolsista Dcom/Fapemig